A presença da flor é um sinal positivo da saúde da floresta / Reprodução/ @thorogoodchris1
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Uma expedição conjunta de cientistas do Reino Unido e da Indonésia registrou um feito aguardado havia mais de uma década: a localização de uma Rafflesia hasseltii, uma das flores mais raras e difíceis de encontrar no planeta, começando a se abrir em uma área remota de Sumatra Ocidental, na Indonésia.
A descoberta, feita em meio à mata fechada e sem qualquer sinal de comunicação, emocionou um pesquisador que esperava por esse momento há 13 anos.
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A equipe percorreu mais de 20 horas de viagem desde Bengkulu até chegar ao ponto exato monitorado por agentes florestais. A expedição faz parte de um estudo sobre espécies ancestrais da Rafflesia, conduzido por pesquisadores da Universidade de Oxford e da Agência Nacional de Pesquisa e Inovação da Indonésia, que investigam ao menos 42 espécies conhecidas da planta no Sudeste Asiático.
A Rafflesia hasseltii é considerada um tesouro botânico. Com até 70 centímetros de diâmetro, coloração vermelho-arroxeada e grandes manchas brancas, ela está entre as flores mais impressionantes — e misteriosas — já catalogadas.
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A flor começou a se abrir durante a noite, pegando a equipe de surpresa. Inicialmente, os pesquisadores acreditavam que não conseguiriam observar o processo. Mas um guia local notou uma pequena abertura na borda da planta, indicando o início do desabrochar.
O observador de Rafflesias, Septian Andriki, conhecido como Deki, não conteve a emoção. Ele acompanha a espécie há mais de uma década e relatou à BBC:
'Parti praticamente apostando que ela estaria aberta. Quando percebi o início da floração, chorei.'
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A presença da flor é um sinal positivo da saúde da floresta. A Rafflesia não pode ser transplantada, não sobrevive fora de seu ambiente natural e depende de condições ecológicas extremamente específicas. Por isso, sua aparição reforça a importância da preservação do ecossistema.
O professor Agus Susatya, especialista em Rafflesias, destacou que a proteção não deve se limitar à flor isoladamente:
'Conservar apenas a espécie não é suficiente. Precisamos proteger toda a floresta. As comunidades locais podem se beneficiar do ecoturismo, em vez de atividades como mineração ou agricultura invasiva.'
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O grupo pretende mapear a origem genética da Rafflesia por meio de sequenciamento em supercomputadores, comparando populações da Indonésia, Malásia, Filipinas e possivelmente do sul da Tailândia. Novas viagens estão planejadas, incluindo uma para Kalimantan Ocidental.
Apesar da descoberta, muitos mistérios permanecem, especialmente sobre a reprodução da espécie. Pesquisadores ainda tentam entender como as sementes entram no hospedeiro e por que as flores femininas são tão raras.
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