Cotidiano

Professores, pais e alunos de Praia Grande pedem socorro

Há inúmeras reclamações, entre elas a que alunos só têm 10 minutos de recreio nas escolas

Carlos Ratton

Publicado em 23/02/2014 às 22:16

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Continua depois da publicidade

“É lastimável e desumano que, em dez minutos, alguém consiga se alimentar de forma adequada e saudável”. A frase, em tom de desabafo, é do professor Odair Bento, da rede municipal de Ensino de Praia Grande. Bento é apenas uma voz das muitas que estão usando as redes sociais para demonstrar a insatisfação de como a Educação vem sendo conduzida no Município.

Bento afirma que recreio é o momento em que o aluno precisa de tempo para mastigar, fazer a deglutição correta do alimento e, sobretudo, também de ir ao banheiro, escovar os dentes e tomar água, a fim de preparar-se para as aulas que virão.

“Tudo isso em apenas 10 minutos? Acredito que o Prefeito Alberto Mourão e os responsáveis pela Secretaria Municipal de Educação deveriam visitar mais as escolas, observar os intervalos pelas câmeras que filmam os refeitórios e, também, almoçar com os alunos, nos bancos do pátio, em dez minutos. Certamente não conseguiriam, pois isso é algo nada salutar”, completa.

O professor lembra que em São Paulo (Capital), tramita na Câmara de Vereadores um projeto para que os recreios sejam de 30 minutos. Ele espera que o mesmo período seja adotado em Praia Grande e, neste sentido, encaminhou a denúncia ao professor Heitor Rivau Fernandes, membro do Conselho Municipal da Merenda, para diligência e fiscalização.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Christiane tem que caminhar no sol e mesmo assim o pequeno Paulo chega sempre atrasado (Foto: Matheus Tagé/DL)

Mesmo horário e escolas diferentes

Mas os problemas na Educação de Praia Grande vão mais além do que a hora do recreio. No meio da semana, a Reportagem descobriu a situação de Christiane Donato Lopes, mãe de Camilla Eduarda (oito anos) e Paulo Henrique (sete anos). “Este ano, praticamente tenho que escolher qual dos meus filhos vão frequentar a aula, pois colocaram ambos em uma escola longe da outra, no mesmo horário, das 15 às 18 horas”, explica a mãe, alertando que Paulo sempre chega atrasado.

Camilla estuda na Escola Vila Mirim e Paulo na Lions Clube. Christiane leva cerca de 30 minutos caminhando de uma escola a outra. Esse ano, durante três dias consecutivos, Paulo Henrique foi barrado na entrada por atraso, pois a tolerância é de 10 minutos. Na Secretaria de Educação (Seduc), a mãe foi informada que nada poderia ser feito para mudar a situação. “Pedi muito para que colocassem as crianças na mesma escola, já que minha filha Isabella (11 anos) está em outra escola na Vila Mirim, das 11 às 15 horas”, afirma.

Revoltada, pois a caminhada é dura, sempre sob um sol escaldante, e ainda com a perspectiva do filho não poder entrar na escola, a mãe desabafa: “poxa, a Seduc não poder fazer nada? O que é aquilo, então? Cabide de emprego? E se meu filho faltar todo dia quem vai responder no Conselho Tutelar? Sou mãe solteira, moro no Balneário Maracanã. Preciso de ajuda para conseguir uma escola para meus três filhos. Pode ser qualquer escola”, finaliza, alertando que não está conseguindo conciliar a situação com seu horário de trabalho, já que o transporte público gratuito também lhe está sendo negado.

Uniformes e material escolar

Daniela Miranda tem um filho de seis anos que estuda na escola Estina Camp Baptista. Ela reclama que está esperando os uniformes escolares desde agosto do ano passado. “Até agora, só chegaram meias e o agasalho de inverno. Descobri que alunos que vieram morar em Praia Grande não terão uniformes”, disse a mãe.

Daniela diz estranhar que na Cidade somente uma confecção — mantida pela Prefeitura — é responsável pelos uniformes de toda a rede. “A gente não tem para onde correr. Como pode somente um lugar fornecer. Isso está errado”.

Regiane Althman tem três filhos e todos estudam na Escola Rubens Lara. Ele reclama que o material escolar também ainda não foi entregue às crianças. “Muitos pais não têm condições de comprar. Além disso, a maioria das salas está com os ventiladores quebrados e ainda faltam professores. Queremos o melhor para nossos filhos”.

Merenda

Uma ex-professora está usando as redes sociais para enfatizar não só a falta de estrutura de algumas escolas, como a qualidade da merenda. “A Prefeitura não manda nem salsicha mais. À tarde, tem criança que vai para a escola sem almoçar e dá de cara com um suco de caixinha de laranja sem conservante e açúcar, que tem gosto de Dipirona (remédio). Vai tudo para o lixo. É intragável”.

Sem reposta

Sobre as questões relacionadas ao Ensino Fundamental, o DL aguardou respostas da Prefeitura até as 18 horas da última sexta- feira, dia 21, dia de fechamento da Reportagem. Nada foi encaminhado.

Continua depois da publicidade

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software