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Cotidiano

Teatro santista foi berço de Marco Antonio, o dublador de Patrick, do Bob Esponja

Aos 45 anos de idade, Marco Antonio ganhou fama nacional ao emprestar sua voz para Patrick, a estrela do mar e melhor amigo de Bob Esponja no desenho de mesmo nome.

LG Rodrigues

Publicado em 04/05/2019 às 08:59

Atualizado em 04/05/2019 às 09:04

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Paralelo ao trabalho de emprestar sua voz a atores e animações, o profissional segue trabalhando firme e forte como radialista. / Divulgação

Dar voz a um personagem pode parecer um simples processo à primeira vista, mas é apenas quando passamos a observar com mais atenção o trabalho é que percebemos que a dublagem é muito mais do que isso. Dublar é um processo de dar vida a uma animação, a um documentário, a um filme. O ato de emprestar sua própria voz para dar um perfil aos personagens das telas da televisão e do cinema é de suma importância e foi aqui em Santos que um dos mais reconhecidos dubladores do Brasil iniciou sua carreira nessa arte.

O interesse de Marco Antonio D’angelo Abreu, de 45 anos, pela dublagem, entretanto, começou muito antes dele ao menos pensar em cursar uma faculdade. Todo o interesse e fascínio por dublar personagens veio quando ele ainda era criança ao assistir televisão em casa na companhia da família.

“Desde criança eu imitava as vozes que eu ouvia nos filmes e brincava de ser o Chacrinha. Sempre gostei muito do ‘show business’. Quando completei meus 14 anos e a voz começou a mudar e ficar mais grave foi quando as pessoas começaram a elogiar e dizer que eu tinha uma voz muito bonita. Nesse momento eu decidi fazer um curso de locução no Senac para trabalhar como radialista”, explica.

Ao mesmo tempo em que começou a se familiarizar com o mundo do rádio, Marco começou a ter aulas de teatro simultaneamente no Projeto Carlitos em oficinas da prefeitura. O primeiro passo como radialista se deu oficialmente na Rádio Atlântica, em Santos. Durante o trabalho, Marco também conseguiu se formar em jornalismo antes de se mudar para trabalhar em São Paulo.

“Quando cheguei aqui na Capital, durante minhas pesquisas, descobri que havia um estúdio que estava dando cursos para atores assim como eu fazia nas aulas de teatro em Santos e que gostariam de se tornar dubladores porque eles precisavam de novas vozes. Como eu trabalhava em rádio durante a noite e tinha as manhãs livres eu me matriculei no curso e um dos professores gostou da minha voz e me convidou para começar a fazer pequenas pontas em programas de TV”.

Mas foi no final da primeira metade da década passada que Marco recebeu em suas mãos, e repassou para a voz, o personagem que se tornou seu maior ‘xodó’ e destaque. O desenho animado do qual ele fazia parte era um pouco excêntrico e o personagem em si era algo totalmente fora do comum, mas caiu nas graças das crianças de todo o Brasil. Foi nesse momento que a voz daquele garoto santista que adorava as aulas de teatro invadiu as salas de estar com risadas e gargalhadas.

“O Patrick, melhor amigo do Bob Esponja, foi o grande carro chefe da minha carreira. Hoje tenho outros personagens de destaque após tantos anos, mas o Patrick foi o grande abre alas e responsável pela consolidação da minha carreira. Na época não era todo mundo que me conhecia, mas a partir do momento que fiz o teste para o Patrick e consegui o papel foi o momento em que a partir dali me chamaram para outras grandes produções”, explica.

Marco diz que não acreditava que o personagem teria tamanha importância em sua carreira. Ele afirma ainda que é comum para os dubladores se enganar com produções que aparentam ter personagens que poderiam mudar carreiras, mas acabam não tendo o impacto que eles imaginavam originalmente.

“No começo eu olhei e falei comigo mesmo. ‘Cara, é uma esponja feia pra caramba dentro de um abacaxi no fundo do mar e eles acendem fogueiras’. Achei mesmo que seria apenas mais um desenho, mas não, o desenho veio e veio pra ficar”.

Para quem quer conferir o trabalho de dublador de Marco é possível escutar sua voz em muito mais do que apenas em Bob Esponja. O profissional também atuou em animações japonesas como Evangelion e Fullmetal Alchemist: Brotherhood e em filmes como Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar e Mandela: Longo Caminho da Liberdade, onde ele diz ter tido a honra de dublar Idris Elba no papel do próprio Nelson Mandela, de quem é fã declarado.

Já nas séries, Marco emprestou sua voz para personagens de Prison Break e The Walking Dead, onde ele interpretou o protagonista Rick Grimes vivido pelo ator Andrew Lincoln por nove temporadas.

Titio do Rock

E se engana quem acredita que apenas a dublagem faz parte da vida de Marco. Paralelo ao trabalho de emprestar sua voz a atores e animações, o profissional segue trabalhando firme e forte como radialista e atua hoje na Rádio Kiss FM onde interpreta diariamente um personagem que criou para si: o Titio do Rock.

“Ele é esse cara que está há tanto tempo numa trajetória onde tenta aprender e evoluir. É um personagem criado, uma alcunha que fiz para criar identidade com o público e esse é um cara que tenta fazer o seu melhor e se considera um aprendiz porque tentamos aprender tudo todos os dias e quero estar sempre melhor hoje do que fui ontem”, explica o radialista.

Para quem acha que o trabalho do santista se encerra por aí está enganado, além de trabalhar como dublador e locutor de rádio, Marco ainda encontra tempo para administrar o curso ‘Pra você falar bem’ em parceria com a amiga Ana Veet Maya, que é educadora, escritora e terapeuta.

“Eu percebia que muitas pessoas, profissionais, inclusive colegas meus tinham dificuldade de falar em público. Muitos eram ótimos comunicadores, escreviam e dissertavam bem, mas na hora de se apresentar até em uma palestra ou entrevista de emprego elas travavam por timidez, insegurança, fosse o que fosse. E eu achei que poderia ajuda-los a se livrar dessas amarras, ajudar a encontrar suas próprias vozes. Decidi levar a eles um pouco do que me ajudou a me libertar, que no meu caso foi o teatro em Santos”, conclui.

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