Cotidiano
A reportagem sugere que a precessão dos equinócios teria alterado a posição do Sol em relação às constelações, mudando, assim, o signo de nascimento de milhões de pessoas
Seu signo não mudou. O que muda, de tempos em tempos, é a forma como a imprensa retoma a confusão entre Astronomia e Astrologia / Freepik
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De tempos em tempos, reaparece nas manchetes a afirmação de que os signos do zodíaco estariam “errados”. Em 2025, o tema ganhou força após o New York Times, um dos jornais mais prestigiados do mundo, publicar que “seu signo estaria desatualizado há 2 mil anos”.
A reportagem, interativa e repleta de gráficos, sugere que a precessão dos equinócios teria alterado a posição do Sol em relação às constelações, mudando, assim, o signo de nascimento de milhões de pessoas.
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Mas, segundo astrólogos e estudiosos, essa conclusão parte de uma confusão antiga: signos não são constelações.
A resposta é não. A Astrologia Ocidental utiliza o zodíaco tropical, que divide o céu em 12 partes iguais de 30°, a partir do equinócio de março (ponto fixo que marca o início de Áries).
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Essa divisão é geométrica e simbólica, ligada ao ciclo Terra-Sol e às estações do ano, e não às constelações — que são agrupamentos irregulares de estrelas no céu.
Ou seja: alguém nascido em 15 de setembro continua sendo Virgem na Astrologia, mesmo que, do ponto de vista astronômico, o Sol esteja diante da constelação de Leão.
Signos: divisões fixas, iguais, baseadas em cálculos geométricos.
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Constelações: agrupamentos irregulares de estrelas, definidos culturalmente.
Essa diferença é conhecida tanto por astrólogos quanto por astrônomos. O próprio astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério Mourão, crítico da Astrologia, se irritava quando via jornalistas confundindo signos com constelações para desmerecer o tema.
O suposto “erro dos signos” já apareceu várias vezes na mídia internacional e brasileira:
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2011: CBS News e Veja sugeriram mudança dos signos e inclusão de Ofiúco como 13º signo.
2016: The Guardian e Smithsonian repercutiram a mesma ideia.
2020: Forbes e O Globo voltaram ao assunto.
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2024: Astronomy.com e G1 repetiram a tese.
2025: agora foi a vez do New York Times, com versão mais sofisticada da polêmica.
Apesar das roupagens diferentes, o erro central continua: confundir zodíaco astrológico com constelações astronômicas.
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Astrônomos lembram que o Sol passa pela constelação de Ofiúco, entre Escorpião e Sagitário. No entanto, isso não altera o zodíaco da Astrologia, que sempre terá 12 signos de 30° cada. Portanto, não existe um 13º signo.
Seu signo não mudou. O que muda, de tempos em tempos, é a forma como a imprensa retoma a confusão entre Astronomia e Astrologia. Para a Astrologia Ocidental, o zodíaco é fixo, baseado nos ciclos da Terra, e não nas constelações.
Em outras palavras: se você nasceu em 20 de setembro, continua sendo Virgem — independentemente da constelação que apareça no fundo do céu.
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