Cotidiano

Procedimento inédito promete revolucionar combate ao 'mal do século'

O método é de alta precisão e busca modular regiões do cérebro ligadas ao comportamento emocional e ao sistema de recompensa, como o córtex cingulado e o núcleo accumbens

Ana Clara Durazzo

Publicado em 14/08/2025 às 09:30

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Apesar do avanço, a ECP para depressão ainda está em fase experimental e não foi aprovada pela FDA, agência regulatória dos Estados Unidos / Freepik

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A depressão, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos maiores males do século, afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo. Embora o tratamento tradicional envolva psicoterapia e antidepressivos, há pacientes que não respondem a nenhuma abordagem, mesmo após tentar alternativas como eletrochoque ou estimulação magnética. 

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Para esses casos, uma nova técnica experimental pode abrir um caminho promissor: a Cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (ECP).

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Em abril deste ano, a Colômbia entrou para a história ao realizar, pela primeira vez, a cirurgia em um paciente com depressão resistente. O procedimento ocorreu no Hospital Internacional da Colômbia, em Bucaramanga, sob comando do neurocirurgião William Omar Contreras e sua equipe.

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O caso de Lorena

A paciente, Lorena Rodrigues, 34 anos, convivia com depressão severa e ansiedade desde os 17 anos. Após anos de tentativas frustradas com seis tipos diferentes de medicamentos, diversas terapias psicológicas, estimulação magnética e até eletroconvulsoterapia, seu quadro permanecia inalterado.

Selecionada após avaliações rigorosas de psiquiatras, neuropsicólogos e comitês médicos independentes, Lorena foi submetida a uma cirurgia de seis horas, durante a qual precisou permanecer acordada para que os médicos monitorassem, em tempo real, os efeitos da estimulação elétrica em seu cérebro.

Três meses após o procedimento, a paciente já apresenta sinais de melhora no bem-estar emocional, embora os resultados plenos possam levar até dois anos para se consolidar.

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Como funciona a ECP?

A Estimulação Cerebral Profunda é um método de alta precisão que busca modular regiões do cérebro ligadas ao comportamento emocional e ao sistema de recompensa, como o córtex cingulado e o núcleo accumbens. Durante a cirurgia, são implantados quatro eletrodos conectados a um dispositivo no tórax, semelhante a um marca-passo, que emite impulsos elétricos capazes de regular emoções como tristeza profunda, culpa e ansiedade.

O gerador tem autonomia de 25 anos, mas precisa ser recarregado a cada três dias. A diferença desse procedimento em relação a experiências anteriores é justamente o uso de quatro eletrodos, ampliando a área de atuação cerebral e, potencialmente, a eficácia no combate aos sintomas.

Técnica ainda experimental

Apesar do avanço, a ECP para depressão ainda está em fase experimental e não foi aprovada pela FDA, agência regulatória dos Estados Unidos. O método já é aplicado em doenças como o Mal de Parkinson, mas para depressão ainda são necessários mais estudos clínicos.

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Segundo especialistas, cerca de 400 procedimentos semelhantes já foram realizados em países como Canadá e nações europeias. O caso colombiano, porém, se destaca por sua ousadia e pelos resultados iniciais positivos.

Impacto para a América Latina e o Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o país com maior prevalência de casos de depressão na América Latina. Diante desse cenário, avanços como o realizado na Colômbia representam não apenas um marco para a ciência médica, mas também uma fonte de esperança para milhões de pacientes que vivem há anos sob o peso da doença.

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