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Cotidiano

Rússia mantém embargo à carne, apesar da intervenção de Dilma

Frustrando a expectativa do setor de anúncio de um acordo, as autoridades de Moscou disseram que ainda analisam documentos e informações.

Bárbara Farias

Publicado em 15/12/2012 às 00:48

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A intervenção da presidente Dilma Rousseff não foi suficiente para convencer o governo da Rússia a suspender o embargo à importação de carne de três Estados brasileiros, em vigor há um ano e meio. Frustrando a expectativa do setor de anúncio de um acordo, as autoridades de Moscou disseram que ainda analisam documentos e informações apresentadas por Brasília.

Em entrevista coletiva, Dilma disse que o Ministério da Agricultura do Brasil "estava equivocado" quando informou há duas semanas que a Rússia havia decidido retomar as importações de carnes do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. Além do embargo russo, o Brasil enfrenta problemas relacionados à confirmação de um caso de doença da vaca louca em 2010, que levou Japão, África do Sul e China a anunciarem a interrupção das compras de carne bovina do país.

A presidente disse que o governo está investigando as razões do atraso de 14 meses na divulgação do problema, que atingiu uma animal do Paraná. A demora levantou suspeitas de falta de transparência e de interferência na vigilância sanitária. "No caso dos últimos embargos, da China e do Japão, nós vamos batalhar primeiro para esclarecer, porque é um caso muito localizado", declarou Dilma. Em sua opinião, as medidas são "absolutamente normais" e foram tomadas pelos governos desses países para "proteger suas populações".

Na tarde desta sexta-feira, a brasileira se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, a quem pediu o fim do embargo aos três Estados, imposto em junho de 2011 em razão de supostos problemas sanitários sem nenhuma relação com suspeitas de vaca louca.

Na entrevista, a presidente também se equivocou e sustentou que a restrição atinge apenas carne suína - na verdade ela abrange bovinos, suínos e frangos. "Expressei a expectativa pelo pronto restabelecimento do comércio de carne suína do nosso país e do fim do embargo aos três Estados brasileiros", disse a presidente ao lado de Putin depois do encontro que tiveram no Kremlin. A presidente ressaltou que o lado russo "não tocou" no tema da vaca louca.

Antes da reunião de Dilma com Putin, representantes do setor de carnes que integravam a delegação brasileira manifestaram a expectativa de que o embargo seria suspenso. "Espero que a presidente ganhe de presente de aniversário do presidente Putin a retomada das importações e a manutenção das compras do Brasil", expressou o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Marfrig, João de Almeida Sampaio. A presidente completou 65 anos nesta sexta.

Segundo ele, o impacto da suspensão da importação de carne brasileiras por Japão, África do Sul e China é mínimo, já que eles respondem por menos de 1% da vendas externas do setor. "Eu ficarei surpreso se o embargo não for suspenso", disse Pedro de Camargo Neto, presidente executivo da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs), antes do encontro entre os presidentes.

Dilma não conseguiu o fim do embargo, mas obteve acordo no caso de certificação de carne suína que levou à suspensão dos embarques há uma semana. Os dois países aprovaram um processo de certificação pelo qual os produtores comprovarão que os suínos exportados à Rússia não receberam ractopamina - um aditivo alimentar que reduz a gordura e aumenta a quantidade de carne no animal.

A Rússia é o principal o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, com US$ 1 bilhão em 2011. Também é o segundo maior comprador de carne suína (US$ 391 milhões no ano passado) e está entre os principais importadores de frango (US$ 120 milhões). No total, o setor respondeu por 36% das exportações de US$ 4,2 bilhões do Brasil à Rússia no ano passado.

Na avaliação do representante da Marfrig - que está entre os principais produtores de carnes do Brasil -, houve "alarmismo e precipitação" na decisão de Japão, África do Sul e China de suspender as importações do Brasil.

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