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Cotidiano

Solo da Hospedaria dos Imigrantes está contaminado, diz Cetesb

A informação foi confirmada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

Glauco Braga

Publicado em 06/10/2018 às 08:00

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O solo do imóvel está totalmente contaminado por óleo combustível / Rodrigo Montaldi/DL

A história vem se arrastando desde 2015 e o centenário prédio da Hospedaria dos Imigrantes, na Rua Silva Jardim, 95, no Macuco, continua abandonado. O problema está bem ali embaixo dos olhos de qualquer um: o solo do imóvel está totalmente contaminado por óleo combustível. A informação foi confirmada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Isso explica o porquê dos vários projetos daquela área nunca saírem do papel, principalmente, o da construção de uma nova Fatec.

Em janeiro de 2015, foi anunciada a construção da nova sede da Fatec Rubens Lara naquela área. Até a abertura do edital de licitação para restauro do imóvel foi divulgada no evento.

O investimento do Estado seria de R$ 70 milhões e a recuperação da futura sede da Fatec deveria ter começado já naquele semestre, com previsão de término em três anos, ou seja, em 2018.

A Cetesb informou que a área está contaminada por óleo combustível e que remediação (correção) é de responsabilidade do atual proprietário do imóvel, ou seja, o Centro Paula Souza, responsável pela Faculdade de Tecnologia (Fatec). A estatal lembrou que a descontaminação tem que ser feita por uma empresa especializada, e que não conhece os custos de uma operação desse porte.

A estatal lembrou que a troca dos detentores da posse do imóvel tem dificultado o andamento do processo de descontaminação. A estatal informou ainda que já comunicou a Municipalidade de Santos que, qualquer intervenção no imóvel, dependerá de prévia manifestação da Cetesb”. O prédio da Hospedaria dos Imigrantes chegou a ser cedido à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mas a entidade desistiu da recuperação e restauração do imóvel, provavelmente, quando descobriu a contaminação do solo.

Econômica com as palavras, a assessoria de imprensa do Centro Paula Souza confirmou a contaminação, mas não deu detalhes do processo. “A Assessoria de Comunicação do Centro Paula Souza informa que já foram realizadas obras de escoramento de alvenaria existente no imóvel da Hospedaria dos Imigrantes. O próximo passo será a contratação de uma empresa especializada para avaliar a situação do solo do terreno”.  

Contaminação

Uma das prováveis causas da contaminação do solo é que durante um período funcionou dentro da Hospedaria uma oficina para viaturas da Polícia Civil e descarte irregular de combustíveis ou mesmo a existência de um posto de gasolina próximo, cuja contaminação tenha migrado para o terreno do imóvel.

Em março deste ano, a Reportagem do Diário do Litoral esteve lá e constatou operários cimentando as entradas do imóvel sob a alegação que o local teria se transformado em abrigo para desocupados e usuários de drogas. Pode ter sido também uma prevenção para que pessoas não ficassem expostas à contaminação.

Em um derramamento ou vazamento de combustível, uma das principais preocupações é a contaminação do solo e dos aquíferos. Resíduos do refino de petróleo dispostos no meio ambiente representam fontes de contaminação por metais pesados e hidrocarbonetos para solos, subsolos, águas superficiais e subterrâneas.

O engenheiro ambiental Élio Lopes destacou que num terreno contaminado por óleo combustível pode haver formação de gases.

“ E causar explosão principalmente se penetrar em espaços confinados como tubulação de esgoto, drenagem ou em ambientes fechados, como garagem. Já atendi um caso desses no condomínio Barão de Mauá, na cidade de Mauá, que resultou na explosão do poço de bomba, matando o zelador. A área era contaminada por óleo de amortecedor da empresa Cofap. Os microorganismos presentes no solo, vão querer degradar essa matéria orgânica (óleo) gerando o gás metano que em contato com fonte de ignição explodem. Isso ocorreu em Mauá”, declarou o especialista.

História

A Hospedaria é um imóvel pertencente ao Estado de São Paulo, com uma área construída de 8.373 m2, no bairro da Vila Mathias. Construído em 1912, provavelmente para abrigar os imigrantes que chegavam ao país pelo porto, foi utilizado como um armazém de bananas e acabou abandonado.

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