Cotidiano

Série francesa da Netflix pode ter inspirado roubo real no Museu do Louvre

Criminosos disfarçados de operários invadiram o museu e levaram joias da coroa francesa; caso revive trama da ficção e reacende debate sobre segurança em museus

Ana Clara Durazzo

Publicado em 20/10/2025 às 13:30

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

sequência do assalto foi tão bem executada que se tornou um marco visual da produção, contribuindo para sua popularidade global e para o sucesso de Omar Sy / Divulgação/Netflix/Emmanuel Guimier

Continua depois da publicidade

Um roubo digno de roteiro de cinema chocou Paris no último domingo (19). Joias da coroa francesa foram furtadas da Galerie d’Apollon, uma das salas mais icônicas do Museu do Louvre, cenário que ficou mundialmente famoso após aparecer na série Lupin, da Netflix.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O crime, ocorrido na vida real, parece ter seguido um plano surpreendentemente semelhante ao do personagem Assane Diop, interpretado por Omar Sy, que na trama realiza um assalto audacioso no mesmo local.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Roubo cinematográfico: ladrões usam guindaste e motosserras e levam milhões em joias do Louvre

• Museu do Louvre fecha na França neste sábado após ameaças por escrito

De acordo com o Ministério da Cultura francês, o grupo de criminosos, disfarçado de operários, conseguiu invadir o museu e fugir com oito joias de valor inestimável pertencentes ao acervo da coroa francesa. Uma nona peça, identificada como a coroa da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, foi recuperada danificada do lado de fora do museu.

Feita de ouro, a joia era adornada com 1.354 diamantes e 56 esmeraldas, e fazia parte da coleção exposta na galeria, que também abriga o famoso diamante Regent, avaliado em mais de US$ 60 milhões.

Continua depois da publicidade

A promotora de Paris, Laure Beccuau, afirmou que os ladrões não tinham como alvo o diamante, mas planejaram uma ação meticulosa. Ao menos sessenta investigadores estão mobilizados na busca pelos responsáveis, e o Louvre permaneceu fechado nesta segunda-feira (20) enquanto as investigações avançam.

A principal hipótese é de que o roubo tenha sido orquestrado por uma organização criminosa internacional, devido à precisão e ao tempo de execução do assalto.

Uma arte que imita a arte

O caso despertou imediatas comparações com a série Lupin, fenômeno da Netflix lançado em 2021. No primeiro episódio, o protagonista Assane Diop, um homem elegante e engenhoso inspirado no lendário ladrão Arsène Lupin, de Maurice Leblanc, elabora um plano para roubar um colar que teria pertencido à rainha Maria Antonieta, também exibido no Louvre.

Continua depois da publicidade

Na ficção, Diop infiltra cúmplices no museu durante um leilão, disfarça-se de faxineiro e manipula a equipe de segurança para executar o golpe — tudo em meio à multidão de visitantes. O detalhe curioso é que, na vida real, os assaltantes do Louvre também se passaram por prestadores de serviço, explorando a movimentação intensa do local e as vulnerabilidades do sistema de vigilância.

A semelhança não passou despercebida. O prefeito de Paris, Ariel Weil, comentou ao jornal Le Parisien:

'É claro que estamos em uma história de Arsène Lupin. É difícil imaginar que seja tão fácil roubar o Louvre.'

Continua depois da publicidade

Ficção, fama e realidade

A série Lupin se tornou um sucesso mundial ao combinar suspense, crítica social e o charme do anti-herói francês. A produção retrata Diop como um homem que busca vingança contra uma poderosa família parisiense, após seu pai ter sido falsamente acusado de roubo e morrer na prisão. O roubo ao Louvre, no enredo, é o ponto de partida de sua cruzada por justiça — e também o momento em que o público conhece sua inteligência, habilidade de disfarce e carisma.

Curiosamente, o Louvre raramente autoriza gravações de filmes e séries em suas galerias principais, mas abriu uma exceção para a equipe da Netflix filmar as cenas de Lupin. A sequência do assalto foi tão bem executada que se tornou um marco visual da produção, contribuindo para sua popularidade global e para o sucesso de Omar Sy. A quarta temporada da série está prevista para estrear no início de 2026.

Debate sobre segurança e patrimônio

O episódio reacende um debate sensível na França: a vulnerabilidade dos museus diante de roubos sofisticados. Nos últimos anos, o país registrou uma série de furtos de arte e patrimônio histórico, o que levanta questionamentos sobre os protocolos de segurança em instituições que guardam tesouros inestimáveis.

Continua depois da publicidade

A ministra da Cultura, Rachida Dati, declarou à emissora TF1 que o governo francês vai revisar as medidas de proteção em museus nacionais. 'A segurança do patrimônio é uma questão de soberania cultural. Precisamos garantir que esses símbolos da nossa história permaneçam intactos', afirmou.

Enquanto a polícia tenta rastrear o paradeiro das joias desaparecidas, o público se vê diante de um caso em que a realidade parece ecoar a ficção — uma lembrança de que, às vezes, o charme e a audácia de Arsène Lupin podem ultrapassar a tela e invadir a vida real.

TAGS :

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software