Cotidiano

Traficante mais procurado do país ergue império bilionário sob a bandeira do PCC

Com a morte de outros chefes do PCC, como Gegê do Mangue e Paca, Sérgio 'Mijão' consolidou-se como figura-chave da facção fora das prisões

Ana Clara Durazzo

Publicado em 09/09/2025 às 09:11

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Documentos obtidos pelo programa Fantástico, da TV Globo, revelam que ele integra um núcleo criminoso que teria movimentado R$ 1 bilhão em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro / Reprodução

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Considerado o traficante mais procurado do Brasil, Sérgio Luiz de Freitas Filho, conhecido como 'Mijão', 'Xixi' ou '2X', é apontado pelo Ministério Público como o principal nome do Primeiro Comando da Capital (PCC) em liberdade.

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Documentos obtidos pelo programa Fantástico, da TV Globo, revelam que ele integra um núcleo criminoso que teria movimentado R$ 1 bilhão em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

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Vida de luxo na Bolívia

Mesmo incluído na lista vermelha da Interpol, Sérgio vive há mais de dez anos em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde mantém uma rotina de luxo em condomínios fechados, com segurança reforçada. Ele já morou em ao menos seis mansões na cidade, algumas com aluguel de quase R$ 30 mil mensais, e circula com identidade falsa em nome de 'Sérgio Noronha Filho'.

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Vídeos e fotos obtidos pela reportagem mostram o foragido em festas, restaurantes e encontros familiares, sempre sem ser incomodado pelas autoridades locais.

Segundo o Ministério Público, a cidade boliviana se tornou um refúgio para líderes do PCC, que utilizam a região como base para negócios ligados ao narcotráfico.

Trajetória no crime

Natural de Campinas (SP), Sérgio começou a trabalhar cedo em uma metalúrgica e chegou a ser sócio de uma pequena empresa de usinagem. Em 2013, já estava na mira da Polícia Federal e do DEA, a agência antidrogas dos Estados Unidos, por envolvimento em uma quadrilha que atuava entre Brasil, Paraguai e Bolívia.

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Naquele ano, foi flagrado em imagens no aeroporto de Viracopos, em Campinas, prestes a embarcar para o Mato Grosso do Sul, de onde atravessaria a fronteira rumo à Bolívia para negociar com fornecedores de cocaína. Mesmo foragido, frequentava estádios de futebol, praias no Guarujá e mantinha conversas sobre compra de fuzis e lavagem de dinheiro.

Plano para matar promotor

As investigações também apontam que Sérgio teria articulado um plano para assassinar o promotor Amauri Silveira Filho, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), em Campinas. O esquema, financiado por empresários ligados ao PCC, previa a contratação de um atirador no Rio de Janeiro e o uso de uma caminhonete blindada equipada com uma metralhadora .50.

Dois empresários da região foram presos sob suspeita de financiar a operação: Maurício Silveira Zambaldi, dono da loja de motos Dragão Motors, e José Ricardo Ramos, do setor de transportes. Ambos são acusados de colaborar com o PCC na lavagem de dinheiro e no planejamento do crime.

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O 'hub' boliviano do PCC

De acordo com o promotor Lincoln Gakiya, líderes da facção encontraram em Santa Cruz de La Sierra um ponto estratégico para o tráfico internacional. “Eles utilizam a Bolívia como um hub, como um local em que não são incomodados pelas autoridades locais. Alguns têm restaurantes, boates e vivem em condomínios extremamente luxuosos”, disse.

Com a morte de outros chefes do PCC, como Gegê do Mangue e Paca, Sérgio 'Mijão' consolidou-se como figura-chave da facção fora das prisões. Apesar de procurado internacionalmente, segue em liberdade, comandando operações milionárias e mantendo influência sobre a cúpula do crime organizado brasileiro.

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