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Cotidiano

'Quero fazer um mandato como ninguém nunca viu', afirma Kenny Mendes

Em entrevista ao Diário, o deputado eleito pelo Progressistas não esconde o orgulho de representar a Baixada Santista

Carlos Ratton

Publicado em 27/10/2018 às 08:30

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Kenny diz que não vê a hora de arregaçar as mangas / Rodrigo Montaldi/DL

Ele obteve 117.567 votos e conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Em entrevista ao Diário, Professor Kenny Mendes (Progressistas) não esconde o orgulho de representar a Baixada Santista e diz que não vê a hora de arregaçar as mangas. Confira:    

Diário – Parece que você tinha certeza que seria eleito. É isso?

Kenny Mendes – Eu tinha certeza que do trabalho realizado como vereador e também o retorno dado nas ruas pela população. Eu raramente fico atrás da mesa. Eu tive uma votação expressiva para vereador, até mais do que eu esperava, e isso me mantinha otimista.

Diário – Você teve votos fora de Santos?

Kenny – Sim, em pelo menos 238 cidades.

Diário – Essa sua projeção se deve praticamente por conta das redes sociais?

Kenny – Sim, era impossível eu percorrer todos esses municípios, apesar de eu ter circulado bem pelo Interior do Estado. Fiz as nove da Baixada e cerca de 30 no Interior. Fui ganhando simpatizantes pelas redes sociais. Além disso, sou professor há 22 anos e muitos ex-alunos acabaram se estabelecendo fora de Santos, mas acompanhando meu trabalho como parlamentar.

Diário – Como avalia a reconquista de sua cadeira no Legislativo Santista?

Kenny - Essa relação entre Executivo e Legislativo precisa ser repensada. É muito difícil você conseguir fiscalizar sendo do mesmo partido do prefeito, do governador ou presidente. Pois a partir do momento que você decide tomar uma posição contrária, já fica sendo acusado de traição, como infiel ao partido. Chegaram a falar que eu era da oposição. Ora, eu fui eleito para fiscalizar. Muitos chegaram a falar que eu fui eleito graças ao partido. Negativo. Nas eleições para vereador, eu tive 25 mil votos. Fiz a minha cadeira e ainda elegi mais dois vereadores. Se tem alguém que deve alguma coisa a alguém é o PSDB a mim.

Diário – O pedido de sua cadeira foi justo?

Kenny – O próprio Ministério Público, que normalmente não fica do lado político, mas técnico, concordou com minha defesa dando conta que o julgamento era nulo porque não me deram oportunidade de defesa. Algumas testemunhas minhas sequer foram notificadas e, portanto, não compareceram. Foi também por causa disso que a esfera superior, em Brasília, reconheceu que havia erros graves no processo e me reconduziu liminarmente à Câmara de Vereadores. Estão recorrendo mas, agora, é uma questão de honra. Não quero ficar marcado nos livros de história que o vereador mais votado de Santos foi cassado por infidelidade partidária. Não. Quero que fique registrado deixei a cadeira para me tornar deputado estadual.             

Diário – Você foi injustiçado?

Kenny – Apesar dos meus 25 votos, senti que não havia união em torno de meu nome para disputar uma vaga na Assembleia. Os próprios jornais atestam isso. Vários nomes foram levantados pelo PSDB menos o meu. Acabei buscando um partido que me aceitasse e me desse liberdade para votar conforme minhas convicções e legenda.

Diário – Você deve ter recebido vários convites de outras legendas.

Kenny – Sim, até para disputar a Câmara dos Deputados. Mas como sou professor e quero preservar minha profissão, a Assembleia, que fica na Capital, permite que eu continue dando aula.

Diário - Quais serão as bandeiras na Assembleia?

Kenny – Educação é uma delas e não poderia ser diferente. Precisamos acabar com essa geração ‘nem-nem’ – nem trabalha e nem estuda. Temos uma grande evasão escolar no Ensino Médio Estadual. Falta investimento e infraestrutura. Também profissionais e reconhecimento. Os professores da rede pública estão abandonados há anos, sem reajuste salarial, sem plano de carreira e com problemas de saúde. Não têm segurança. A criminalidade está invadindo as escolas e influenciando nossos jovens. Vou lutar muito para reverter isso.

Diário – Outras frentes?

Kenny – Saúde e segurança pública. Precisamos melhorar, por exemplo, a saúde dos municípios vizinhos se quisermos desafogar Santos e Praia Grande, os dois municípios que possuem melhores estruturas. É preciso pensar de forma metropolitana de fato. Não é possível que uma cidade como Campinas, que tem 1,3 milhão de habitantes, tenha quase 10 vezes mais efetivo policial do que a Baixada que possui 1,5 milhão de habitantes. Isso é reflexo de falta de representatividade na Assembleia Legislativa ao votar o orçamento do Estado. Um terço de toda a riqueza do País passa pelo porto do lado de Santos e de Guarujá, pelo polo industrial de Cubatão. Temos que ampliar e abrir mais delegacias de Defesa da Mulher e abri-las nos finais de semana e feriados. A logística está muito errada.

Diário – Você vai até o fim de seu mandato como deputado ou pretende se candidatar a prefeito de Santos?

Kenny – Não faço plano futuro. De qualquer forma. Ser prefeito, não é viver em uma bolha e acreditar que todos os problemas são culpa dos outros. Precisamos resolver problemas regionais e estaduais para que as cidades possam crescer. Precisamos resolver o gargalo do Sistema Anchieta-Imigrantes, por exemplo. Tem muita gente que não vem para a Baixada por acreditar que aqui não existem bons hospitais. Os Estivadores (Hospital) trabalhar com apenas alguns andares funcionando, apenas para realizar partos a portas fechadas, não é um exemplo de hospital. Já fiz sugestões, como transferir o Ambesp (Ambulatório de Especialidades) para um dos andares. Mas não foram aceitas. O Pronto-Socorro da Zona Noroeste, já que existem outros equipamentos na região, deveria ser transformado em infantil.

Diário – Você acredita que essa sua postura de apresentar soluções práticas causou ciúmes?

Kenny – Não sou dono da verdade, mas convivo com cerca de 800 mestres, doutores, professores e cientistas que me inspiram. Tenho dois privilégios: excelentes companheiros de trabalho e o termômetro que são os alunos em sala de aula. Dois grandes laboratórios. Vou fiscalizar muito os órgãos públicos. Quero fazer um mandato como ninguém nunca viu.

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