26 de Abril de 2024 • 05:46
Cotidiano
Na embarcação, além da tripulação brasileira, permanecem o capitão Krsto Dabivic, da Croácia, e o segundo comandante Alen Babovic, de Montenegro
Foi realizada a troca de tripulação do navio panameño Srakane na manhã deste domingo (26). / Divulgação
Foi realizada a troca de tripulação do navio panameño Srakane na manhã deste domingo (26). Os brasileiros subiram a bordo, assumindo o lugar dos ucranianos, que retornam ao país de origem após meses em alto mar, enfrentando escassez de alimentos, água potável e com atrasos salariais.
A solução só ocorreu após uma decisão firmada entre as autoridades brasileiras e a CBA Trading - Exportação de Produtos Agrícolas, por meio de um de seus sócios, João Carlos Camisa Nova Júnior. A empresa santista, que não tinha qualquer vínculo com a embarcação, decidiu arcar com os custos de toda a operação e quitação de débitos, para assegurar aos envolvidos a dignidade humana.
Na embarcação, além da tripulação brasileira, permanecem o capitão Krsto Dabivic, da Croácia, e o segundo comandante Alen Babovic, de Montenegro. Ambos firmaram contrato com a CBA Trading, para continuar à frente do navio.
Entenda o caso
A solução encontrada pela empresa começou a ser desenvolvida no último dia 28. Na ocasião, a CBA Trading tinha a necessidade de encontrar um navio, para a realização da transportação de carga. Chegou, então, a sugestão de afretar o Srakane.
Na data citada, em uma vistoria, os sócios da empresa subiram a bordo e encontraram uma circunstância muito delicada: escassez de alimentos (rancho) e água potável.
Além disso, tiveram acesso à informação de que o armador do navio não conseguiu arcar com os custos da operação, o que acarretou em problemas na documentação. Por fim, os salários dos tripulantes estavam com atraso de aproximadamente sete meses.
Ao se inteirarem da situação, os proprietários da empresa souberam que os problemas encarados pelos ucranianos passaram pelas dificuldades geradas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Isso porque o navio tentou ancorar em países europeus e na África. Em todos, a entrada foi negada por conta do combate à doença.
Ficando sem combustível, o navio foi trazido ao Brasil. Em Salvador (BA), foi permitido reabastecer, mas não foi autorizada a atracação. Diante disso, o Srakane rumou para São Sebastião, onde estacionou e permaneceu parado.
De lá, a tripulação pediu ajuda - foi emitido um may day para o ITS. Isso foi feito por conta da falta de combustível e de alimento.
Diante de tudo isso, comovidos, os sócios da CBA Trading se interessaram em ajudar os envolvidos. Assim, decidiram, por conta própria, assumir os débitos, garantido a volta destes profissionais em segurança ao seu país de origem.
Deste modo, após reuniões com órgãos como Receita Federal, Ministério Público e Marinha do Brasil, entre outros, a empresa santista tomou frente da situação - inclusive, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
Foram pagos todos os atrasados e também efetuada a regularização da documentação. As ações tiveram custo de, aproximadamente, US$ 300 mil dólares americanos (cerca de R$ 1,6 milhão na cotação atual).
Por fim, foi providenciada a volta dos ucranianos, sem qualquer custo para os profissionais. A volta também foi paga pela CBA Trading.
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