Cotidiano

Morador de rua vive com a venda de bananas há mais de 50 anos em Itanhaém

Bastante popular na cidade, ele percorre vários bairros com as frutas e já faz parte da história do município

Nayara Martins

Publicado em 07/06/2021 às 07:48

Atualizado em 07/06/2021 às 08:48

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Sem ter uma moradia fixa ou um local para descansar ao anoitecer, Sabiá conta que, hoje, dorme em um local provisório, no posto de gasolina / Nayara Martins/Diário do Litoral

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Sabiá, um dos moradores de rua mais conhecidos e antigos em Itanhaém, percorre as ruas de vários bairros com sua bicicleta para vender bananas nanica e prata. Há mais de 50 anos na Cidade, ele se tornou uma pessoa bem popular entre os comerciantes e moradores e, assim, já faz parte da história do município.

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Nelson Mendes Figueiredo, bastante conhecido como Sabiá, de 72 anos, é um dos moradores de rua mais populares e antigos de Itanhaém. Há mais de 50 anos na Cidade, ele percorre as ruas, de bicicleta, para vender bananas em vários bairros e, assim, consegue ter uma renda mensal.

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Nascido na cidade de São Vicente, ele conta que não conheceu o pai ou a mãe, mas foi adotado por uma família do município de São Gonçalo de Sapucaí, em Minas Gerais. Porém, ele se desentendeu com a família e veio morar no litoral, na década de 1970.

Sabiá afirma que começou a vender as bananas para ter uma renda, há aproximadamente 15 anos. Ele oferece a fruta nos estabelecimentos comerciais pelas ruas de Itanhaém.

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"Já vendi também mariscos, mas hoje não tem mais como pegar os mariscos nas pedras, nem corruptos ou siri no mar".

Conta que compra as bananas direto com os feirantes, nas feiras livres realizadas durante a semana, nos bairros de Itanhaém.

"Vou em todas as feiras da Cidade, na terça acontece no Belas Artes, na quarta no Jardim Ivoty, na quinta no Jardim América, na sexta no Centro, sábado no Savoy e domingo no Jardim Oásis", frisa.

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Sabiá compra a banana nanica e a prata ao valor de R$ 3,00 a dúzia, mas as revende a R$ 5,00. "A banana da terra está muito cara, chegando a R$ 10,00 a dúzia e o pessoal não compra", salienta. Por dia, ele chega a vender 18 dúzias de nanica e 14 dúzias de prata.

Ele já possui vários clientes fiéis, como os comerciantes e conhecidos que compram as bananas na região central e nos bairros. "Na Cidade não tem ninguém que venda bananas a dúzia, somente nas feiras. Já vendi até jabuticaba que também compro na feira".

Um exemplo é o jornaleiro Gilson Pereira dos Santos, da Banca Jaime II, na avenida Rui Barbosa, no centro. "Compro sempre a banana nanica do Sabiá, porque não tenho tempo de ir à feira e, assim, o ajudo". Na sua opinião ele já faz parte da história da Cidade.

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ABRIGO

Sem ter uma moradia fixa ou um local para descansar ao anoitecer, Sabiá conta que, hoje, dorme em um local provisório, no posto de gasolina, localizado na rua João Mariano Ferreira, no bairro Vila São Paulo.

"Essa bicicleta comprei com o dinheiro que consegui guardar e paguei R$ 509,00", frisa. Mas que já lhe roubaram diversas bicicletas com as bananas, tanto durante o dia como à noite.

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Apesar de não ter família ou filhos, Sabiá gosta de morar em Itanhaém. "Sonho um dia, em receber o título de cidadão da Cidade", destaca. Lembra de alguns antigos conhecidos, citando o nome do empresário Jaime de Castro, já falecido, e da ex-vereadora Maria Eugênia.

VÍRUS

Ao ser questionado sobre o medo de pegar o coronavírus, neste período de pandemia, ele diz "nunca peguei o vírus, tenho medo é do veneno de cobra".

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Sabiá anda de bicicleta pelas ruas de Itanhaém, sem usar máscaras ou o álcool em gel, mas ao vender as bananas, ele as embala com cuidado em uma sacola plástica.

DOCUMENTOS

Sabiá já conta com os seus documentos pessoais.

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A coordenadora do Centro Pop, Maria Janete Andrade, mais conhecida como Mari, explica que ele tinha apenas a certidão de nascimento, com o registro de que nasceu em São Vicente. "Após várias tentativas é que conseguimos levá-lo pra tirar o RG e o CPF, mas foi difícil".

Lembra ainda que a intenção é de ir com ele, na próxima semana, até o posto de saúde para tomar a vacina da Covid-19, apesar de ele não querer ir se imunizar.

Uma das qualidades de Sabiá, descoberta em uma de suas visitas ao Centro Pop, é o seu dom para cantar músicas sertanejas. "Ele canta muito bem e tem ótima memória para gravar as letras de música", revela a coordenadora.

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