Cotidiano

Rebeldes sírios tomam base; guerra já deixou mais de 500 mil refugiados

Trata-se da segunda grande base capturada no norte do país pelos rebeldes, que têm acumulado vitórias.

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 12/12/2012 às 07:38

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Insurgentes sírios tomaram nesta terça-feira (11) o controle da base militar xeque Suleiman, após dois dias de confrontos que deixaram pelo menos 35 soldados do governo mortos, informou o grupo ativista Observatório Sírio pelos Direitos Humanos. Trata-se da segunda grande base capturada no norte do país pelos rebeldes, que têm acumulado vitórias na área nas últimas semanas e realizado incursões para o sul, na direção de Damasco, onde fica a sede do governo de Bashar Assad.

Entre os rebeldes que tomaram a base, estão combatentes da Jabhat al-Nusra (Frente para a Vitória), um grupo islamita que na noite de segunda-feira foi listado como organização terrorista pelo governo dos Estados Unidos. A Jabhat al-Nusra, segundo os EUA, é ligada à Al-Qaeda no Iraque.

Também nesta terça-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) informou que o número de refugiados sírios registrados ou em processo de registro ultrapassou 500 mil.O Observatório Sírio, sediado em Londres, disse que a batalha pela base xeque Suleiman, que fica nas proximidades da cidade de Alepo, foi encerrada quando os rebeldes tomaram o principal complexo e os armazéns que abrigavam o centro de pesquisas militar.

Também em Alepo, a maior cidade e centro comercial do país, quatro salvas de morteiros atingiram o bairro de xeque Maksoud - habitado predominantemente por curdos - matando 11 pessoas e ferindo dezenas nesta terça-feira. Dentre os mortos há três crianças e duas mulheres, informou o Observatório.

O grupo afirmou que combatentes de grupos jihadistas, dentre eles a Jabhat al-Nusra, o Conselho Mujahedin Shura e Os Muhajiriin participaram na batalha pela tomada da base militar. A Jabhat al-Nusra, que conta com sírios e estrangeiros em suas fileiras, é uma das unidades de combate mais eficientes do lado rebelde. Mas o Ocidente teme que tais grupos jihadistas "sequestrem" a revolta para derrubar o presidente Bashar Assad.

Na segunda-feira, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton colocou a Jabhat al-Nusra na lista de organizações estrangeiras terroristas. A medida congela os ativos dos seus integrantes que possam estar em jurisdições norte-americanas e proíbe cidadão dos Estados Unidos de fornecer apoio material ao grupo.

A medida é meramente simbólica, pois não se acredita que o grupo tenha bens ou apoio nos Estados Unidos, mas a expectativa é que a decisão encoraje outros países a tomar ações semelhantes e desencoraje os sírios a se juntarem ao grupo. A decisão norte-americana é parte de um pacote que tem como objetivo ajudar a liderança do recém-formado Conselho Opositor Sírio a melhorar sua posição e credibilidade, na medida em que avança no planejamento de um futuro pós-Assad.


Ataques contra vilarejo alauita

O Observatório Sírio pelos Direitos Humanos informou nesta terça-feira que uma série de ataques a bomba deixaram pelo menos 125 mortos e feridos no vilarejo de Aqrab, na província de Hama, na Síria central. O vilarejo é habitado por alauitas, dissidência do Islã xiita à qual pertence Bashar Assad.

Os ataques a bomba seriam uma vingança contra os alauitas por outra matança, que teria sido executada por milícias do governo sírio contra o vilarejo vizinho de Houla, habitado por muçulmanos sunitas. "Não podemos dizer se os rebeldes estão por trás desse ataque a Aqrab, mas se estiveram, seria a maior vingança em larga escala contra os alauitas", disse Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório.

Número de refugiados passa de 500 mil

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou nesta terça-feira em Genebra que mais de 500 mil sírios foram registrados como refugiados ou estão em processo de registro em quatro países vizinhos à Síria ou nos países do Norte da África.

Segundo o ACNUR, o número de refugiados sírios aumenta a uma média diária de três mil. "No total, 425.160 refugiados sírios estão registrados e outros 84.399 estão em fase de registro", disse Melissa Fleming, porta-voz do ACNUR.
Ela disse que, ao contrário da percepção geral difundida, apenas 40% dos refugiados vivem no momento em acampamentos.
"A maioria vive fora dos campos, frequentemente em casas alugadas, com famílias, em escolas ou centros de acomodação", disse.

No Líbano e nos países do Norte da África, por exemplo, não foram montados acampamentos. Os refugiados sírios vivem em comunidades urbanas e rurais. Na Jordânia, apenas 24% vivem nos acampamentos. No Iraque, metade estão nos acampamentos, mas na Turquia o total de refugiados registrados vive em acampamentos administrados pelo governo local. Atualmente existem 14 acampamentos de refugiados sírios na Turquia, três na Jordânia e três no Iraque.

Segundo os números mais recentes do ACNUR, o número de refugiados sírios no dia 10 era de 154.387 no Líbano; 142.664 na Jordânia; 136,319 na Turquia; 64.449 no Iraque; e 11.740 nos países do Norte da África (Egito, Argélia, Tunísia e Líbia).

Fleming disse que, além dos sírios registrados como refugiados e dos que aguardam registro (o que permite receber alimentos e algum auxílio monetário da ONU), centenas de milhares de pessoas que fugiram não procuraram o ACNUR.

A ONU estima que 100 mil sírios não registrados como refugiados estão na Jordânia, enquanto outros 70 mil não registrados na Turquia. O Egito estima que 70 mil sírios que fugiram da guerra vivem atualmente no país, a maioria no Cairo.

Ela disse que a partir do começo de novembro o número de sírios que buscaram registro subiu a 3.200 por dia, o que inclui pessoas recém chegadas da Síria. "Nós esperamos que aumente o número de sírios que lutam para sobreviver nas economias dos países vizinhos e que poderão buscar registro no ACNUR, à medida que suas reservas são gastas e que as famílias e comunidades que os abrigam não conseguem mais sustentá-los", disse.

Na segunda-feira, como parte dos esforços para atender os refugiados no inverno, que se aproxima no hemisfério norte, o ACNUR recebeu aquecedores a gás da Noruega. As temperaturas estão caindo a cada dia, principalmente nas montanhas da Turquia, Líbano e Jordânia, onde estão a maioria dos refugiados

As informações são da Associated Press, Dow Jones e do site do ACNUR.

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