Mesmo se recuperando do trauma físico, a dor se torna eterna. / Nair Bueno/Diário do Litoral
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Na última segunda-feira (14), um fisiculturista foi acusado de agredir sua namorada durante uma viagem de comemoração de aniversário da vítima. O caso aconteceu no bairro de Moema, Zona Sul de São Paulo.
A namorada dele foi hospitalizada após a agressão e segue internada em um hospital de São Paulo em estado grave. A justiça decretou prisão preventiva para o acusado.
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De acordo com o psicólogo Marcos Raul de Oliveira, fundador do portal Psicólogo.online, em casos assim, mesmo se recuperando do trauma físico, a dor se torna eterna.
“Quando alguém sobrevive a uma tentativa de feminicídio, não sai ilesa, mas também não vira um caco impossível de colar”, explicou.
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Ele conta ainda uma ferida sempre fica aberta nesses casos. "Às vezes arde de novo, às vezes a pessoa não entende o motivo de estar com medo ou por qual motivo a memória invade sem pedir licença. Mas, isso não define ninguém ou pelo menos não deveria. Dá pra trabalhar, dá pra cuidar", comenta.
Marcos também afirma que alguns pensamentos ruins da vítima são naturais, mas podem ser tratados e trabalhados.
“Não precisa ser tratado como um rótulo pesado demais. Só quer dizer que teu corpo e tua cabeça estão reagindo a algo absurdo que você viveu. E isso não te diminui em nada. É só um jeito de dizer que você sobreviveu e agora está tentando lidar com isso”, finalizou.
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Já a psicóloga e neurocientista Andrea Dias afirma que tanto o apoio terapêutico quanto a neurociência podem ajudar nessa luta. “Eles ajudam a mulher a reprocessar essas memórias, tornando-as menos invasivas, ativando o córtex frontal para ressignificar a experiência de forma mais segura”, disse.
De acordo com Andrea, a mulher que sofre esse tipo de violência precisa reconstruir a identidade que foi violada.
"É fundamental, para essa mulher, validar a experiência dela sem julgamentos, e sim ajudar ela a reencontrar o seu lugar no mundo e a capacidade de escolha de construir um novo futuro. A rede de apoio e segurança é extremamente importante, então sentir-se segura é uma prioridade e se envolve a medidas de proteções legais, um ambiente físico e seguro emocionalmente, suportes familiares, grupos de apoio, instituições especializadas como Delegacia da Mulher, Centros de Referência, é vital", explica.
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Em casos de violência doméstica, a vítima pode entrar em contato com o número 180.
No telefone, ela pode relatar o que está acontecendo, e um time de agentes ligados à segurança pública pode auxiliar nos próximos passos.
Somado a isso, o telefone também serve para denúncias feitas por terceiros.
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