Atualmente, o jato, que caiu em Santos há dois anos, faz parte de uma operação da Polícia Federal / Matheus Tagé/DL
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De tragédia em meio ao período eleitoral de 2014 a parte de uma operação da Polícia Federal. Completando dois anos neste sábado, a queda do avião que matou o então presidenciável Eduardo Campos, em Santos, ainda tem revelações em meio aos escombros e apresenta suas reviravoltas.
A morte do empresário pernambucano Paulo Cesar de Barros Morato, em junho deste ano, foi acrescentada à tragédia. O incidente, ainda sem explicações claras, ocorreu menos de 48 horas depois de a Polícia Federal deflagrar a Operação Turbulência, que investiga um aparente esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, envolvendo 18 contas bancárias de empresas usadas para pagar campanhas eleitorais do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) em 2010 e 2014 e do qual o avião que matou o então candidato presidencial do PSB faria parte. Morato era, segundo a PF, testa de ferro da empresa que forneceu o dinheiro para a compra da aeronave.
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A causa da morte de Morato foi revelada uma semana após o caso: o empresário morreu por envenenamento com pesticida – veneno conhecido como chumbinho. O exame das vísceras apontou quadro de “intoxicação exógena por organofosforado”. Morato estava foragido e era procurado pela PF.
A Operação Turbulência baseou-se na investigação que começou logo depois do acidente de Campos. À época, a imprensa levantou informações sobre o dono do avião e chegou ao nome do empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho.
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Agora, a PF diz que o dinheiro para a compra da aeronave é proveniente de um esquema que teria movimentado até 600 milhões de reais. Ao lado de Mello Filho, teriam atuado outros dois empresários que aparecem em documentos relativos à compra da aeronave: Apolo Santana Vieira e Eduardo Freire Bezerra. Além dos dois, Arthur Roberto Lapa Rosal e o já mencionado Paulo Morato também fariam parte do esquema, do qual o avião seria só uma parte. No caso de Morato, que foi encontrado morto em um quarto de motel na cidade de Olinda (PE), a suspeita é que ele seria o testa de ferro da empresa Câmara & Vasconcelos Locação, que teria repassado dinheiro ilícito para a compra da aeronave.
Enquanto os mistérios que sondam o acidente com o jato Cessna Citation, que caiu na Rua Vahia de Abreu, em Santos, não são esclarecidos, as famílias – tanto das vítimas quanto das moradias afetadas – mantém o fatídico dia 13 de agosto na memória. Para a família de Campos, o alívio virá através de missa celebrada neste sábado, em Recife, pelos dois anos de falecimento do patriarca.