Cotidiano
De máquina quebrada a negócio próspero, Levi Nunes fez da Gelícias Sorvete Retrô um sucesso que resgata memórias afetivas da infância
Levi Nunes apostou em um produto que desperta lembranças afetivas: o sorvete americano / Julia Macêdo/DL
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Empreender nunca foi um caminho fácil para Levi Nunes, criador da Gelícias Sorvete Retrô, mas a paixão pela ideia de ter algo próprio falou mais alto. Funcionário público e morador do Litoral de São Paulo, ele apostou em um produto que desperta lembranças afetivas: o sorvete americano no estilo das antigas máquinas de rua.
“Esse sorvete traz toda a memória da infância, né? Todo mundo, quando olha a máquina, fala: ‘Nossa, eu lembro da época que eu tomava sorvete com meu avô’. Isso que nos levou a trabalhar com esse produto”, conta Levi.
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O caminho até encontrar o formato ideal passou por tentativas frustradas. A primeira máquina de sorvete, por exemplo, sequer funcionou.
“Nós não conhecíamos o mercado, não sabíamos como operar a máquina. Acabamos caindo num golpe: compramos uma que não funcionava e até hoje está parada. Tivemos que trocar motor, fiz de tudo, mas não deu certo. O alerta que eu dou pra quem quer empreender é conhecer o ramo antes ou se inteirar do funcionamento. Na época eu só tinha vontade”, lembra.
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Assista partes da entrevista em nossas redes sociais:
Sem desistir, Levi testou novas formas de vender. “Eu já fazia chup-chup, o geladinho da praia, cheguei a vender para festas, inclusive alcoólicos. Compramos uma bicicleta com freezer, mas tivemos dificuldade pra manter congelado. Até inovamos com geladinho recheado, mas não era algo que trazia aquela referência da infância”, explica.
Foi nessa insistência que nasceu a convicção: ou voltava para a máquina de sorvete, ou desistia do sonho. Ele arriscou mais uma vez – e dessa vez deu certo. A mudança de chave aconteceu quando o público começou a pedir o sorvete em festas.
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“Na feira de rua, o pessoal perguntava: ‘Vocês não fazem festa?’. Aí pensei: é outro caminho. Criei um Instagram, comecei a patrocinar e deu certo. Uma pessoa indicava outra, o boca a boca funcionou. Fizemos festas juninas em clubes, e isso foi um bom início pra gente”, recorda Levi.
Hoje, a Gelícias já conta com três máquinas personalizadas e atende eventos de diferentes portes na Baixada Santista e Grande São Paulo.
Mais do que o sorvete em si, o diferencial está na carga emocional que acompanha cada casquinha. “O que eu mais escuto é: ‘É o sabor da infância’. As pessoas lembram da porta do mercado, do avô, do tio, de pegar o troco do pão pra comprar o sorvetinho. É isso que marca”, diz.
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Com cada festa, a experiência também é pensada nos detalhes. “Quando é festa casual, de dia, vou de bermuda e chapéu. À noite, em casamento ou debutante, vou de suspensório, gravata, bem no estilo tiozinho do sorvete da época”, conta, rindo.
Conciliar os dois mundos não é fácil. Levi segue trabalhando na Defesa Civil de Santos, mas precisou reorganizar a rotina para dar conta das duas frentes.
“É muito difícil. Antes eu trabalhava em regime 12x36, mas tive que mudar pro horário administrativo porque os eventos são nos fins de semana. É corrido, mas vale a pena”, garante.
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O investimento também não foi pequeno. Cada máquina nova custa em torno de R$ 20 mil, sem contar o veículo necessário para o transporte. Ainda assim, Levi já comemora o retorno.
“Quase todo dia tenho pedido de orçamento pelo Instagram. Vejo que o negócio tá prosperando. É gratificante chegar num lugar e ouvir: ‘É da Gelícias! Eu lembro desse sorvete’”.
Para Levi, o sucesso da Gelícias está na soma entre qualidade, criatividade e memória afetiva. “Eu queria algo meu, não ficar trabalhando pros outros. Empreender não é mais fácil, mas é melhor. Eu vou correr atrás do que eu sonho e fazer do jeito que acredito. Esse sorvete é mais que um produto, é história”, resume.
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