Cotidiano

Sabesp injeta dinheiro na Copa Truck e ignora falta d'água no litoral

Enquanto a população sofre com o desabastecimento, Nova Sabesp destina recursos ao esporte. O Ministério Público de São Paulo será acionado por conta da situação

Carlos Ratton

Publicado em 11/04/2025 às 06:40

Atualizado em 11/04/2025 às 14:29

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Em nota, a Água Viva explica afirma ser uma clara inversão de prioridades / Reprodução/Instagram e Pexels

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Enquanto vários bairros de Guarujá e Vicente de Carvalho sofrem com o desabastecimento de água, como Perequê, Paecará, Jardim Santense, Conceiçãozinha, Morrinhos, Enseada, Vila Áurea, jardins Boa Esperança e Virgínia, gerando até um abaixo-assinado, uma denúncia no Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e reuniões envolvendo a Prefeitura e a Câmara de Vereadores, a Nova Sabesp destina recursos públicos ao patrocínio de eventos como a Copa Truck. O MP-SP será novamente acionado por conta da situação.   

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A informação chegou essa semana ao Diário do Litoral por intermédio de um leitor que encaminhou até imagens do caminhão repleto de propaganda. Na primeira semana de abril, mais de 15 mil moradores da cidade passaram vários dias sem água.

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Recentemente, foi realizada até uma audiência pública, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, organizada pela Associação Guarujá Viva e convocada pelo deputado estadual Mário Maurici (PT), presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente da Baixada Santista, em que foram apresentadas questões que a empresa, agora privatizada, terá que ‘correr atrás’ para justificar a falta de investimentos na Cidade e na Baixada Santista.   

“O dinheiro que deveria ser investido em saneamento básico e fornecimento de água é gasto em corrida de caminhões. Um absurdo”, afirma o engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Água Viva, entidade que emitiu uma nota de repúdio em relação a opção da empresa.    

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Em nota, a Água Viva explica afirma ser uma clara inversão de prioridades, que desrespeita a população e agride os princípios básicos da gestão pública responsável. 

Também acrescenta que a realidade da população contrasta violentamente com a imagem publicitária que se pretende vender e que não há justificativa ética, técnica ou moral para priorizar gastos com entretenimento enquanto bairros inteiros convivem com esgoto a céu aberto, surtos de virose e a interrupção frequente do abastecimento de água.

“Colocar dinheiro em corrida de caminhão enquanto falta água e as praias apodrecem é uma afronta. Como é que pode a Sabesp não investir, prometer investir, dizer que investiu no passado e a gente não vê o resultado? Falta água em Guarujá, falta água na Baixada, é problema de poluição das praias, poluição de rios, a coisa é grave. E eles estão investindo em corrida de caminhão! Que coisa é essa? Que falta de respeito”, afirma o engenheiro. 

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Diante da nova realidade, a Água Viva está solicitando que a Nova Sabesp – privatizada pelo Governo Tarcísio de Freitas – apresente transparência total sobre os valores destinados ao patrocínio da Copa Truck, a origem orçamentária desses recursos, as cláusulas contratuais e os critérios utilizados para essa escolha. “Mais do que isso, exigimos a imediata destinação dos recursos públicos às necessidades reais e urgentes da população”, afirma em nota. 

A Água Viva está solicitando ao MP-SP a apuração da destinação de verbas públicas para fins publicitários e o evidente descaso com o saneamento básico na Baixada Santista. “Água não é favor. É direito. E o respeito à dignidade da população precisa vir antes da imagem da marca”, finaliza.

Nova Sabesp

Procurada, a nova Sabesp não respondeu sobre a questão denunciada, mas apenas ratificou o que já foi anunciado quando da vinda a Santos pelo governador Tarcísio de Freitas, para justificar a privatização. Que vai investir R$ 7,5 bilhões em saneamento na Baixada Santista, até 2029. 

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As obras vão ampliar os sistemas de água e esgoto na região, beneficiando tanto os moradores quanto os turistas. Deste montante, R$ 3 bilhões já estão contratados e com serviços sendo executados. O valor é quase três vezes o total de recursos investidos na região de 2017 a 2024 (R$ 400 milhões/ano), antes da desestatização.

O plano de universalização da nova gestão da Sabesp até 2029 também levará água de qualidade, coleta e tratamento de esgoto para comunidades informais, que não podiam ser atendidas pela empresa no contrato de concessão anterior. Agora, com autorização das prefeituras, a Companhia pode atuar. Ainda em 2025, 40 mil residências da Baixada Santista passarão a ter conexões de água e esgoto.

Um dos principais investimentos é o de R$134,7 milhões para a travessia subaquática Santos/Guarujá que levará mais água para a população. O projeto consiste na instalação de uma tubulação sob o canal do Porto de Santos para transportar até o Guarujá parte da água que é produzida na Estação de Tratamento de Água (ETA) Cubatão. 

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A obra beneficiará mais de 450 mil pessoas e tem o objetivo de garantir a segurança hídrica na região e deve ser concluída no segundo semestre de 2026. A travessia terá 5,56 km de extensão, sendo 700 metros de travessia subaquática, ou seja, sob o canal do Porto. 

A capacidade de abastecimento impressiona: 500 litros a mais de água por segundo para a cidade - volume que enche uma piscina olímpica em apenas uma hora.  

A Sabesp também já entregou e continuará entregando outras obras de fornecimento de água e de coleta e tratamento de esgoto na região. No Guarujá, por exemplo, está em fase final de obra o reservatório de água para os bairros de Morrinhos, Jardim Brasil, Ciro Alves, Vila Zilda e Vila Edna, que beneficiará 76 mil pessoas e tem previsão de ser entregue em abril de 2025; além de contrato de eficiência operacional e redução de perdas.

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