O animal foi localizado pelo aposentado Edson Tadei durante uma caminhada matinal / Arquivo Pessoal/Edson Tadei
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A aparição de uma raia-viola morta na praia entre Bopiranga e Califórnia, em Itanhaém, chamou atenção de moradores e especialistas nesta quarta-feira (3). A espécie, também conhecida como cação-viola ou peixe-guitarra, está classificada como criticamente em perigo de extinção e raramente é vista tão próxima da costa.
O animal foi localizado pelo aposentado Edson Tadei durante uma caminhada matinal. A esposa dele, Ana Lúcia Tadei, contou que a cena chamou atenção pela aparência incomum do peixe, cuja forma lembra uma mistura de tubarão com raia.
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A descoberta reacendeu preocupações sobre os impactos da pesca e das mudanças no ambiente marinho da região.
Segundo o biólogo marinho Eric Comin, um adulto de raia-viola pode chegar a 1,90 metro e pesar cerca de 45 quilos. O exemplar encontrado tinha pouco mais de um metro. O formato do corpo, que lembra um violão, dá origem ao nome popular.
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Apesar da aparência, trata-se de um animal dócil, que não possui ferrão na cauda e se alimenta de crustáceos e moluscos.
A espécie vive próxima ao fundo do mar, em regiões de areia, lodo ou cascalho, onde costuma se enterrar durante o dia para descansar.
À noite, sai para buscar alimento. Trata-se de um elasmobrânquio, grupo que inclui tubarões e outras raias, caracterizado por possuir esqueleto cartilaginoso.
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Ao analisar a imagem registrada pelo morador, Comin identificou o que pode ser um ferimento acima dos olhos do animal. Uma das hipóteses é que a raia tenha sido capturada incidentalmente por pescadores e descartada no mar após a morte.
Outra possibilidade é que o animal tenha encalhado ao acompanhar a maré durante a caça e não conseguido retornar para a água.
Ambas as situações, segundo o biólogo, são comuns entre espécies que vivem no fundo e transitam próximo à costa em períodos de alimentação.
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A pesca do cação-viola tem gerado preocupação crescente entre pesquisadores, já que a espécie apresenta grande sensibilidade populacional.
Comin explica que a captura deve ser evitada, inclusive na modalidade esportiva, por conta do elevado risco de declínio populacional.
Ele reforça que o termo “cação” usado no comércio é genérico e pode englobar diversas espécies ameaçadas. Além do impacto ambiental, há risco ao consumo humano em alguns casos, já que certos peixes apresentam bioacumulação de metais pesados como mercúrio e chumbo.
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