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Cotidiano

Prédio residencial corre risco de desabamento em Praia Grande

Edifício apresenta graves problemas estruturais e um perito judiciário já recomendou a retirada das famílias

Carlos Ratton

Publicado em 08/10/2020 às 07:00

Atualizado em 19/04/2021 às 13:38

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Segundo casal que já saiu, 17 famílias estão sob risco; Prefeitura acompanha caso / Reprodução/Google Maps

O edifício Las Vegas, localizado à Rua Mário de Andrade, 128, em Praia Grande, de mais de 18 andares (que equivalem a 22) e 58 apartamentos, está com graves problemas estruturais e pode desabar a qualquer momento com 17 famílias dentro. A denúncia é do casal de Jundiaí Antônio Ricardo e Vanessa Ignácio de Souza, que alugou o apartamento 152 e está saindo do prédio hoje. A construtora nega riscos.

A base da edificação está totalmente escorada por estruturas de ferro, com problemas nas ferragens e repleta de trincas em várias vigas de sustentação. Um perito judiciário já esteve fazendo duas visitas e recomendou a retirada das famílias do prédio. A Defesa Civil não interditou porque a situação estaria sendo acompanhada por um engenheiro contratado pela construtora responsável. O prédio só tem cinco anos.

"Temos um parecer da perícia alertando que as famílias estão proibidas de receber visitas, principalmente nos finais de semana, por conta do excesso de peso. Também que o edifício não pode sofrer corrente de vento muito forte, acima de 100 km/hora. Desde que alugamos não conseguimos dormir tranquilos e resolvemos sair. Rompemos o contrato e pedimos o aluguel de volta", afirma Ricardo Souza.

Vanessa garante que a situação é muito perigosa, mais dois inquilinos romperam contrato e também saíram. "Tem famílias que não saem porque são proprietárias e não teriam pra onde ir. Enquanto estive lá, tive que ir para o hospital em função do pânico. O prédio é grande, bonito e novo. Mas pode ocorrer uma tragédia", completa.

A situação é divulgada pela própria administração do edifício. Em comunicado afixado no hall do prédio, há um alerta que os problemas atingiram as sapatas e que as famílias sejam realojadas até que seja restabelecida a segurança da edificação sob risco de ruína.

Um áudio encaminhado ao casal por outra moradora que também saiu do prédio demonstra a situação psicológica das famílias. "À noite ventou muito. Estou orando para as pessoas que ainda estão no prédio. A cada uivo de vento é um desespero", afirma. A preocupação ainda é maior em função da proximidade de final de ano, quando a ocupação do prédio é muito maior.

Perito

A Reportagem teve acesso ao primeiro relatório do perito judicial, de 22 de setembro último. Nele, o profissional informa ao juiz que as providências estruturais estão sendo feitas, porém, é necessária a limitação de ocupação somente dos moradores. Ou seja, proibida a ocupação de veraneio.

Prefeitura

A Secretaria de Urbanismo (Seurb) de Praia Grande informa que acompanha esta ocorrência e que foram tomadas todas as ações administrativas pertinentes. A fiscalização do Contru (Subsecretaria de Controle Urbano da Seurb), mediante análise técnica e apresentação de Laudos periciais, concluiu que neste caso específico não há necessidade de evacuação. No momento está em andamento um processo na esfera judicial envolvendo as partes, construtor e condomínio.

A responsável pelo edifício Las Vegas é a Litoral Construtora. Numa breve pesquisa online, a Reportagem descobriu avaliações negativas relacionadas a imóveis entregues pela empresa. Há oito meses, um cliente escreveu no portal da empresa.

"Adquirimos uma unidade habitacional recentemente entregue pela construtora e não demorou muito para começar a aparecer rachaduras em todas as paredes. Já solicitamos várias vezes uma providência visto que o imóvel está na garantia e se quer deram algum retorno a nossos pedidos. Já percebi que o jeito vai ser abrir um processo na Justiça pra fazer valer meu direito. Aliás são ótimos em cobrar e péssimos no atendimento ao cliente".

Construtora

Em contato com a Litoral Construtora, a empresa assegurou que não existe risco de ruína. Por intermédio de seu advogado, afirma que, inicialmente, é necessário informar que os eventuais erros de cálculo estão sendo discutidos judicialmente.

Segundo explica a empresa, foi designada perícia técnica que está produzindo seu laudo pericial. A construtora juntou ao processo o parecer do engenheiro calculista da edificação e também de um profissional contratado especialmente para esse fim (revisão do cálculo estrutural) e ambos afirmam categoricamente que o edifício não corre risco de ruína.

A construtora garante que já contratou uma empresa para colocar as escoras da edificação e outra especializada para desenvolvimento de análise do projeto estrutural e projeto de reforço para as peças estruturais.

"Esse trabalho está em fase final e já foram enviados os projetos iniciais dos reforços considerados necessários. As análises técnicas, laudos de segurança, projetos de reforços estão à disposição para consulta se necessário", explica o advogado Leandro Neumayr Gomes.

Finalizando, o advogado Leandro Gomes garante que, após as verificações e laudos técnicos da empresa especializada acima mencionada, verificou-se que não existe esse risco do prédio ser condenado.

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