15 de Outubro de 2024 • 06:57
“A arte liberta”. “Caneta e caderno, minhas armas”. Na canção “É o teste”, o rapper Criolo evidencia o poder da arte e da educação. Que não importa a origem, pois quando se tem oportunidade e força de vontade, a felicidade e o sucesso são consequências. Com o intuito de tornar o ambiente escolar melhor e potencializar o talento dos alunos, a Escola Estadual Luiz D’Áurea, na Vila Nova São Vicente, na Área Continental de São Vicente, tem sido palco de diversos projetos envolvendo as duas áreas citadas pelo cantor. O Intervalo Musical, a mais recente iniciativa da unidade escolar, já revelou alguns nomes.
“Tocava flauta e violão na escola que estudei antes de vir para cá. Quando o projeto começou, a ideia era tocar somente esses instrumentos, mas comecei a cantar também”, disse Eliene Ferreira, 12 anos. Comunicativa, a aluna do 7º ano que pretende cursar Jornalismo, destacou o envolvimento dos estudantes. “Independente dos estilos de cada um, todos se respeitam”. A jovem tem em seu repertório músicas da banda Charlie Brown Jr.
Ao chegar à unidade, a Reportagem se deparou com uma voz doce e feminina cantando um hit internacional. Atentos, os estudantes acompanhavam a canção. No palco, Carolina Tavares, 17 anos, aluna do 3º ano do Ensino Médio. “Não sou cantora profissional. Canto somente aqui e procuro cantar o que o público gosta. Gostei muito do projeto, pois ele aproximou mais os alunos”, afirmou. Apesar de cantar muito bem, a estudante não pretende seguir carreira artística. “Quero fazer um curso relacionado ao mundo dos games”.
Amante do teatro, Christian Santos, 15 anos, aluno do 1º ano do Ensino Médio, reuniu um grupo para fazer intervenções teatrais durante o intervalo. As cenas abordam temas sociais e do cotidiano. “É muito bom não apenas para quem se apresenta, mas em uma cidade com baixa produção cultural como a nossa, a escola está fazendo o papel de formadora de público, pois estimula os alunos as participarem e ter interesse por diversos tipos de ações culturais”, disse.
Após 13 anos de balé clássico, o estudante Luan Manaia, 19 anos, apresenta nos intervalos da unidade a dança para os estudantes. “Encontro preconceito por conta do estilo de dança, e essa é uma forma de mostrar a minha arte. Aqui todos me respeitam. Eu gosto muito de dançar, mas às vezes fico um pouco tímido”, afirmou. O jovem tem o sonho de viver da dança em solo internacional e está indeciso entre três carreiras profissionais: Design de Modas, Artes e Medicina.
Fernanda Reis, 16 anos, moradora do Samaritá, compõe suas próprias músicas. Em seu repertório também há canções de MPB. Sua voz é semelhante a da cantora Ana Carolina. A estudante do 3º ano do Ensino Médio também toca violão e violoncelo. “Participo desde o início do projeto. Aprendi muita coisa vendo na internet. Acho ótimo projeto e a coragem para se expor dessa maneira, pois se superamos essa vergonha estamos prontos para participar de seminários e de eventos na nossa vida profissional”, destacou. A jovem pretende ser cantora profissional e cursar Agronomia.
Intervalo Musical
O Intervalo Musical acontece desde o ano passado na escola da Vila Nova São Vicente. O projeto foi idealizado pelo professor de História Abel Robson Soares, que também é coordenador pedagógico do Ensino Médio. O iniciativa é realizada três vezes por semana e tem duração de 20 minutos.
“Começou com seis alunos do período noturno que tocavam violão e outros instrumentos musicais. O resultado foi muito positivo e ampliamos para os outros períodos. Em sala de aula percebemos que os alunos ficaram mais participativos e também os aproximou mais”, disse o educador. “A escola fica mais acolhedora quando há outras atividades”.
Lecionando na escola há oito anos, Soares também idealizou outro projeto Festival de Cinema Nacional. A mostra acontece uma vez por ano durante as comemorações da Independência do Brasil, em setembro. “Temos um bombardeio de filmes estrangeiros e a maioria dos alunos não conhecem os títulos brasileiros, inclusive os mais famosos. Apresentamos filmes que tem relação com o cotidiano e os levam a fazer reflexões. Em seguida é aplicada uma avaliação”, destacou.
Projetos
Mas não são apenas o Intervalo Musical e o Festival de Cinema Nacional que acontecem na escola. A unidade conta com outras iniciativas voltadas para os mais de 1.800 alunos que cursam do 6º ano do Ensino Fundamental até o Ensino Médio.
A vice-diretora da unidade, Gisele Rocha Pereira, que também é professora de Educação Física e leciona no Luiz D’Aurea há 15 anos, conta que há ainda o Festival Escolar Cultural (Festec), que ocorre uma vez por ano, e o Festival de Apresentações Culturais (Face). Ambos são uma são semelhantes ao trabalho de conclusão de curso. O primeiro voltado aos alunos do 3º ano do Ensino Médio e o último para alunos do 9º ano. “Uma iniciativa que deu muito certo. Os alunos se dividem, cada um tem as suas responsabilidades e tarefas. No Face também juntamos, além da arte, todas as disciplinas que são dadas em sala de aula e depois expostas no dia do evento”, destacou.
Outro projeto da unidade é o #PartiuLeitura . Mas engana-se que trata apenas da disciplina de Língua Portuguesa. Os As outras áreas também são engajadas com um único objetivo: estimular a leitura. “Leitura não é só de um texto. Pode ser de um gráfico, de uma imagem. Levo para eles textos de atualidade e de coisas que estão ocorrendo no mundo, como exemplo o incêndio que ocorreu na Alemoa, para trabalhar em sala de aula”, disse a professora de Matemática e Química Maria das Dores França de Souza. As ações da unidade são postadas nas redes sociais. A escola tem uma página no Facebook onde interage com alunos e a comunidade
O bom filho a casa torna
Os reflexos dos projetos desenvolvidos na escola podem ser observados no bom desempenho dos alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Um exemplo é da ex-aluna Aline Jesus Nascimento, 22 anos. Após cursar História na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Assis, a jovem retornou ao Luiz D’Áurea para lecionar.
“Se foi aqui que eu comecei é para cá que tenho que retornar. Fazer com que os alunos acreditem que é capaz cursar um ensino superior, por mais que seja difícil, por mais que haja dificuldades”, disse Aline.
A professora de História, que é moradora da Área Continental, sempre estudou em escola pública. Ela conta que não participou de curso pré-vestibular e que a EE Luiz D’Áurea contribuiu muito para a sua formação. Além de cursar uma universidade pública, ela também conseguiu com os estudos realizar de forma gratuita um intercâmbio de seis meses na Espanha. “Não importa se a escola é longe do Centro, o que vale é o que ela oferece e a força de vontade, e aqui tem base”, concluiu.
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