O aniversário de Cristiane, nome fictício, se aproxima e ela nem pensa em comemoração. Às vésperas de completar 47 anos, se contenta por ora em diminuir o consumo de crack, redução comemorada a cada momento.
“Quero voltar para o tratamento, mas a burocracia é grande”, confessou ao Diário do Litoral, enquanto procurava alguma coisa no chão para vender para reciclagem.
A Reportagem encontrou Cristiane na Rua Alexandre Negrine, no Rádio Clube, Zona Noroeste. No local, uma cracolância persiste há pelo menos dois meses, apesar das ações da Prefeitura de Santos.
A presença de Cristiane na cracolândia contrasta com os dados que a Administração Municipal tem do local. Na quarta-feira, 07 de novembro, o Diário do Litoral publicou uma matéria sobre a cracolândia, na qual o secretário descrevia o perfil do grupo de usuários da droga. “Estamos monitorando. O grupo é o mesmo, de dez a quinze pessoas, só rapazes e homens. Não há registro de mulheres”.
Cristiane contou que mora no Rádio Clube e já passou por tratamento para parar de usar crack. Mas as dificuldades vão além da vontade de cessar o consumo do entorpecente.
“Vestida assim, desse jeito, não tenho nem como pegar um ônibus para ir a uma consulta”. Ela mesma sabe da razão da desconfiança. “O pessoal não gosta de ver gente vestida como eu porque tem muito usuário de crack que rouba para comprar a droga”.
Esconderijo
A Rua Alexandre Negrine acabou se tornando um ponto de consumo de crack por algumas razões: o acúmulo de lixo nos dois lados da calçada afasta os pedestres.
A presença de várias carretas forma um “muro” entre a calçada e o local onde passam os motoristas. Em dias de chuva, uma carcaça de um carro, devidamente protegida por cobertores e lençóis, também é usada para quem quer fumar crack sem ser visto.
Perto da via, as pedras de crack são compradas por R$ 5,00 (pequenas) ou R$ 10,00 (grandes).
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