TCE listou quatro pontos principais que comprometem a legalidade do processo / Reprodução/SEED-PR
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O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) suspendeu nesta quarta-feira (3) o processo seletivo de monitores do Programa Escola Cívico-Militar, iniciativa do governo estadual.
A decisão cita falhas graves na execução do projeto, entre elas o uso de recursos da Secretaria da Educação para pagamento de policiais militares e a ausência de estudos de impacto orçamentário e financeiro.
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Com a medida, o governo de Tarcísio de Freitas só poderá retomar o programa após atender a uma série de exigências legais.
O tribunal determinou a interrupção imediata do edital, proibiu o uso de verbas da educação para custear policiais e abriu a possibilidade de responsabilizar gestores que autorizaram despesas consideradas irregulares.
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O TCE listou quatro pontos principais que comprometem a legalidade do processo: desvio de finalidade das verbas da educação, falta de planejamento detalhado, inexistência de metas e indicadores claros e afronta à Constituição e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
A decisão atendeu a uma representação apresentada por parlamentares e entidades da área educacional, que contestaram a legalidade do programa.
No documento, eles alegam que a função de monitor militar sequer existe no orçamento estadual e não há previsão legal para a contratação.
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A polêmica em torno das escolas cívico-militares já havia chegado ao Tribunal de Justiça de São Paulo, que suspendeu temporariamente a contratação de policiais em agosto do ano passado. Dias depois, a decisão foi revertida, permitindo a continuidade do processo seletivo.
No âmbito nacional, a constitucionalidade da lei paulista está em análise no Supremo Tribunal Federal (STF).
Até o momento, o relator Gilmar Mendes e os ministros Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes votaram contra a suspensão das escolas. O julgamento, porém, segue paralisado após pedidos de vista.
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O governador Tarcísio de Freitas defende que o modelo prioriza a educação sob a condução de profissionais da rede estadual, com o apoio de militares para reforçar a disciplina no ambiente escolar.
Já partidos de oposição e entidades educacionais apontam riscos de inconstitucionalidade e desvio de recursos.
O programa foi instituído pela Lei Complementar nº 1.398/2024, com previsão de R$ 7,2 milhões para pagamento de policiais militares.
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A suspensão do TCE-SP exige que o governo apresente estudos financeiros detalhados, metas e indicadores de desempenho antes de retomar o projeto.
Em entrevista ao Diário do Litoral no último mês de agosto, o deputado estadual Tenente Coimbra ressaltou que o programa das escolas cívico-militares já conta com três unidades em funcionamento na Baixada Santista: uma em Cubatão, uma em Itanhaém e outra em Bertioga.
Segundo ele, o modelo foi estruturado em parceria com a Secretaria da Educação e o governo estadual, após a interrupção do projeto federal, e tem como meta atingir 100 escolas até 2026.
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Na prática, a adesão ocorre de forma voluntária: o diretor manifesta interesse, a comunidade escolar vota e, se houver aprovação da maioria e cumprimento dos requisitos, a instituição passa a integrar o programa.
O parlamentar afirma que onde o modelo já foi implantado houve resultados positivos, como redução da evasão escolar e aumento no desempenho dos estudantes.
A expectativa é que, até 2026, sejam abertas de 30 a 50 novas unidades em todo o estado, com a possibilidade de incluir pelo menos mais duas escolas na região da Baixada Santista.
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