O óleo precisa ser misturado com petróleo mais leve antes de ser comercializad / Pexels/Life Of Pix
Continua depois da publicidade
A América Latina abriga um dos maiores tesouros energéticos do planeta, mas pouco consegue transformá-lo em riqueza. Apesar de possuir reservas superiores às da Arábia Saudita, a Venezuela enfrenta um declínio drástico na produção de petróleo, resultado de décadas de instabilidade, falta de investimentos e desafios tecnológicos.
Os números chamam atenção: o Cinturão Petrolífero do Orinoco reúne cerca de 300,8 bilhões de barris, colocando o país à frente dos sauditas, que somam 267 bilhões.
Continua depois da publicidade
Ainda assim, a produção venezuelana despencou e hoje é 12 vezes menor do que poderia ser, mantendo o país distante das primeiras posições no ranking mundial.
As reservas do Orinoco superam a concorrência em 34 bilhões de barris, reforçando o potencial bruto da região.
Continua depois da publicidade
No auge, a Venezuela chegou a produzir cerca de 3 milhões de barris por dia. Atualmente, o número não ultrapassa 770 mil barris diários, empurrando o país para a 21ª posição entre os maiores produtores, atrás de vizinhos como Colômbia, México e Brasil.
O principal obstáculo está na característica do petróleo venezuelano. Diferentemente do óleo leve mais comum no Oriente Médio, o petróleo pesado do Orinoco é altamente viscoso, tem baixo teor de gás e exige processos específicos, caros e complexos para ser extraído e refinado.
Relatórios técnicos apontam que o petróleo extrapesado da Venezuela demanda métodos não convencionais, como injeção de vapor e uso de diluentes para facilitar o transporte.
Continua depois da publicidade
O óleo precisa ser misturado com petróleo mais leve antes de ser comercializado, o que reduz drasticamente a margem de lucro e torna a produção menos atraente.
Esse cenário se agravou ao longo dos anos devido à deterioração da infraestrutura da PDVSA e à falta de manutenção adequada. A combinação entre custos altos, crise econômica, corrupção e isolamento internacional deixou a indústria petrolífera venezuelana em estado crítico.
Nos últimos meses, os Estados Unidos suspenderam temporariamente sanções sobre petróleo, gás e ouro venezuelanos. A medida reabriu espaço para o interesse de empresas estrangeiras, que passaram a buscar licenças para investir na Faixa Petrolífera do Orinoco.
Continua depois da publicidade
A flexibilização demonstrou que a retomada produtiva depende diretamente de ajuda externa e de modernização urgente das instalações.
No entanto, a permanência das sanções como instrumento de pressão sobre o governo de Nicolás Maduro e a instabilidade política pós-eleições de 2024 mantêm o futuro da produção em situação incerta.
Mesmo diante de uma das maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela segue distante da capacidade total de exploração, demonstrando o alto contraste entre seu potencial geológico e sua realidade econômica.
Continua depois da publicidade