Cotidiano

Única cidade do litoral com praias poluídas por 10 anos deve receber milhões no Ano-Novo

Relatórios da Cetesb mostram que o município não teve uma praia própria para banho em uma década

Isabella Fernandes

Publicado em 13/12/2025 às 08:08

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Nos últimos anos, Santos figurou como a única cidade de todo o litoral paulista com todas as praias avaliadas como ruins ou péssimas. / Nair Bueno/DL

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Santos, um dos destinos mais tradicionais do litoral paulista, deve receber 3,5 milhões de visitantes neste final de ano, segundo estimativa da Prefeitura. Mas poucos desses turistas sabem que, segundo o boletim anual da Cetesb, todas as praias da cidade foram classificadas como impróprias para banho nos últimos 10 anos.

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Nos últimos anos, Santos figurou como a única cidade de todo o litoral paulista com todas as praias avaliadas como ruins ou péssimas.

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Nair Bueno/DL
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Renan Lousada/DL
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Boqueirão concentra o pior histórico

Entre as praias santistas, a situação mais crítica é a do Boqueirão, que foi classificada três vezes como “ruim” e sete vezes como “péssima” no período analisado.

Já a praia de Aparecida, apesar de também apresentar histórico negativo, teve desempenho “menos pior”: foram seis anos como ruim e quatro como péssima.

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A influência do esgoto no mangue

A cidade de Santos também abriga a maior favela de palafitas da América Latina, o Dique da Vila Gilda, onde a ausência de uma rede de esgoto formal faz com que grande parte dos efluentes seja despejada diretamente no ecossistema de mangue. Isso causa sérios danos ambientais e de saúde pública.

O descarte sem tratamento provoca poluição, morte de animais marinhos, degradação dos ecossistemas e forte odor, afetando diretamente a qualidade de vida da comunidade. Organizações como o Instituto EcoFaxina realizam ações de limpeza e monitoramento na área, mas o problema é estrutural.

O que significa uma praia imprópria para banho

Segundo a Cetesb, quando a água do mar apresenta alta concentração de coliformes fecais, bactérias presentes em fezes humanas e de animais, o risco para os banhistas aumenta significativamente.

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Quando córregos contaminados, ligações irregulares de esgoto e outros resíduos alcançam o mar, os frequentadores ficam expostos a patógenos como vírus, bactérias e protozoários. Crianças, idosos e pessoas imunossuprimidas estão entre os mais vulneráveis.

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As doenças mais comuns nesse tipo de exposição incluem gastroenterite, infecções de pele, otites e conjuntivites.

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Verão, sol e turistas

Com a chegada do calor, as férias escolares e os feriados de fim de ano, o movimento nas praias cresce exponencialmente. Só em Santos, a expectativa é de 3,5 milhões de visitantes até o Réveillon.

Apesar disso, grande parte das pessoas segue para o mar sem ter conhecimento da classificação sanitária da água e muitas vezes sem notar as placas de “imprópria” afixadas ao longo da orla.

Fatores que influenciam a balneabilidade

A Cetesb explica que a qualidade da água pode variar de acordo com fatores como:

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  • Deságue de córregos poluídos no mar
  • Volume de chuvas
  • Condições de maré
  • Ocorrência de ligações clandestinas de esgoto
  • Vazamentos e sistemas de drenagem sobrecarregados

Mesmo assim, a recorrência de resultados ruins ao longo de uma década mostra que o problema é estrutural e exige soluções permanentes.

Prefeitura de Santos

A Prefeitura de Santos ressalta que o principal fator que determina os níveis de balneabilidade das praias é a rede coletora de esgoto, cuja responsabilidade é da Sabesp. O município destaca que possui 99% de cobertura de esgoto, com exceção das áreas subnormais, e que todo o material coletado passa por pré-tratamento antes de ser lançado pelo emissário submarino a 4,5 km da costa.

Em resposta ao problema histórico no Dique da Vila Gilda a administração afirma ter um plano robusto de urbanização da área, que inclui rede de saneamento, novas moradias e ações ambientais. No último dia 25 de novembro, foi assinado um termo de cooperação técnica com a Sabesp para implantar, a partir de janeiro de 2026, sistemas completos de esgotamento sanitário e distribuição de água nas palafitas, contemplando cerca de 2,5 mil ligações regulares. A intervenção será priorizada na comunidade e integra o projeto-piloto de revitalização do Parque Palafitas, reconhecido nacionalmente como “Solução Inovadora para Habitação”.

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A Prefeitura também afirma que avança em outras frentes de combate à poluição e de melhoria ambiental. Entre os programas e iniciativas em andamento estão o Detecta, as barreiras nos canais, o Beco Limpo, a Ecofábrica e ações de economia circular, o Plano Municipal de Educação Ambiental, o Programa de Identificação das Fontes de Resíduos Marinhos e ações de logística reversa. Segundo o município, esses projetos reforçam o compromisso com a redução de resíduos, sustentabilidade e educação ambiental.

A administração municipal aponta ainda que a privatização da Sabesp deve ampliar investimentos e acelerar a universalização do saneamento no estado até 2029, o que deve contribuir para melhorias estruturais a longo prazo.

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