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Cotidiano

Presos suspeitos de envolvimento em esquema no Porto de Santos

Presidente do Grupo Rodrimar, Antônio Celso Grecco foi detido em Monte Alegre do Sul. Celina Torrealba, uma das proprietárias do Grupo Libra, foi detida em seu apartamento, no Rio

Agência Brasil

Publicado em 29/03/2018 às 22:14

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Executivos que atuam no Porto foram detidos no âmbito da Operação Skala, ­deflagrada pela Polícia Federal (PF) / Rodrigo Montaldi/DL

O ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Wagner Rossi, e os principais executivos de dois grandes grupos empresariais de logística de transportes foram detidos hoje (29), em caráter temporário, no âmbito da Operação Skala, ­deflagrada pela Polícia Federal (PF).

Presidente do Grupo Rodrimar, Antônio Celso Grecco foi detido em Monte Alegre do Sul, no interior de São Paulo, e chegou à superintendência da PF em São Paulo por volta de 11h. Já a empresária Celina Torrealba, uma das proprietárias do Grupo Libra, foi detida em seu apartamento, no Rio de Janeiro. Ambas as empresas têm sede na cidade de Santos.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), vários mandados de prisão temporária e de busca e apreensão estão sendo cumpridos pela PF, a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. As medidas foram determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, relator do chamado Inquérito dos Portos, que apura as suspeitas de que agentes públicos favoreceram empresas do setor portuário com a publicação de um decreto assinado pelo presidente Temer em maio do ano passado, o chamado Decreto dos Portos (Decreto 9.048/2017).

Investigado no mesmo inquérito, o advogado José Yunes, ex-assessor do presidente Michel Temer também foi preso esta manhã.

Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF restringiu a divulgação de informações a respeito da operação. O MPF também informou que, por se tratar de medidas cautelares, autorizadas para “embasar investigações em curso”, não confirmaria os nomes de todos os investigados alvos dos mandados.

Procurada pela reportagem, a defesa de Rossi informou que o ex-ministro está aposentado há sete anos e que não atuou mais profissionalmente na vida pública ou privada. “Nunca mais participou de campanhas eleitorais ou teve relacionamentos políticos. Nunca foi chamado a depor no caso mencionado. Portanto, são abusivas as medidas tomadas. Apesar disso, Wagner Rossi está seguro de que provará sua inocência”, informa a nota dos seus advogados.

A Rodrimar e o advogado de Celso Grecco ainda não se pronunciaram. Representantes do Grupo Libra afirmaram que não vão se pronunciar por ­enquanto.

Libra

Segundo o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, o grupo Libra, concessionário do Porto de Santos, foi beneficiado pelo Decreto dos Portos. A norma permitiu à empresa renovar seus contratos, apesar de estar inscrita na dívida ativa da União. A PF investiga doações eleitorais feitas por integrantes da família Torrealba ao PMDB. A PGR trabalha com a hipótese de que a doação oficial de R$ 1 milhão feita por dois sócios da Libra à campanha de Temer em 2014 tenha sido propina em troca do decreto, o que a empresa refuta. Naquele ano, Temer foi candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff (PT). A empresária Celina Torrealba foi presa em seu apartamento, no Leblon. Agentes também realizaram operação na sede do Libra, no centro da cidade.

O outro lado

O advogado José Luis Oliveira Lima, que defende o advogado José Yunes, ex-assessor de Temer, disse que não há nenhuma  novidade na investigação sobre o Porto de Santos que justifique a prisão de seu cliente. "No caso do José Yunes, não há nenhum fato novo. Essa prisão é uma loucura", afirmou. O advogado afirmou que seu escritório ingressaria ainda hoje com um pedido de revogação de prisão no Supremo.

O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) saiu em defesa de Michel Temer e disse que o presidente Temer não tem nada a ver com o assunto da operação.

O advogado de Wagner Rossi, Abmailson Santos de Oliveira, afirmou que vai entrar com pedido de habeas corpus no STF. “São coisas referentes ao tempo que nem sequer ele trabalhava como ministro ou presidente da Codesp”, disse Oliveira. “Nunca foi chamado a depor no caso mencionado. Portanto, são abusivas as medidas tomadas. Apesar disso, Wagner Rossi está seguro de que provará sua inocência”.

O Grupo Libra não se manifestou.

A Rodrimar, em nota, diz que foi surpreendida pela operação em dia de feriado no Judiciário, “impossibilitando o acesso dos advogados aos autos”. “A Rodrimar esclarece que nunca pagou propina a nenhum agente público e nunca autorizou que alguém o fizesse em seu nome. A ‘famosa’ mala de dinheiro não saiu da Rodrimar nem era destinada a ela ou a seus executivos, como já foi esclarecido nos autos da investigação”, afirmou a empresa. A companhia diz ainda considerar estranho que um inquérito da década de 1990, “já arquivado e no qual ninguém da Rodrimar tenha sido sequer intimado, tenha sido usado para esse extemporâneo mandado de prisão”.

 

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