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“Toda a minha família podia ter morrido”, assim a dona de casa Cleuza Aparecida Costa Cabral definiu o susto que levou na noite da última quintafeira, dia 26. Seis vagões da ALL descarrilaram e quatro tombaram por volta das 20h30, no bairro Costa Muniz, em Cubatão. 85 vagões seguiam com destino ao Porto de Santos transportando farelos de soja e milho.
Os moradores do entorno da linha férrea estavam assustados. “Eu estava tomando banho quando minha filha me avisou que o trem estava tombando. Coloquei a primeira roupa que vi e corri. Tinha sete pessoas na minha casa, incluindo os meus netos. Se esse trem vem para o nosso lado, seria uma tragédia”, conta Cleuza, apontando para a janela do quarto, que fica a poucos metros da linha do trem.
Cleuza mora no bairro Costa Muniz há 48 anos e se diz cansada com essa situação. “Quando eu vim para cá, não tinha linha férrea. Hoje vivo com medo de que algum desses vagões acerte a minha casa. E eu não vou ter nem como salvar meu marido”, lamenta. O esposo de Cleuza tem 86 anos e passa a maior parte do tempo deitado por conta de uma esclerose.
Enquanto a dona de casa contava à reportagem do Diário do Litoral os problemas causados pela linha férrea, os operários da ALL que consertavam a linha férrea pararam para dar passagem a um trem. “Eles só querem dinheiro, não pensam em nada. Se matarem a minha família, eles enterram e pronto.Mal descarrilou um trem e outro já está passando”, reclama Cleuza.
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E não foi só ela que se assustou na noite de quinta. “Quando o trem descarrilou, pensei que a minha casa ia cair. Tremeu tudo. Isso está acontecendo com frequência aqui na Cidade, a última vez foi na Vila Esperança”, conta o operador de pá carregadeira Erivaldo Silva Rodrigues, que há cinco anos mora no bairro. “Mas eu vejo isso há tempos. Morei 18 anos na Vila Esperança”, comenta.
A dona de casa Edivânia EuEugênia da Silva também mora a poucos metros da linha férrea. “Estava terminando a novela das 7 quando o chão começou a tremer. Meu fogão e meu sofá saíram do lugar. Eu fiquei desesperada. Moram duas famílias aqui, tenho dois netos e se acontece alguma coisa? Tem que tirar a gente daqui”, questiona.
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“Eu tive que segurar a TV. Tremeu tudo. Moro aqui há quatro meses, levei um baita susto. Morava na Água Fria e nunca passei por uma situação dessas. Parecia um terremoto”, conta o pedreiro Sebastião Gabriel da Silva.
Segundo a América Latina Logística (ALL), por meio de nota, informou que irá abrir sindicância para apurar as causas do acidente. Afirmou ainda que não houve feridos e nem danos ambientais. A via férrea foi liberada por volta do meio dia. No entanto, a população reclama que a empresa não se preocupou em nenhum instante com os moradores que residem perto da linha férrea. “Ninguém veio aqui falar com a gente, perguntar se a gente está bem. Só vejo eles tirando foto dos prejuízos deles, dos nossos ninguém quer saber”, reclama Cleuza.
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