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Cotidiano

Queda no preço do petróleo não chega aos postos

Preços despencaram após pandemia e crise entre Rússia e Arábia, mas caiçaras seguem pagando caro

LG Rodrigues

Publicado em 29/03/2020 às 09:25

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Postos da Baixada Santista continuam com valores congelados no etanol e na gasolina. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

A brusca queda no preço dos barris de petróleo não se traduziu nas bombas de postos de combustíveis da Baixada Santista. A diminuição do custo ocorreu ao mesmo tempo em que a pandemia de coronavírus obrigou milhões de pessoas de todo o planeta a adotar uma rotina de quarentena e que levou automóveis de todos os continentes a ficarem encostados em suas garagens.

Para ilustrar melhor a situação, o valor médio do barril de Brent, em dólares, era de US$ 65 em dezembro de 2019. Em fevereiro, o valor acabou sofrendo uma retração mais expressiva, chegando a custar US$ 55, mas foi neste mês de março que o petróleo tomou um tombo histórico e chegou a ser cotado por US$ 28,47.

Com isso, a variação no preço do barril de petróleo apresentou uma queda de aproximadamente 48% (quase a metade do valor) entre dezembro e março.

A queda do valor, entretanto, não chegou às bombas dos postos de combustíveis, ao menos não até os da Baixada Santista, que continuam com valores congelados tanto no etanol, quanto na gasolina desde que o coronavírus começou a fechar fronteiras.

"Mesmo quando o barril de petróleo estava 'desfilando' em uma média que ia de US$ 55 a US$ 70 os preços aqui já eram muito altos, um absurdo quando se considera que o nosso custo de extração no Brasil é muito baixo e nossa produção só aumenta mês a mês então já alertávamos que essa política de preço PPI, Paridade de Preço Internacional era um equívoco uma vez que essa medida foi adotada durante o Governo Temer e que facilitava a entrada do produto importado", afirma o diretor de comunicação do Sindipetro Litoral Paulista, Fabio Mello.

Para explicar melhor, o Preço de Paridade de Importação (PPI), se trata de um índice que leva em consideração as cotações internacionais destes produtos somados a todos os custos que os importadores em terras brasileiras teriam, como, por exemplo, transporte e taxas cobradas em portos. O Governo Temer afirmava que a paridade seria necessária porque o mercado brasileiro de combustíveis é aberto à livre concorrência e com isso podendo dar às distribuidoras a alternativa de importar os produtos.

"Agora, com a queda do barril do petróleo isso vai ser desmascarado. O preço do barril de petróleo despencou. Quer dizer, se o preço era para acompanhar a PPI, era para estar despencando, só que, de novo, a gente alerta: como a política de preço é mascarada com o preço internacional nós não temos de fato uma política interna praticada aqui em baixo, e isso está errado. Queremos quebrar essa bolha", explica Mello.

No dia 18 deste mês, a Petrobras anunciou a redução nos preços do litro da gasolina, em 12%, do diesel, em 7,5% e do gás de cozinha (GLP), em 5%. Apesar disso, os valores encontrados nos postos da Baixada Santista durante esta semana permaneciam iguais aos praticados durante toda a primeira quinzena de março. Em outros locais, como no Distrito Federal, a queda chegou a cerca de 0,8%.

"Se o valor do barril de petróleo caiu tanto, a matemática é simples. Se realmente fosse levada a sério essa situação, o preço nas bombas estaria muito mais baixo. E isso serve para quebrar essa ideia de que é bom, vale a pena, ter um preço PPI, finaliza Mello.

A queda do preço do petróleo também foi afetada pela crise entre Rússia e Arábia Saudita. Mas mesmo com estes dois fatores, os postos de combustíveis caiçaras mantêm os preços elevados.

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