Cotidiano

Sexto sentido é real? Pesquisa revela novo sistema sensorial que influencia o cérebro

A descoberta revela um sistema sensorial localizado no intestino, que estabelece uma conexão direta com o cérebro e pode ser fundamental para a regulação do apetite e do peso corporal

Ana Clara Durazzo

Publicado em 02/08/2025 às 15:07

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Batizado pelos cientistas de "sentido neurobiótico", o mecanismo é mediado por células neuropódicas, encontradas no cólon / Freepik

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Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, revelou a existência de um inédito sistema sensorial localizado no intestino, com conexão direta ao cérebro. Publicada na revista Nature, a descoberta desafia os limites tradicionais da neurociência e propõe a existência de um “sexto sentido”, desta vez, sem qualquer relação com fenômenos paranormais.

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Batizado pelos cientistas de “sentido neurobiótico”, o mecanismo é mediado por células neuropódicas, encontradas no cólon. Essas células têm a capacidade de detectar a presença de flagelina, proteína presente nas caudas das bactérias e, a partir disso, ativar uma cadeia de comunicação com o cérebro que regula a sensação de saciedade.

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Do intestino ao cérebro: uma nova via sensorial

A flagelina, uma estrutura comum em bactérias, ativa o receptor molecular TLR5, localizado no intestino. Esse receptor, por sua vez, estimula a liberação do hormônio PYY, responsável por ativar o nervo vago, via neural que envia sinais ao cérebro indicando que o corpo está satisfeito.

Nos testes realizados com camundongos geneticamente modificados para não possuírem o receptor TLR5, os pesquisadores observaram que o cérebro não recebia adequadamente os sinais de saciedade. O resultado foi um aumento da ingestão de alimentos e ganho de peso, sugerindo que falhas nesse sistema de comunicação podem contribuir para a obesidade.

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Novos caminhos para tratar distúrbios alimentares

A descoberta do “sentido neurobiótico” pode abrir novas frentes terapêuticas para o tratamento de distúrbios relacionados ao apetite e ao metabolismo. “Ao longo da evolução, o intestino aprendeu a reconhecer estruturas universais das bactérias, como a flagelina, e a ajustar o comportamento do hospedeiro de acordo”, explicam os autores.

Pesquisa também apontou que fazer dieta é mais eficaz para emagrecer do que ir à academia.

O estudo reforça uma ideia crescente na ciência: o intestino exerce uma influência direta sobre o cérebro e, portanto, sobre emoções, decisões alimentares e até mesmo comportamentos. O microbioma intestinal, cada vez mais visto como peça-chave da saúde mental e metabólica, passa agora a ser também reconhecido como protagonista de um novo sentido biológico.

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Um novo paradigma na neurociência

A pesquisa aprofunda o entendimento sobre a chamada “via intestino-cérebro”, um campo de estudo que vem ganhando relevância nas últimas décadas. A identificação desse novo canal sensorial ajuda a explicar como sinais do trato gastrointestinal podem moldar a forma como pensamos, sentimos e comemos, e aponta para um futuro em que terapias para obesidade e distúrbios alimentares possam partir diretamente do trato digestivo.

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