Santos cozinha com sensação de 41ºC e supera o Rio de Janeiro; litoral sofre com calor

Quem desceu a serra nos últimos dias sentiu na pele: o ar parece não circular e a areia ferve logo cedo. O responsável por transformar as praias paulistas em uma verdadeira "sauna a céu aberto" nesta semana pós-Natal é um bloqueio atmosférico robusto. Segundo meteorologistas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e da Climatempo, um grande sistema de alta pressão atua como uma "tampa" sobre a região Sudeste, impedindo a formação de nuvens carregadas e forçando o ar quente a ficar estagnado sobre a superfície.

Dados do The Weather Channel consultados na tarde desta sexta (26) indicam que o calor em Santos superou o do Rio de Janeiro. A sensação térmica na cidade do eterno Pelé chegou aos 41ºC às 14h, enquanto na Cidade Maravilhosa ela era de 36ºC no mesmo horário.

'Tampa' de calor

A dinâmica é explicada pela física da atmosfera: esse sistema de alta pressão inibe o crescimento das nuvens verticais. Sem a barreira de nuvens, a radiação solar chega "limpa" e direta ao solo desde as primeiras horas da manhã, aquecendo rapidamente o ar e a água do mar. O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) aponta que esse padrão impede a renovação dos ventos, fazendo com que o mesmo ar quente fique "preso" sobre as cidades litorâneas, acumulando calor dia após dia.

Sensação Térmica

O desconforto, porém, vai além do termômetro. O que torna o calor no litoral de SP tão sufocante é a combinação desse aquecimento com a umidade natural do oceano. Especialistas explicam que, enquanto no interior o calor costuma ser seco, na praia a evaporação da água do mar satura o ar. O corpo humano tem dificuldade de suar para regular a temperatura nesse ambiente úmido, o que joga a sensação térmica para níveis muito acima do real — em Santos e Guarujá, por exemplo, termômetros marcando 33°C podem gerar uma sensação corporal acima dos 40ºC.

Nos próximos dias a tendência é a de que uma frente fria consiga romper este sistema.