06 de Outubro de 2024 • 09:52
Em defesa dos animais, o vereador de Praia Grande Carlos Eduardo Barbosa, o Cadu (PTB), ‘bateu boca’ com os colegas da cidade de Itanhaém, Rogélio Salceda (PROS) e Flávio Abassi (PSDB). A briga ocorreu na noite da última segunda-feira (13), na Câmara daquela Cidade, durante uma manifestação organizada por entidades contrárias a possíveis maus tratos na 11ª Festa do Peão, prevista para ocorrer entre os dias 18 e 21 próximos no Município.
A sessão foi encerrada por falta de segurança. Nas galerias, a confusão envolveu também pessoas em favor do rodeio. O presidente da Câmara, Tiago Rodrigues Cervantes (PSDB), num ato inusitado, encerrou a sessão às pressas, apagou as luzes do plenário e deixou uma música de fundo no ambiente, causando indignação aos presentes.
Cadu apoiava o movimento dos grupos Odeio Rodeio e Onda Vegana e outros que estavam tentando conscientizar os parlamentares contra a realização do evento. Ele coordena a Frente Parlamentar Regional para Proteção e Bem-Estar Animal. Outro detalhe é que o episódio deverá causar ‘saia justa’ à União dos Vereadores da Baixada Santista (UVEBS), pois Salceda e Cadu são, respectivamente, presidente e diretor financeiro do órgão.
Ontem, por telefone, Cadu lamentou o episódio. “As pessoas frequentam esses eventos atraídas pelos artistas e não pelos animais. Por isso, não se justificam provas que acarretam maus tratos. Estava na sessão como cidadão e ativista contrário à crueldade com outros seres vivos. No entanto, os vereadores me xingaram e pediram para eu cuidar de questões do meu Município (Praia Grande). Lamentável, pois a luta e a conscientização em favor dos animais não têm fronteiras”, disse o vereador.
Por seu lado, Rogélio Salceda disse que a atitude de Cadu foi ‘pouco inteligente’, porque não procurou nenhum vereador antecipadamente para apontar sua posição e intenção. “Ele (Cadu) passou dos limites. Fez uma intervenção errada e deve se retratar. Não existe nenhuma propositura de vereadores de Itanhaém contra o rodeio, que é promovido por uma entidade particular e possui o Selo Verde. Temos que respeitar a legislação e aguardar uma posição do Ministério Público (MP) para nos manifestarmos”, afirma o vereador, que garante também se preocupar com o bem-estar dos animais. O vereador Flávio Abassi não foi encontrado.
Promotoria
Salceda cita o MP porque a 4ª promotora de Justiça de Itanhaém, Marianna Moura Gonçalves, abriu inquérito civil para apurar denúncias que podem impedir a realização da festa, no trevo do bairro Cibratel I, da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, que corta o Município. As entidades, que já conseguiram barrar dois rodeios na Baixada Santista ano passado — um em São Vicente e outro em Mongaguá — alegam que dezenas de cavalos serão submetidos à Prova dos Três Tambores, na qual chicotadas e esporadas acontecem no lombo e baixo ventre dos animais, além do Team Penning, em que bezerros, sob iluminação forte e som estridente, são manejados com violência em um recinto por homens a cavalos.
As entidades garantem que, além dos maus tratos aos animais, o futuro evento infringe dispositivos legais, como o decreto estadual 40.400/95, que proíbe a realização de rodeios em perímetro urbano; o artigo 225 da Constituição Federal; a Declaração Universal dos Direitos dos Animais da Unesco e a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98).
Pelas ruas
Depois do tumulto na Câmara, cerca de 100 moradores, ativistas e protetores de animais seguiram até a frente do condomínio onde mora o prefeito Marco Aurélio Gomes dos Santos (PSDB) e, por mais de uma hora, gritaram palavras de ordem, expondo a situação precária dos animais da Cidade. Por fim, o ato teve seu término na praça principal, onde dezenas de moradores viram atentamente a exposição dos fatos e vídeos sobre a ‘verdadeira face’ dos rodeios no Brasil.
Rodeio é alvo do MP
Semana passada, quando o Diário do Litoral alertou sobre a ação do MP, a Prefeitura foi procurada para se manifestar sobre a questão do rodeio e, por intermédio da Assessoria de Imprensa, respondeu que o evento é particular e está sob a responsabilidade da Federação, que não se manifestou quando também foi procurada.
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