Cotidiano

Quase 100 anos depois, Baixada Santista volta a ser palco do 'crime da mala'

Caso em Praia Grande se soma a episódios semelhantes de 1908 e 1928 que chocaram o país

Luna Almeida

Publicado em 10/09/2025 às 21:23

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O episódio trouxe à memória crimes que marcaram a história do país / Divulgação/Polícia Civil e Domínio Público

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O corpo de uma mulher de 46 anos, foi identificado após exames papiloscópicos realizados pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD). A mulher foi localizada em 4 de setembro dentro de uma mala abandonada em um terreno no bairro Ribeirópolis, em Praia Grande, descoberta por três crianças que brincavam no local. 

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Segundo informações da Polícia Militar, a vítima estava apenas de short, com sinais de violência no corpo.

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A mala, trancada por cadeado, trazia a senha anotada em um papel próximo, o que permitiu que as crianças conseguissem abri-la antes de perceberem o conteúdo. 

A Polícia Científica recolheu o objeto para perícia, incluindo análise de impressões digitais, na tentativa de rastrear quem teria transportado e abandonado o material. 

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O caso foi registrado como morte suspeita e ocultação de cadáver e segue sob investigação da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande.

O episódio trouxe à memória crimes que marcaram a história do país e, principalmente, da Baixada Santista em circunstâncias semelhantes.

Dois casos como este já ocorreram anteriormente com ligação à região, em 1908 e em 1928, ambos amplamente noticiados à época e lembrados como os famosos “crimes da mala”.

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O crime da mala de 1908

Em 1908, São Paulo foi palco do primeiro “crime da mala” do Brasil. O comerciante sírio Michel Trad matou o sócio Elias Farhat durante uma briga motivada por desentendimentos financeiros e, em seguida, tentou ocultar o corpo em uma mala. 

O objeto foi levado até o cais de Santos, onde Trad planejava embarcá-lo no navio Cordillère com destino a Buenos Aires.

O plano, no entanto, chamou atenção devido ao peso excessivo da bagagem e acabou sendo descoberto antes que o navio zarpasse. 

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O caso gerou enorme repercussão, tanto no Brasil quanto no exterior, e escancarou à opinião pública a violência que começava a acompanhar o rápido crescimento urbano da capital paulista. 

A investigação também levantou suspeitas sobre o envolvimento da esposa da vítima, reforçando ainda mais o impacto do episódio na imprensa da época.

O crime da mala de 1928

Já em 1928, o imigrante italiano Giuseppe Pistone matou a esposa, Maria Féa, em São Paulo, ocultando o corpo em uma mala despachada no navio Massilia, que também partia do Porto de Santos. 

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A mala foi aberta após exalar forte odor, revelando não apenas o cadáver da jovem, mas também um feto de aproximadamente seis meses. 

O crime chocou a população, e Maria foi sepultada no Cemitério da Filosofia em Santos, onde seu túmulo ainda hoje é visitado por pessoas que a consideram milagrosa.

Ambos os episódios foram estudados pelo historiador Boris Fausto no livro ‘O crime da Galeria de Cristal: E os dois crimes da mala São Paulo, 1908-1928’. 

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A obra resgata os detalhes desses acontecimentos e a forma como repercutiram em uma cidade em transformação, marcada pela chegada de imigrantes e pelo impacto da modernização.

Mais de um século depois, o caso de Praia Grande reabre feridas antigas e mostra como crimes com características semelhantes continuam a impressionar pela brutalidade e pela forma macabra com que os corpos foram ocultados.

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