Cotidiano

Praia mais poluída do litoral recebe turistas mesmo sendo imprópria quase o ano todo

Apesar da orla atraente, monitoramento da Cetesb aponta impropriedade em 98% das coletas; risco à saúde e alerta para visitantes

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 04/12/2025 às 16:20

Atualizado em 04/12/2025 às 16:24

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Estudo detectou altos níveis de contaminação na praia do Perequê, no Guarujá / Rubens Chaves/Folhapress

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A Praia do Perequê, no Guarujá — município do litoral paulista — é conhecida por sua longa faixa de areia, por fazer parte de uma vila caiçara tradicional e por oferecer boa gastronomia baseada em pescados frescos.

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A orla, com cerca de 2,4 km de extensão, costuma atrair curiosos interessados na paisagem ou em frutos do mar. 

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Porém, apesar do visual convidativo, é justamente ali que está o triste título de ser a praia mais poluída da Baixada Santista, conforme os dados mais recentes da Cetesb.

Em 2024, das 52 coletas semanais de água, só uma apresentou índices aceitáveis para banho — ou seja, praticamente todas as outras apontaram contaminação. 

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Veja também: Conheça as 5 melhores praias de Guarujá

O que causou essa poluição?

A área sofre com a falta histórica de saneamento em partes do bairro: redes de esgoto não estavam adequadamente implantadas, o que resultava em despejo direto de resíduos.

Recentemente, a companhia de saneamento (Sabesp) e a prefeitura passaram a trabalhar para corrigir essa infraestrutura. 

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A geografia local também não ajuda: a praia recebe o escoamento de um pequeno rio — o conhecido “Rio do Peixe” —, e a maré favorece o acúmulo de poluentes nas águas. 

O constante fluxo de visitantes e o descarte inadequado de resíduos agravam a contaminação, comprometendo o uso da praia para lazer e banhos. 

Como consequência, a contaminação por bactérias fecais (como os enterococos) torna a água imprópria, representando riscos à saúde — como infecções, problemas gastrointestinais e de pele. 

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Apesar de quiosques e restaurantes ainda estarem de pé, o banho e atividades de mar tornam-se perigosas, e autoridades recomendam atenção máxima à sinalização de balneabilidade. 

Conheça a praia de Guarujá que ganha selo 'Bandeira Azul' há mais de 15 anos

A “Pérola do Atlântico” e o contraste entre turismo e degradação

O Guarujá, situado na Ilha de Santo Amaro, na Baixada Santista, é um dos destinos turísticos mais tradicionais do litoral paulista. Com cerca de 287 mil habitantes (dados de 2022), o município conta com 27 praias que combinam mar, Mata Atlântica, áreas urbanizadas e trechos preservados — o que o torna um destino completo para diferentes tipos de público. 

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Durante a alta temporada, especialmente entre o Natal e o Réveillon, o Guarujá recebe mais de 1,5 milhão de turistas, segundo estimativas da própria prefeitura. Essa intensa procura movimenta a economia local, turismo, comércio, serviços e geração de empregos temporários, consolidando o município como um dos polos turísticos mais importantes do litoral paulista. 

No entanto — e paradoxalmente — o sucesso turístico convive com desafios ambientais históricos e atuais. A situação da Praia do Perequê ilustra bem esse contraste: mesmo em um município com estrutura turística, a falta de saneamento adequado e o impacto das atividades humanas e geográficas resultam em contaminação, afetando a segurança sanitária e a reputação de uma das orlas mais atraentes do Guarujá.

A prefeitura e órgãos ambientais têm reconhecido o problema. Obras de saneamento e esforços de descontaminação (inclusive do afluente “Rio do Peixe”) estão em curso, mas as consequências da poluição exigem cautela de moradores e visitantes, que devem acompanhar os boletins semanais de balneabilidade antes de planejar banhos. 

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Por que essa informação é importante?

A Praia do Perequê ilustra como beleza natural e riscos ambientais podem conviver no mesmo lugar — o que reforça a ideia de que “nem tudo que reluz é seguro”.

Para quem pensa em visitar, é fundamental verificar a balneabilidade atual, pois o risco à saúde pode ser alto.

O caso evidencia a importância do saneamento básico e gestão ambiental, mesmo em cidades turísticas consolidadas — um alerta para autoridades e cidadãos.

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Por fim, mostra que o turismo sustentável depende não só de paisagens bonitas, mas também de infraestrutura, educação ambiental e responsabilidade coletiva.

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