Em um primeiro momento, a situação não coloca em risco a manutenção do Hospital Doutor Luiz Camargo da Fonseca e Silva / Nair Bueno/DL
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Por falta de informação de como estão sendo gastos os recursos, a 5ª Vara da Justiça do Trabalho de Cubatão suspendeu, temporariamente, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Prefeitura de Cubatão e a Usiminas. Atualmente, os pagamentos gerados por ele terão que ser depositados mensalmente em juízo e não mais na conta do Fundo Municipal de Saúde, gerenciado pela Secretaria de Saúde do Município. A Prefeitura garante que já está resolvendo a questão e que tudo ser normalizado em breve.
Em um primeiro momento, a situação não coloca em risco a manutenção do Hospital Municipal Doutor Luiz Camargo da Fonseca e Silva, gerenciado pela Fundação São Francisco Xavier (FSFX) desde dezembro de 2017, uma vez que a Administração Municipal já está tomando providências. A Fundação é um braço social da Usiminas nas áreas de saúde e educação.
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Segundo próprio ofício encaminhado pela Prefeitura à Justiça, a Administração estaria com R$ 4,11 milhões - do total de R$ 10,4 milhões utilizados pela Prefeitura - parados na conta sem utilização. No entanto, ontem, em nota, a Administração garantiu que que não houve suspensão do repasse do TAC, mas um equívoco.
De acordo com o procurador do Município, Maurício Cramer Esteves, responsável por acompanhar o processo, ocorreu uma falha na comunicação entre o cartório judicial e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O cartório não teria juntado a petição com a manifestação do Município, entregue eletronicamente ao TRT, aos autos do processo.
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Segundo Esteves, assim que tomou ciência do fato, entrou com pedido de reconsideração da manifestação do Município junto ao Tribunal. O pedido de reconsideração e a manifestação da municipalidade devem ser analisadas nos próximos dias pelo TRT.
O procurador esclarece também que não há prejuízos ao Município. O que foi determinado pelo juiz no final do mês de maio é o depósito dos valores em conta judicial em vez da conta do Fundo Municipal de Saúde, como vinha ocorrendo. Após analisada a manifestação da municipalidade, a Procuradoria Geral do Município solicitará o retorno dos depósitos à conta do Fundo Municipal de Saúde.
HOSPITAL.
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O Hospital Municipal de Cubatão foi reaberto em 01 de dezembro de 2017 após uma Parceria Pública Privada (PPP) autorizada pela Câmara. Também foi concedida a adaptação e exploração do antigo Teatro Municipal. A Fundação São Francisco Xavier ficou autorizada a explorar com a finalidade de lucro o equipamento público, sendo destinado 60% dos leitos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e 40% dos leitos para particulares e planos de saúde. A Procuradoria Geral de Justiça (Ministério Público Estadual) questionou o contrato à época, mas acabou sendo vencida no Supremo Tribunal Federal.
TAC.
O TAC ocorreu porque, em 24 de julho de 2003, a Usiminas foi autuada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por violação a direitos difusos e coletivos, enquanto prestava serviços a antiga COSIPA. No caso, a empresa violou sistematicamente a legislação trabalhista, prorrogando as jornadas de trabalho sem justificativa, além de violar o intervalo de descanso intrajornada (11 horas).
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Em 2009, a USIMINAS foi acionada pelo Ministério Público do Trabalhado junto a Justiça do Trabalho de Cubatão, que exigiu o pagamento de 25,4 milhões em indenização ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). As partes chegaram a um acordo em fevereiro de 2017, mediante assinatura do TAC, para pagamento da dívida em 37 parcelas, sendo: 12 parcelas de 150 mil; 24 parcelas de 250 mil e uma a parcela de R$ 293 mil, vencendo-se a última parcela em 17 de abril de 2020.
O TAC ainda previu que todo o dinheiro seria revertido a instituições públicas ou privadas, filantrópicas ou sem fins lucrativos, para aquisição de bens e equipamentos, com vedação da destinação a instituições ligadas a devedora. Também que o Município não contratasse qualquer entidade para gestão dos recursos oriundos da ação, parcial ou integralmente, que tivesse relação societária com a Usiminas ou que por ela tenha sido constituída, ou seja subvencionada, direta ou indiretamente.
Em março de 2017, a Prefeitura pleiteou a verba, para direcionar os recursos em proveito do Hospital, apresentando o detalhamento das necessidades para abertura, demonstrando a necessidade de um aporte inicial de 4,2 milhões, além de estimar a necessidade para conclusão das obras em 10,4 milhões. O fato da Fundação ter ligação com a Usiminas não atrapalhou a parceria.
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CEI.
É importante lembrar que a Câmara de Cubatão aprovou uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar problemas de atendimento no Hospital. Os vereadores terão até o mês que vem para apurar os procedimentos médicos e as condutas administrativas do hospital. A abertura da CEI se fez necessária após frequentes reclamações de atendimento, desde que a Fundação assumiu a gerência.