Cotidiano

Quem bebe água engarrafada ingere 90 mil partículas de microplástico a mais por ano

Análise científica indica que partículas invisíveis contaminam até mesmo marcas de água consideradas 'puras'

Nathalia Alves

Publicado em 06/10/2025 às 17:50

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Pesquisa revela o perigo invisível nas garrafas de água / Reprodução/Pexels

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Segundo um novo estudo publicado na revista Journal of Hazardous Materials, os seres humanos ingerem, em média, entre 39 mil e 52 mil partículas de microplástico por ano. Aqueles que consomem água engarrafada podem ingerir até 90 mil partículas a mais do que quem opta pela água filtrada.

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Essas partículas são invisíveis a olho nu. Um microplástico pode variar de um mícron, um milésimo de milímetro, até cinco milímetros, enquanto os nanoplásticos são ainda menores que um mícron.

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Elas se formam durante o processo de fabricação, armazenamento, transporte e decomposição das garrafas plásticas. Como são feitas, em geral, de materiais de baixa qualidade, liberam fragmentos quando expostas ao manuseio, à luz solar e a variações de temperatura. Diferente de outros plásticos que entram no corpo pela cadeia alimentar, essas partículas são ingeridas diretamente da fonte.

Um litro de água engarrafada contém, em média, quase 250 mil fragmentos de nanoplástico, segundo pesquisa das universidades Columbia e Rutgers, nos Estados Unidos.

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1 - Com tamanho menor que um fio de cabelo, os nanoplásticos liberados das garrafas de plástico chegam à corrente sanguínea e podem alcançar órgãos vitais - Pexels
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2 - Embora a OMS ainda investigue os efeitos a longo prazo, a ingestão de milhares de partículas plásticas por ano é uma realidade - Pexels
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3 - O lixo no meio ambiente vira micropartículas invisíveis que contaminam a cadeia alimentar, expondo a saúde humana a riscos inflamatórios e tóxicos - Pexels
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4 - Já foram encontrado plásticos dentro do corpo humano e até mesmo no cérebro - Pexels
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5 - Evitar a água engarrafada, é a melhor prevenção para minimizar a exposição. Uma opção é recorre as garrafas de inox - Pexels
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O que são microplásticos e nanoplásticos

O plástico está presente em todos os lugares, nos oceanos, no solo e até dentro do corpo humano. Mas, recentemente, um novo termo tem ganhado destaque: nanoplásticos.

Eles são versões ainda menores dos microplásticos, com tamanho entre 1 e 1.000 nanômetros. Para comparação, um fio de cabelo humano tem entre 80 mil e 100 mil nanômetros de largura.

Consequências para o corpo humano

Uma vez dentro do organismo, esses fragmentos microscópicos podem atravessar barreiras biológicas, chegar à corrente sanguínea e alcançar órgãos vitais. De acordo com o estudo, isso pode causar inflamação crônica, estresse oxidativo celular, alterações hormonais, problemas reprodutivos, danos neurológicos e até câncer.

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No entanto, os efeitos de longo prazo ainda são pouco compreendidos, já que faltam testes padronizados e métodos consolidados de detecção.

Uma revisão feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019 e 2020 concluiu que ainda não há evidências suficientes para determinar se a ingestão ou inalação de microplásticos representa risco direto à saúde humana. Mesmo assim, a entidade reforçou a importância de reduzir a poluição plástica para minimizar a exposição.

E as garrafas de vidro?

Reduzir o uso de embalagens plásticas pode diminuir a exposição a micro e nanoplásticos. A água da torneira, por exemplo, costuma apresentar concentrações muito menores dessas partículas do que a água engarrafada.

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Apesar de as garrafas de vidro apresentarem alta taxa de reciclagem, sua pegada ambiental é maior do que a de outros tipos de embalagem, como plástico reciclado, papelão ou alumínio. Isso porque a extração de sílica — matéria-prima do vidro — causa impactos ambientais significativos, como degradação do solo e perda de biodiversidade.

O biólogo Lucas Zanandrez, produziu um vídeo para o seu canal "Olá, Ciência" falando sobre o assunto:

A educação é a melhor prevenção

Especialistas defendem que políticas públicas e ações educativas são fundamentais para reduzir o consumo de plástico. Embora campanhas geralmente foquem em sacolas, canudos e embalagens, as garrafas de água descartáveis ainda são pouco abordadas — mesmo sendo uma das principais fontes de exposição.

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A autora do estudo, Sarah Sajedi, destaca:

“A educação é a ação mais importante que podemos tomar. Beber água engarrafada pode ser aceitável em emergências, mas não deve ser um hábito diário. O problema não é a toxicidade imediata, e sim os efeitos cumulativos e crônicos ao longo do tempo.”

*A pesquisa contou com apoio do Conselho de Pesquisa em Ciências Naturais e Engenharia do Canadá e da Universidade Concordia.

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