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Cotidiano

Roberto Azevêdo, da OMC, pode cancelar reunião em Bali

O impasse ocorre no setor agrícola. Os países emergentes exigem um "pagamento antecipado" e que as economias ricas se comprometam em reduzir em 50% seus subsídios às exportações agrícolas

Publicado em 13/11/2013 às 11:43

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O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, estabeleceu um prazo, até o fim da semana, para que governos superem suas diferenças na OMC e sugeriu que, se isso não ocorrer, os países devem simplesmente abandonar a ideia de uma negociação na conferência de Bali, em menos de um mês. "Agora é tudo ou nada", disse Azevêdo na terça-feira, 12, aos governos. Para diplomatas consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo, um fracasso seria o "enterro definitivo" da Rodada Doha, morta para muitos, mas sem o reconhecimento oficial ainda de seu fim.

O impasse ocorre no setor agrícola. Os países emergentes exigem um "pagamento antecipado" e que as economias ricas se comprometam em reduzir em 50% seus subsídios às exportações agrícolas. Para os Estados Unidos e a Europa, esse compromisso não pode fazer parte de um acordo em dezembro, mas sim a partir de 2014.

Vivendo uma crise há anos, a OMC chegou a um ponto crítico. Em Bali, um acordo parcial poderia salvar a credibilidade da organização. Mas um novo fracasso da Rodada Doha jogaria a entidade para a irrelevância. Azevêdo optou por apresentar um pacote com poucos itens e que apenas crie uma base para que o processo continue. Mas nem assim conseguiu uma convergência de posições.

Há uma semana, o brasileiro optou por estabelecer a data de ontem, 12, como o prazo para definir se Bali deveria ocorrer ou não. Mas pressionado por diversos governos e diante de tímidos progressos, ele optou por estender o prazo até o fim de semana. "Estamos muito próximos do sucesso para aceitar o fracasso", apontou. Azevêdo aceitou dar mais "alguns dias". Mas alertou para o fato de que não há como negociar um pacote em Bali e que tudo precisa estar fechado até o final da semana.

Roberto Azevêdo, estabeleceu um prazo para que governos superem suas diferenças na OMC e sugeriu que, se isso não ocorrer, os países devem simplesmente abandonar a ideia de uma negociação na conferência de Bali (Foto: Divulgação/MRE)

O brasileiro admitiu que esperava dizer ontem aos governos que "mais sangue teria de ser jogado, mas que o lutador não morreria nessa arena". "Eu esperava poder dizer que ele viveria para lutar um dia mais. Mas eu não posso dizer isso e acho que o risco de um fracasso ainda está presente", alertou. Mas Azevêdo também admitiu que não tem ainda como decretar o fim do processo e já começar a reconsiderar o futuro da OMC.

O obstáculo maior continua sendo a recusa de países ricos de ceder em um acordo para limitar os subsídios agrícolas, enquanto insistem em sair de Bali com um entendimento para reduzir as barreiras técnicas em aduanas de todo o mundo.

Nos últimos dias, Brasil, Argentina e outros países emergentes deixaram claro que o pacote de Bali está desequilibrado, e Buenos Aires chegou a alertar que, se não sair da conferência com ganhos em agricultura, bloqueará o resto do acordo.

Para europeus e americanos, qualquer compromisso com um corte de 50% em subsídios a exportação teria de entrar em um acordo mais amplo, e que seria negociado a partir de 2014.

Já os emergentes alegam que a única coisa que querem é que pelo menos parte o acordo fechado pela OMC em 2005 seja cumprido. Naquele momento, em Hong Kong, a entidade havia estabelecido que, em 2013, os subsídios seriam eliminados.

Prazo

Azevêdo não colocou um novo prazo para um acordo. Mas deu a entender que o fim de semana que vem será a última chance de um acordo. O brasileiro também convocou os governos para que levem a Genebra os funcionários de alto escalão, justamente para evitar que, no meio de um debate, um embaixador tenha de dizer ao restante do grupo que precisa de tempo para consultar a Capital. Mas se um acordo não for atingido, a conferência de Bali será totalmente esvaziada e um dos poucos acontecimentos será a adesão do Iêmen na entidade. Para Azevêdo, isso significará que o restante de seu mandato se limitará a administrar uma entidade abandonada.

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