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Cotidiano

Reajuste no preço do ônibus é de R$ 0,50 nos morros de Santos

Moradores são obrigados a arcar com um reajuste maior por conta das duas conduções

Carlos Ratton

Publicado em 17/01/2019 às 08:00

Atualizado em 17/01/2019 às 11:07

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Moradores do Santa Maria, Vila Progresso e Cruzeiro são obrigados a pagar reajuste em o dobro / Nair Bueno/DL

Enquanto os moradores da Vila Belmiro, Campo Grande, Gonzaga e demais bairros de Santos estão tendo que desembolsar R$ 0,25 a mais na passagem os ônibus municipais, os que moram nos morros Santa Maria, Vila Progresso e Cruzeiro são obrigados a pagar o reajuste  em dobro – R$ 0,50. A informação em tom de revolta é do vereador Lincoln Reis (PR), que está cobrando do Executivo a integração para minimizar os prejuízos de centenas de trabalhadores.

O reajuste tarifário do transporte público coletivo de Santos entrou em vigor no último domingo (13), quando a passagem passou de R$ 4,05 para R$ 4,30, aferindo R$ 0,25 por passagem. “Ocorre que os cidadãos que moram nesses três morros tem que utilizar duas conduções, ônibus e vans, sendo o primeiro para levá-los no pé do morro e o segundo para suas residências, gastando R$ 8,60 para ir trabalhar e o mesmo valor para voltar para casa”.

Atualmente, segundo Reis, 55 permissionários trabalham com vans levando cerca de cinco mil moradores para os três morros santistas. “Parece que existe duas Santos. A integração dos ônibus municipais com o VLT (Veículos Leves Sobre Trilhos) já foi feita. Por que não fazem com as vans, proporcionando o pagamento de apenas uma passagem?”, questiona o parlamentar.

O vereador disse que o projeto que prevê a integração estaria nas mãos do diretor-presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Rogério Vilani. “Vai acabar o governo e os moradores dos morros continuarão a pagar duas passagens. Qual a dificuldade em resolver?”, questiona Reis.

Ele acredita que o aumento está penalizando o lado mais fraco da população e que muitos trabalhadores irão sofre ainda mais para ganhar o sustento familiar por conta custo do transporte. “Muitos patrões se recusam a pagar duas conduções, pois alega que o funcionário não mora em outro município. Tem gente subindo a pé debaixo de sol e chuva. É desumano. O transporte público precisa ser eficaz, honesto e digno”, dispara.

Prefeitura

A Prefeitura afirma um estudo para integração dos dois sistemas está em fase de conclusão pela CET de Santos. A proposta prevê alterações em itinerários de algumas linhas de ônibus e de autolotações, necessárias para viabilizar a integração, e deverá ser apresentada ainda no primeiro semestre deste ano.

A Administração lembra que o sistema de autolotação foi concebido há anos, de forma independente ao serviço de transporte coletivo, para atendimento aos moradores das áreas mais elevadas dos morros da Cidade nas quais o acesso dos ônibus é inviabilizado pelas limitações das vias.

Reajuste é questionado por munícipe e Telma de Souza

Vale lembrar que o munícipe Marcos Antônio Marques ingressou com uma representação na Defensoria Pública da União (DPU) contra o reajuste das tarifas. Segundo ele, o óleo diesel teve uma redução de R$ 0,46 e os R$ 0,25 a mais cobrado na passagem é uma cifra acima da infração.

Paralelamente, a vereadora Telma de Souza (PT) encaminhou requerimento ao prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) e a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET), solicitando a suspensão do reajuste.  

Segundo Telma, o aumento pegou a população de surpresa. e que o tema não foi debatido com a sociedade e nem passou pela Câmara. Como o munícipe, a vereadora afirma que o fato do reajuste apresentar percentuais de 6,2%, acima da inflação do período, que registrou 4,05%, causa indignação.

Ela acredita que justificativas como o valor do combustível, o pagamento do dissídio dos funcionários da empresa responsável pelo serviço de transporte público e o aumento de insumos não justificam o reajuste.

Segundo a parlamentar santista, que já foi prefeita de Santos, há dificuldades de comprovação dos dados e que o serviço apresenta problemas como longa espera nos pontos, superlotação das linhas nos horários de pico, oscilação negativa do wi-fi e a frota não é 100% climatizada.

Prefeitura

A Prefeitura de Santos não mencionou a questão do munícipe e revelou que não recebeu o requerimento da vereadora. No entanto, alerta que o sistema transporta mais de 100 mil passageiros/dia, com a frota fazendo cerca de cinco mil viagens diariamente. No total, os coletivos rodam mais de 51 mil quilômetros.

“É essa informação que deve ser considerada em relação à tarifa e não o tamanho da Cidade”, afirma a nota, completando que o reajuste está previsto em contrato e é calculado com base nos custos específicos do setor de transporte, cujos veículos climatizados recebem manutenção preventiva e a higienização é diária, sob fiscalização pela CET permanentemente.

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