Cotidiano
Projeto-piloto utiliza vegetação e solo permeável para drenar água da chuva e evitar alagamentos em áreas críticas da cidade
Prefeitura deu início a uma série de iniciativas que repensam o espaço urbano com foco ambiental / Divulgação/PMS
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Diante dos desafios crescentes das mudanças climáticas e dos eventos extremos de chuva, a cidade de Santos aposta em soluções urbanas inovadoras para enfrentar os alagamentos. A mais recente medida é o lançamento da primeira rotatória verde, um projeto-piloto que alia sustentabilidade e engenharia urbana para melhorar o escoamento da água em pontos estratégicos.
Instalada no cruzamento da Avenida Governador Fernando Costa com a Rua Maria Máximo, na Ponta da Praia, a nova rotatória foi pensada para substituir o asfalto por vegetação e solo drenante, permitindo que a água da chuva seja absorvida diretamente pelo solo. A medida contribui para reduzir significativamente o risco de acúmulo de água e os impactos de enchentes em dias de temporais.
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A proposta integra o programa Santos Sustentável, lançado em março de 2025 pela Prefeitura, com foco em soluções baseadas na natureza. O eixo chamado “Mais verde, menos asfalto” visa transformar áreas asfaltadas em superfícies permeáveis, reduzindo a impermeabilização do solo, uma das principais causas dos alagamentos urbanos.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (Semam), a estrutura da nova rotatória foi projetada para funcionar como uma “esponja verde”. O solo recebeu camadas permeáveis, 80 metros de grama e o plantio de 30 guaimbês e três árvores nativas da Mata Atlântica, criando um ecossistema que favorece a absorção da água e o retorno gradual ao lençol freático.
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“Funciona como um grande ralo verde”, explica o arquiteto Alessandro Lopes, da Secretaria de Prefeituras Regionais (Sepref), destacando a eficiência do modelo como alternativa ao sistema convencional de drenagem, muitas vezes sobrecarregado durante chuvas fortes.
A iniciativa também contribui para o controle de ilhas de calor e para a valorização ambiental do espaço urbano. Mas o foco, segundo a Prefeitura, é claro: enfrentar as enchentes com soluções sustentáveis, eficazes e de baixo custo.
Outras rotatórias e esquinas da cidade estão sendo mapeadas para receber projetos semelhantes, com o apoio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos). A proposta é transformar o modelo urbano, tornando a cidade mais resiliente às chuvas intensas e adaptada às novas demandas climáticas.
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Para o prefeito Rogério Santos, a estratégia é unir infraestrutura verde e planejamento urbano. “Estamos reconectando a cidade à natureza e ocupando áreas hoje cobertas por asfalto com soluções que previnem enchentes e ainda embelezam o espaço público”, afirma.
Segundo o secretário da Semam, Glaucus Farinello, pensar o futuro das cidades exige integrar as questões ambientais ao planejamento urbano. “Não adianta projetar a cidade sem considerar os impactos ambientais. Cuidar do meio ambiente também é garantir segurança e bem-estar para a população”, diz.
Além das rotatórias, o programa Santos Sustentável já implementou outras ações que favorecem a drenagem urbana, como corredores verdes, pomares urbanos, matas em áreas urbanizadas e revisão do Plano de Arborização. A meta é plantar 10 mil novas árvores em quatro anos, chegando a 45 mil na área insular da cidade, ampliando a cobertura vegetal e ajudando a conter os impactos das chuvas intensas.
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Transformar calçadas áridas, praças e faixas zebradas em jardins funcionais é mais do que paisagismo — é uma política pública para conter alagamentos, melhorar o microclima e devolver o espaço urbano à população.