Estrutura montada na praça foi cedida pelo Governo do Estado e é provisória até que a Prefeitura de São Vicente consiga revitalizar definitivamente o local / Rodrigo Montaldi/DL
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Trabalhadores correm para fazer os últimos ajustes. A solenidade oficial de reabertura da Praça da Biquinha, em São Vicente, aconteceu no início da noite de ontem (20), mas, no meio da tarde os comerciantes já ocupavam o espaço fechado há 18 meses. A estrutura não é definitiva e foi cedida pelo Governo do Estado, no entanto agradou turistas e moradores que frequentam o local.
“Estou achando excelente. Perto do que estava está muito bom. Só tinha pessoas desocupadas e não tinha iluminação. São Vicente precisava disso. O antigo prefeito não conseguiu fazer o que tinha de ser feito. Espero que o atual não comece com esse gás e depois perca. Que vá até o fim”, afirmou Ulisses Barranqueiro, morador da Vila Fátima.
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Há 20 anos, uma vez por semana, Barranqueiro vai à Bica de Anchieta pegar água. Enche cerca de 20 galões que suprem a necessidade de consumo da família. “A água da Biquinha já me provaram que é 100% natural. Em casa esses galões ficam em um bebedouro gelado. Só tomo dessa água, eu e os meus quatro filhos. Não tomamos outra”, destacou.
Sentados em dos parklets – estruturas de madeiras com bancos e guarda-sóis – espalhados pela praça, os turistas de Diadema aprovavam a reabertura do espaço. “Chegamos há um tempo. Resolvemos passar aqui porque lembramos da feirinha dos doces. Está bem policiado agora, com mais segurança, e mais limpo também. Deu uma renovada”, disse Danilo Davanzzo.
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Comércio
Sentada ao lado do carrinho de milho que garante o sustento de sua casa há mais de 10 anos, a vendedora Maria Silva, de 70 anos, comemorava o retorno à Praça da Biquinha. A moradora da comunidade Sá Catarina de Moraes disse ter esperança de voltar a vender como outrora.
“Vai ficar melhor quando eles fizerem as barraquinhas. Lá do outro lado eu quase não trabalhava porque ficava dois dias para vender um saco de milho. Por causa do espaço, porque não vinha ninguém, e também a de falta de segurança. Só tinha maloqueiro. Tenho fé em Deus que volto para casa hoje com milho todo vendido”, afirmou Maria.
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A intenção da vendedora de milho é continuar na praça por mais 10 anos. “Tenho fé que ela vai voltar ao que era. Que vamos trabalhar e ganhar o nosso dinheirinho. Tenho 70 anos e até os meus 80 quero trabalhar aqui”.
Joanira Martins, de 57 anos, é a doceira mais antiga da Praça da Biquinha atualmente. Há 50 anos, com sete de idade, saiu de Alagoas rumo à São Vicente junto com o pai, com a expectativa de uma vida melhor e nunca mais voltou. Desde então, é neste local que ela ganha o sustento.
“Vim exatamente para trabalhar na Biquinha. Minha família já estava aqui. Essa primeira barraca foi o meu cunhado junto com o pai dele que colocou na praça. Viemos porque ele arrumou serviço no DER na época e pediu para o meu pai vir com a gente para trabalhar com o doce”, destacou Joanira.
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Ela prepara os doces junto com a filha. O ritual tem início às 7 horas, pois as 13 horas a comerciante precisa estar com os quitutes prontos para colocar à venda. O encerramento das atividades dos boxes de doces na Praça da Biquinha, após incêndio há quatro anos, é considerada a pior fase de sua vida. A obra de revitalização do espaço foi anunciada em 2014 e os tapumes colocados em 2015. Nada foi feito e o local ficou degradado.
“A gente só contava com promessa. A gestão que assumiu disse que ia pegar a Biquinha como prioridade e fez. Eu já estou na praça dos meus sonhos que é a Biquinha. Poderia estar uma banquinha menor, não tem importância, eu estou na Biquinha. Estou voltando para casa”, destacou.
Provisório
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O secretário de Projetos Especiais, Adão Ribeiro, acompanhava os últimos serviços realizados para o que ele denomina como ‘reocupação do espaço’. A estrutura provisória deve dar lugar à reurbanização definitiva do local, assim que a Prefeitura de São Vicente consiga resolver pendências cadastrais.
“É uma ocupação, não é uma intervenção definitiva. Uma parceria com o Governo do Estado, sem custos ao município, que cedeu as lonas e as tendas durante um período para pudéssemos devolver a praça para a população. A segunda etapa é tentar usar a engenharia a favor da cidade para que o pessoal não tenha que sair daqui. Fazer a obra sem ter que remover as pessoas”, afirmou Ribeiro.
O secretário destacou que não há prazo para terminar a estrutura definitiva do local. “Tem que aprovar o projeto, captar o recurso, liberar o Cadin. Essa liberação está sendo negociada pelo prefeito”. Além das tendas e parklets, o espaço conta com 21 lâmpadas de led, sanitários e segurança com uma base da Guarda Civil Municipal e agentes da Polícia Militar.
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