Apaixonada por ensinar as crianças, hoje, Valéria faz jogos e bichinhos de material reciclável para doar aos alunos nas escolas de educação infantil / Nayara Martins/DL
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A professora aposentada Valéria Drominisk Felix Ramos, de 63 anos, que atuou por 32 anos na área da Educação, conta parte de sua trajetória. Ela foi professora na educação infantil e coordenadora de projetos na rede municipal de Itanhaém.
Com pós-graduação em educação especial, Valéria trabalhou no Atendimento Educacional Especializado, no município. E deu aula na rede estadual.
Apaixonada por ensinar as crianças, hoje, Valéria faz jogos e bichinhos de material reciclável para doar aos alunos nas escolas de educação infantil.
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Diário do Litoral - Por quantos anos você atuou na área da Educação?
Valéria Ramos – Comecei na Educação Infantil, em 17 de fevereiro de 1997, quando prestei concurso na prefeitura de Itanhaém.
Na área de educação especial comecei em fevereiro de 2010 e trabalhei nas duas áreas. Me aposentei na rede municipal em 2015, porque tive um problema no coração, após 32 anos na Educação.
Atuei ainda na rede estadual no Profic, em 1981, e dei aula de artes, cuidava de horta e atividades no contraturno, em uma escola no bairro Loty.
Dei aula na zona rural na Fazenda Caepupu, em Peruíbe, e tínhamos que andar três quilômetros até a escola. As turmas eram do 1º a 4º ano na mesma sala, na rede estadual. À noite, também lecionei para Educação de Jovens e Adultos. Na rede estadual atuei por dez anos.
DL - Quais foram os trabalhos mais marcantes como professora?
Valéria – Em Itanhaém comecei na Educação Infantil e fui a primeira professora do pré 1, na escola Leonor Mendes de Barros, no centro. Minha paixão sempre foi dar aulas às crianças do pré 1 e pré 2.
E fui coordenadora de creche na escola municipal Carlos Maia, no bairro Savoy. Um dos períodos que mais marcou foi na escola Shirley Mariano, no Oásis, com os alunos da pré-escola. Uma das recordações foi com massinhas, onde um dos alunos fez uma bolinha e me deu para curar a dor de cabeça.
É uma magia lidar com as crianças, ensinamos e aprendemos bastante com elas.
DL - E na área da educação especial?
Valéria – Na Educação Especial atuei como coordenadora no projeto Lugar ao Sol, por sete anos, com atividades esportivas e de artes. Atendia 260 crianças e jovens com deficiência. Eles tinham aulas de natação, bocha e basquete adaptados, em parceria com a prefeitura. As atividades funcionavam na CMTECE.
Ainda trabalhei no Atendimento Educacional Especializado (AEE), após concluir pós-graduação na educação especial. Atuei no período de 2010 a 2015, mas tive que me aposentar devido a um problema no coração.
DL – Atuou em outros projetos?
Valéria – Fui coordenadora no projeto Flores da Mata, no Belas Artes. O projeto oferecia várias atividades de arte, aulas de reforço, teatro, no período de contraturno, para crianças de 7 a 14 anos.
E atuei como coordenadora na Casa da Criança, no Jardim Oásis, onde também oferecia diversas atividades extracurriculares com monitores.
DL - Quais os principais desafios na área?
Valéria – O maior desafio é conseguir enxergar nas crianças todas as habilidades que elas têm, cada criança tem o seu tempo. Na pré-escola ensinamos de forma lúdica, onde eles aprendem com mais facilidade.
A parte pedagógica é muito importante, nas reuniões entre os professores e coordenadores para trocar ideias.
O professor tem que prestar atenção e ter um olhar para enxergar a evolução e a criatividade na criança. Na educação infantil a criança aprende brincando e com prazer.
DL - Como você avalia a área da Educação nos dias de hoje?
Valéria – Hoje está bastante mudado, pois não conseguimos mais ter esse acompanhamento dos pais junto às crianças. As crianças estão desde cedo nas telas do celular. Além da violência entre as crianças e o aumento de casos de bullying nas escolas.
O professor não consegue mais estar junto com a criança, não tem tempo suficiente de acompanhar. Elas acabam chegando no ensino fundamental com muita dificuldade.
Na educação especial, o professor também tem que ensinar por meio das habilidades e criatividade com os alunos. Descobrir o que o aluno mais se identifica e saber lidar com cada um.
Na época em que dei aula, conforme a lei, não se atendia criança deficiente menor de 5 anos e não poderia ter mais de dois alunos na sala de aula. Hoje, apesar de ter mais diagnóstico, o professor não consegue atender aos alunos com deficiência sem o apoio em sala.
DL - O que aconselharia aos novos professores?
Valéria – Em primeiro lugar, o professor precisa fazer um diagnóstico de sua turma antes de começar na sala. É preciso conversar com cada criança e enxergar as dificuldades e as habilidades de cada um.
Os novos professores devem ter coragem e amar a profissão. Se eles não sentirem prazer de estar em uma sala de aula com 30 crianças, não conseguem dar conta.
O professor vai ter muito desafios, mas também muitas coisas boas. É gratificante ver uma criança fazer um rabisco em um dia e, depois, evoluir e fazer uma bolinha e o corpo inteiro.
DL- Você faz bichinhos e jogos com material reciclável para doar aos alunos?
Valéria – Continuo fazendo bichinhos e jogos da memória e dominó, todos com material reciclável, para doar às crianças das escolas de educação infantil. Para os bebês no maternal uso as caixas de remédio, encapo e colo vário animais.
O objetivo é fazer com que a criança aprenda por meio do brincar, do cantar e da contação de histórias.
Fui em uma escola de educação infantil contar a história do Chapeuzinho Vermelho, com os personagens feitos de fantoches. Foi gratificante e fiquei emocionada quando um aluno autista veio me abraçar.
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