Cotidiano

Sabesp não resolve falta de água, mas propõe aumento de salários

Enquanto bairros sofrem com desabastecimento, executivos da companhia podem receber até R$ 65 milhões em 2025

Carlos Ratton

Publicado em 25/07/2025 às 06:40

Atualizado em 25/07/2025 às 09:51

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Em Conceiçãozinha, moradores enfrentam há dias o drama do desabastecimento de água potável / Pexels

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Primeiro foi a Vila dos Pescadores, em Cubatão. Depois, Vila dos Criadores, em Santos. Agora, é o bairro de Conceiçãozinha, em Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá, que está sofrendo com a falta de água. Um detalhe: pós privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). 

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Em compensação, recentemente, já privatizada, a Sabesp propôs um aumento no teto de remuneração para seus executivos, com um valor máximo de R$ 65 milhões anuais para o exercício de 2025, conforme divulgação em inúmeros veículos de comunicação impressos e online.  

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Em Conceiçãozinha, moradores enfrentam há dias o drama do desabastecimento de água potável — um direito básico violado em plena região urbana. Apesar das inúmeras reclamações e promessas de solução, a Sabesp segue sem atender adequadamente a população mais vulnerável, apesar do governador Tarcísio de Freitas ter prometido o contrário no Parque Valongo, em Santos, no início do ano, ao lado do CEO da Sabesp, Carlos Piani.  

Na Travessa Três de Maio, uma família está há quatro dias consecutivos sem água nas torneiras. O fornecimento, que já era irregular, foi cortado de forma completa, sem aviso, sem justificativa e, até agora, sem solução definitiva. Um caminhão-pipa chegou a ser enviado em caráter emergencial, mas não retornou. O que se vê são crianças e adultos carregando baldes, improvisando banhos em córregos e recorrendo à solidariedade de vizinhos para beber água.

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Além do Conceiçãozinha, há relatos de falta de água nos bairros Jardim Boa Esperança, Vila Zilda, Vila Edna e Perequê, todos em Guarujá. Em comum, a mesma resposta evasiva da Sabesp. Nenhum plano de ação foi apresentado publicamente. Nenhuma prestação de contas à população.

Esta semana, a Associação Guarujá Viva – Água Viva protocolou representação 0278.0000682/2025 junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo, exigindo apuração das falhas e medidas urgentes para restabelecer o fornecimento. 

Na Vila dos Pescadores (Cubatão) o abastecimento que já era ruim, piorou. O local, que recebia água potável regularmente, agora, passou a ter escassez do líquido. A comunidade já está se unindo para cobrar soluções das autoridades responsáveis e exigir respeito ao direito à água potável.

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A Vila dos Criadores (Santos) não sabe praticamente o que é um abastecimento decente.  

Altos salários 

Segundo inúmeras publicações sobre o aumento no teto de remuneração para seus executivos, com um valor máximo de R$ 65 milhões anuais para o exercício de 2025, o montante representa um aumento de 600% em comparação com os R$ 9,10 milhões desembolsados em 2024. 

A proposta de remuneração inclui valores para o conselho de administração, diretores e conselho fiscal. A Sabesp alega que essa reformulação busca alinhar a empresa com as práticas de mercado de empresas privadas de porte semelhante, atraindo e retendo talentos. 

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O Sindicato dos Urbanitários (Sintius) expressou indignação com a disparidade de tratamento, destacando que a remuneração dos trabalhadores da base não acompanha o aumento proposto para os executivos, conforme divulgado.

Município

É importante lembrar que, em janeiro deste ano, a Prefeitura de Guarujá anunciou a criação de um grupo de trabalho para fiscalizar os serviços da Sabesp na cidade. A promessa era de vigilância, qualidade e diálogo com a população. 

No entanto, nenhum relatório foi apresentado oficialmente, nenhuma informação foi tornada pública, e nenhum canal de participação da sociedade civil foi criado. Outro lembrete: a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (ARSESP) também permanece em silêncio. 

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Sabesp 

A Sabesp informa que o atendimento às famílias que vivem em áreas informais é uma das novidades trazidas pela desestatização da Sabesp. A Companhia passou a poder atuar em comunidades ainda não regularizadas formalmente, desde que haja autorização do município e não sejam locais de proteção ambiental. Antes, a empresa não podia instalar infraestrutura nesses locais.

De janeiro de 2024 a junho de 2025, cerca de 80 mil pessoas passaram a contar com abastecimento regular de água potável na Baixada Santista, enquanto outros 135 mil foram beneficiados com acesso ao tratamento de esgoto. Comunidades de baixa renda estão entre os locais beneficiados.

O Jardim Conceiçãozinha é um dos locais com obras em andamento para regularizar as ligações. Estão sendo instaladas novas redes, ramais e ligações de água e esgoto e a previsão é que os trabalhos sejam concluídos em três meses.

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Na Vila dos Criadores, a Sabesp mantém tratativas com a Prefeitura de Santos para obter a autorização para iniciar a implantação dos sistemas de saneamento no local. A Vila dos Pescadores, em Cubatão, onde predominam as ocupações irregulares, também será contemplada no plano de investimentos que irão reforçar a infraestrutura disponível nas cidades e universalizar o atendimento até 2029.

A Companhia lembra ainda que as ligações irregulares desviam água do sistema, prejudicando a estabilidade do abastecimento das áreas formais do entorno. A Sabesp está executando um plano de investimentos de cerca de R$ 70 bilhões até 2029, que vai garantir a universalização dos serviços de água e esgoto em 371 cidades onde opera - antecipando em 4 anos a meta nacional.

O novo contrato estabeleceu metas claras e a aplicação dos Fatores Q e U, que avaliam a Qualidade do serviço prestado e o alcance das metas de Universalização, com sanções que impactem a receita da empresa em caso de descumprimento. 

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Assim, quanto melhor o serviço prestado e mais rápida a instalação da infraestrutura, maiores os benefícios à população e a remuneração obtida.

A remuneração da Diretoria Executiva também é influenciada pelo atingimento de metas. A menor parte do valor é fixa, enquanto a maior parcela é vinculada ao cumprimento de metas corporativas, como critérios ESG que incluem a ampliação da coleta e tratamento de esgoto e a ocorrência de acidentes. Essa fatia maior só é paga em caso de entrega das metas.

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