Cotidiano

Profissionais debatem relações humanas e suicídio em Santos

Encontro abordou o Desafio da Baleia Azul e a influência das redes sociais em crianças e adolescentes

Rafaella Martinez

Publicado em 06/05/2017 às 10:00

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

O encontro foi promovido pelas comissões de Direitos Humanos e de Saúde e dos colegiados de Educação e de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente / Rodrigo Montaldi/DL

Continua depois da publicidade

Tabu por muitos anos na mídia, o suicídio esteve em pauta nas últimas semanas com os desdobramentos do Desafio da Baleia Azul. A vontade – por vezes levadas a cabo – de atentar contra a própria vida e as implicações do ato, bem como a necessidade de zelar pela saúde mental foram temas tratados em audiência pública na Sala Zeny de Sá Goulart da Câmara Municipal de Santos na tarde de ontem.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O encontro foi promovido pelas comissões de Direitos Humanos e de Saúde, das quais a vereadora Telma de Souza é presidente, e dos colegiados de Educação e de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Casa, presididos respectivamente pelos parlamentares Audrey Kleys e Fabiano Batista Reis.

Continua depois da publicidade

Presidente da mesa, Telma destacou que nos últimos 120 dias mais de 100 pessoas tiraram a própria vida em Santos. De acordo com a perita criminal Cássia Zottis o número é superior, visto que a maior parte das tentativas de suicídio fica nos hospitais e muitos outros são ignorados, como no caso de morte induzida por consumo de medicamentos.

“Os profissionais de saúde e da educação não são capacitados e não se sentem seguros para falar sobre pessoas que tiram a própria vida. Uma dor está sendo reprimida e precisa ser levada em conta”, conta a perita.

Continua depois da publicidade

De acordo com o ex-coordenador nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori, jogos com a Baleia Azul são, na verdade experimentações de potência dos jovens.
“Eles vivem em uma sociedade que está dividida entre aqueles que são potentes e aqueles que não são capazes. Essa ideia passa dos mais velhos e nós herdamos e transmitimos para nossos filhos essa expectativa. É preciso atentar para o mundo que nos cerca”, afirma.

A ideia é compartilhada pela psicóloga Isabel Calil Stamato. Na visão dela, a propensão ao suicídio é um sintoma da sociedade.

“Algo no mundo interior desses jovens precisa de ajuda. Temos relações desumanizadas em nossas casas e temos que questionar qual o papel das redes sociais nessa subjetividade humana. Vemos muitas meninas nos equipamentos de atenção psicossocial de Santos que dizem que se automutilam para aliviar a angústia que sentem. Temos que questionar o quanto infeliz é essa realidade que estamos apresentando para os nossos jovens”, pondera.

Continua depois da publicidade

Como saldo positivo de todo o debate sobre suicídio, Renato Jesus, coordenador do Centro de Valorização da Vida (CVV), ressaltou que em um mês cresceu em 445% a procura de apoio pelo e-mail da instituição.

Número de casos em Santos

Considerada com a melhor cidade para a 3ª idade, Santos também registra o dobro da média de suicídios de idosos. Os dados foram coletados entre 2000 e 2010 pelo médico, professor universitário e ex-coordenador nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori.

Continua depois da publicidade

Os outros dados também fogem do padrão das estatísticas. A filosofa Mariza Galvão aponta quem entre 2010 e 2015, dos 160 casos de suicídio registrados em Santos, 126 foram de pessoas do sexo masculino.

No âmbito nacional, o suicídio é a segunda maior causa de mortes de jovens entre 19 a 25 anos em todo mundo.

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software