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Cotidiano

Queda de braço na Polícia Civil de Guarujá

Filho do jornalista João Leite Neto vira protagonista de disputa interna.

Publicado em 25/01/2013 às 12:25

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Uma simples prisão por não pagamento de pensão alimentícia acabou expondo uma história de bastidores surpreendente, dando conta de uma disputa acirrada pelo comando da Polícia Civil em Guarujá, cidade já reconhecida na região e no estado por diferenças políticas que, comprovadamente, tiraram a vida de parlamentares e funcionários públicos.

O protagonista da trama é o autônomo Luiz Americano Leite Neto, filho do ex-deputado estadual e jornalista João Leite Neto, que trabalhou no popularesco ‘Aqui Agora’, do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), na década de 1990. Atualmente, João Leite Neto trabalha num programa semelhante em Guarujá.

Já os coadjuvantes são o atual delegado titular do Município, Cláudio Rossi, e o delegado plantonista Marco Antônio do Couto Perez que, conforme apurado extraoficialmente pela reportagem, junto com Luiz Americano, estaria articulando, por intermédio de uma espécie de tráfico de influência, a transferência de Rossi, com objetivo de ocupar seu lugar na Pérola do Atlântico.

Delegacia sede -  Clima é de instabilidade. (Foto: Luiz Torres/ DL)


Conforme levantado com fontes ligadas à polícia, Couto Perez teria amizade com a família de Leite Neto, que exerce forte influência na Polícia Civil de São Paulo. Rossi teria descoberto a ação de ambos e, ao levantar os antecedentes de Luiz Americano, descobriu que ele estaria pelos menos há seis meses com um pedido de prisão decretada pelo juiz da 1ª Vara da Família do Tatuapé (Capital) por não pagamento de pensão.

Na última terça-feira, Rossi solicitou pessoalmente a captura de Luiz Americano, que transitava tranquilamente na Cidade. Os policiais militares o encontraram em um carro, próximo à Câmara de Vereadores, junto com um policial que, segundo informações, é da equipe de Couto Perez.

Ao anunciarem a prisão, Luiz Americano, para se livrar da situação, teria ligado para Couto Perez que seguiu para o local, causando tumulto nos arredores da Câmara, porém, sem êxito. Americano ficou  preso até ontem na Delegacia Sede de Guarujá, cujo clima não é dos bons entre o delegado titular e o plantonista.

Versão da Polícia

O DL tentou ouvir o delegado Cláudio Rossi, mas ele se negou a comentar o assunto, para não causar ainda mais instabilidade na polícia. Sequer explicou como um homem com pedido de prisão decretada estaria transitando por Guarujá com um policial que, no mínimo, teria obrigação de prendê-lo.

Por telefone, o delegado Marco Antonio do Couto Perez negou qualquer tipo de confronto com Rossi ou disputa na delegacia sede de Guarujá. Fez questão de enfatizar que o delegado titular é seu amigo e que tem inspirações de ascensão profissional, “mas nunca prejudicando um companheiro de profissão”.

Couto Perez nega disputa por delegacia e Claudio Rossi, delegado titular, não se manifestou. (Foto: Arquivo/ DL)

Sobre o ocorrido em frente à Câmara, Couto Perez foi direto: “sou policial e jamais tentaria impedir a prisão de alguém. Conheço o pai do Americano (João Leite Neto) e minha participação foi no sentido de saber o que estava acontecendo e acalmar a família”, disse, concluindo que não sabia do mandado de prisão, pois os papéis nunca passaram por suas mãos.     

A reportagem conseguiu localizar Luiz Americano, por volta das 18h30 de ontem. Ele já estava em sua casa, na Enseada. Segundo ele, o débito com relação à pensão alimentício estaria na casa dos R$ 9 mil e já foi pago. Sobre a situação delicada envolvendo os delegados, Americano enfatizou que é amigo de ambos e que nunca estaria articulando qualquer transferência.

“Não tenho poder para isso e, mesmo que tivesse, quero o bem da cidade. Jamais estimularia conflito entre os dois policiais, até porque ambos são meus amigos. Tanto sob o comando de Rossi, como de Marco Antônio Perez, a polícia está em boas mãos”, finalizou.  

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