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Documentos publicados hoje pelo jornal britânico The Guardian lançaram nova luz sobre como a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) vasculha os dados colhidos em suas ações de espionagem ao redor do mundo e revelam que o órgão é capaz de captar praticamente qualquer coisa que uma pessoa faça na internet.
Dezenas de slides publicados pelo jornal expõem detalhes sobre o funcionamento do XKeyscore, integrante de uma família de programas da NSA por meio dos quais os Estados Unidos são capazes de espionar "a grande maioria das comunicações humanas", segundo declaração do ex-agente norte-americano Edward Snowden, responsável pelos vazamentos de informações sobre os programas de espionagem eletrônica operados por Washington.
Alguns dos slides mostram imagens de uma tela com o que seria a visão dos analistas de informação da NSA no momento em que têm acesso a conversas interceptadas. Não ficou totalmente claro como e de onde o programa puxa os dados, mas os slides afirmam que o XKeyscore é abastecido por 700 servidores e 150 sites baseados em diferentes partes do mundo.
Segundo a reportagem, a NSA mantém um sistema de filtro de informações pessoais em centenas de sites de busca e bate-papo fora dos EUA. Dezenas de países, entre eles o Brasil, teriam sido alvo da espionagem digital norte-americana.
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"Eu, sentado na minha mesa, podia grampear qualquer pessoa, fosse ela você, o seu contador, um juiz federal ou até mesmo o presidente, se ela tiver um e-mail pessoal", declarou o ex-agente da CIA e ex-consultor terceirizado da NSA.
Ainda de acordo com Snowden, o XKeyscore permite à NSA coletar "praticamente qualquer movimento que uma pessoa faça na internet".
Em seu material de treinamento sobre o programa, a NSA alardeia que o XKeyscore é o "sistema de mais amplo alcance" para a obtenção de informações provenientes da rede mundial de computadores, prossegue o Guardian na reportagem assinada pelo jornalista Glenn Greenwald.
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Em meio à continuidade dos vazamentos de informação proporcionados por Snowden ao Guardian, a Casa Branca entregou hoje ao Comitê de Justiça do Senado relatórios que antes eram mantidos sob segredo de Estado. O comitê conduz audiências sobre o aparato de espionagem digital dos EUA.
Os papéis descrevem o programa da NSA para vigiar redes de telefonia dentro dos EUA. Entre os documentos há uma ordem que obrigou a empresa Verizon a entregar a autoridades registros de seus clientes ao longo de três meses.
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Pai
Também nesta quarta-feira, o pai de Edward Snowden disse à televisão russa que não se importa se o filho permanecer na Rússia, contanto que ele fique seguro. "Edward, eu espero que você esteja assistindo a isso. Sua família está bem. Nós o amamos. Esperamos que você esteja saudável e bem e esperamos vê-lo em breve, mas, acima de tudo, eu quero que você esteja seguro. Quero que você encontre um refúgio seguro", disse Lon Snowden em entrevista levada ao ar pela emissora estatal Rossiya 24.
Edward Snowden está no aeroporto de Sheremetyevo, nas proximidades de Moscou, desde 23 de junho, quando chegou num voo procedente de Hong Kong, após vazar informações sobre programas de espionagem eletrônica dos EUA. No momento, ele aguarda a resposta de seu pedido de asilo temporário na Rússia. Os EUA pressionam a Rússia para que entregue Snowden, pois Washington quer julgá-lo.
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Na entrevista, dublada em russo, Lon Snowden disse esperar que seu filho volte para casa um dia, mas declarou que os acontecimentos das últimas semanas sugerem que não há garantias de um julgamento justo nos EUA e que, por isso, ele concorda com a decisão do filho de permanecer na Rússia. Lon Snowden também agradeceu ao presidente Vladimir Putin e seu governo pela "coragem" que têm demonstrado ao manter seu filho em segurança.
Enquanto isso, o Twitter divulgou hoje que agências governamentais, tribunais e os governos dos Estados Unidos e de outros países fizeram 1.157 pedidos de informações sobre usuários do serviço nos primeiros seis meses do ano, o que representa um aumento de 15% em relação ao semestre anterior.
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Mais de três quartos dos pedidos de dados foram provenientes dos Estados Unidos, incluindo tribunais e polícias locais que investigam crimes. A empresa disse que entregou alguns ou todos os dados requisitados nos Estados Unidos em 67% dos casos.
Após revelações recentes sobre os programas de espionagem norte-americanos e o papel das empresas na facilitação dos esforços de obtenção de dados do governo, as companhias do Vale do Silício estão sob análise atenta. Mas a divulgação feita pelo Twitter não lança luz sobre o assunto, já que os dados não incluem detalhes sobre pedidos de dados relacionados à segurança nacional.
Uma pessoa com conhecimento das políticas da empresa disse que, em razão das restrições do governo norte-americano, se tivesse totalizado os pedidos o Twitter só teria sido capaz de revelar de forma ampla os pedidos recebidos. O Facebook, por exemplo, informou que recebeu entre 9 mil e 10 mil pedidos de dados, incluindo de dados confidenciais, na segunda metade de 2012.
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Assim como outras empresas do setor, o Twiter disse que está pressionando o governo norte-americano a divulgar mais informações sobre ordens judiciais secretas. "Nós acreditamos que é importante podermos publicar os números dos pedidos de segurança nacional separadamente de pedidos não secretos. Infelizmente, ainda não podemos incluir tais informações", disse Jeremy Kessel, gerente de políticas jurídicas do Twitter, em postagem num blog nesta quarta-feira.
Twitter, Google e Microsoft estão entre as empresas que divulgam, a cada seis meses, com que frequência governos de todo o mundo e agências e tribunais norte-americanos solicitam dados de seus usuários.
O Twitter recebe bem menos pedidos do que o Facebook, Microsoft ou Google. A natureza das mensagens no Twitter deve limitar o número de vezes que a polícia ou agentes do governo precisam pedir ajuda à empresa para revelar informações sobre um usuário ou sua mensagem. A maioria das mensagens no Twitter podem ser vistas por qualquer um, embora algumas pessoas usem pseudônimos ou usem o Twitter para enviar mensagens privadas.
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