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Cotidiano

Sem água por dias, Ilhabela, no litoral de SP, desliga duchas nas praias

Entre as praias afetadas, estão as badaladas e mais procuradas, como Curral, Feiticeira e Ilha das Cabras, ao sul, e Saco da Capela

Folhapress

Publicado em 10/01/2019 às 20:00

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Ilhabela viu piorar a qualidade das praias na última medição da Cetesb / Reprodução

Sem fornecimento de água potável total ou parcial por sete dias, do Réveillon até a última segunda-feira (7), moradores e turistas que frequentam o arquipélago de Ilhabela, no litoral paulista, tiveram que apelar até para tomar banho no mar para superar o problema em pleno verão, quando é comum a temperatura chegar a 35ºC.

Ilhabela viu piorar a qualidade das praias na última medição da Cetesb, órgão estadual, no dia 10. Das 19 praias analisadas, 18 estão impróprias para banho. Apenas a praia do Pinto, ao norte do arquipélago, recebeu bandeira verde nesta semana. Na última semana de dezembro, eram apenas seis sem condições para nadar.

Entre as praias afetadas, estão as badaladas e mais procuradas, como Curral, Feiticeira e Ilha das Cabras, ao sul, e Saco da Capela, na região central, a mais procuradas por turistas brasileiros e estrangeiros que desembarcam na ilha por meio de transatlânticos.

A crise fez o prefeito Márcio Tenório (MDB) suspender o fornecimento de água nas duchas espalhadas por diversas praias do arquipélago, como Ilha das Cabras, Perequê, Pedra do Sino, Itaquanduba, Portinho, Pequeá, Praia Grande e Ponta Azeda, que seguem sem água.

O corte, desde o dia 2, ainda está em vigor. Enquanto as duchas estavam ligadas, havia filas intermináveis dos ávidos por um banho de água doce. Já alguns moradores e turistas tiveram que tomar banho no mar. O corretor de imóveis Hélio Alves Souza, 41, que visitava Ilhabela, foi um deles.

"Não saía uma gota de água no chuveiro da pousada e como estava perto da praia, eu e meus familiares resolvemos tomar banho no mar mesmo, com sabonete e tudo", queixou-se ele, no último dia 6.

O servidor público Carlos Eduardo Leme de Moraes Rosso, 39, morador de Ilhabela, afirmou que ficou sete dias sem abastecimento. Ele afirmou que precisou solicitar um caminhão-pipa para a Sabesp em duas ocasiões.

O jornalista Cacá Alberti, 53 anos, morador da cidade, diz que nunca enfrentou desabastecimento por tanto tempo. "Infelizmente a falta d'água acontece em toda temporada, mas nesta, nunca vi nada igual, por tanto tempo. E também nunca vi tanta gente em Ilhabela, acredito que deve ter batido todos os recordes".

Faltou água do Réveillon até o dia 5 em alguns bairros da parte mais alta da ilha. A situação se agravou na sequência: do dia 5 até o dia 7 a Sabesp cortou o fornecimento para toda a cidade, alegando forte chuva. O temporal durante a madrugada do dia 5 deixou a água dos reservatórios da empresa com muito barro. O fornecimento para toda a ilha foi retomado só nesta segunda.

Moradores de diversos bairros afirmam, porém, que já vinham sofrendo com a falta d'água desde o Natal nas regiões mais altas, como o bairro Alto da Barra Velha, um dos mais atingidos pela crise.

O desabastecimento atingiu também hotéis, pousadas e restaurantes, que estavam lotados. Alguns estabelecimentos foram atendidos com caminhões-pipa particulares, já que a água armazenada nas caixas d'água também havia acabado. A Sabesp disponibilizou oito deles para atender casas e instituições públicas.

Segundo a estatal, o desabastecimento ocorreu pelo excesso de turistas desde o Réveillon. A cidade, de 35 mil habitantes, recebeu aproximadamente 120 mil turistas somente no Ano-Novo. A prefeitura e a Sabesp não possuem planos emergenciais para evitar que o problema volte a ocorrer nos próximos finais de semana e Carnaval. Dependem exclusivamente da economia no consumo pelos moradores e turistas.

O litoral de São Paulo viu as condições das praias piorarem em 2018, segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo. A explicação para isso pode ser as chuvas, de acordo com a Cetesb. Enquanto as praias consideradas boas somavam 57 em 2017 em Ilhabela, São Sebastião, Ubatuba e Caraguatatuba, em 2018, o total caiu para 31.

As ruins, por sua vez, subiram de 5 para 17. Ilhabela teve só 2 pontos bons em 2018 -Sino e Curral-, ante 7 de 2017. Em Ubatuba, caíram de 22 para 16 e, em São Sebastião, de 20 para apenas 9. Já em Caraguatatuba, recuaram de 8 para 4.

A Prefeitura de Ilhabela anunciou que ampliará a capacidade de armazenamento de água em dois reservatórios, elevando a capacidade dos atuais 200 mil litros para três milhões de litros. Segundo o prefeito, em seis meses o reservatório da região sul estará concluído e o do norte, até a próxima temporada.

O investimento previsto é de R$ 10 milhões em reservatórios de água neste ano. O projeto, mais amplo, envolve tratamento de esgoto doméstico -atualmente só de 50% no arquipélago- e a dessalinização da água do mar.

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