Muitas espécies vêm sendo ameaçadas e outras já podem ter sido extintas / Matheus Leite
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Antes abundantes em todos os lugares, inclusive na Baixada Santista, está cada vez mais difícil ver um vagalume nos locais onde há ocupação humana, em especial nos centros urbanos e em seu entorno.
Tudo indica que a poluição luminosa é a grande responsável por esse sumiço, e os especialistas estão preocupados com o risco de extinção de suas espécies.
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Ainda é possível ver os vagalumes nas áreas preservadas, é claro, como nas unidades de conservação, nas zonas rurais e em lugares mais afastados, mas estudos recentes mostram que até mesmo essas áreas são afetadas pela poluição luminosa dos grandes centros. O avanço da urbanização, o uso de pesticidas e o desmatamento também são culpados.
Matheus Leite, estudante de mestrado da UFRJ, explica que os vagalumes utilizam o fenômeno da bioluminescência (produção de luz por um organismo) para se comunicarem entre si. Nesse caso, machos e fêmeas brilham para encontrar parceiros sexuais e, além disso, para realizar o comportamento de corte (as fêmeas cuidadosamente escolhem os machos). Por esse motivo, brilhar para eles é muito importante.
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Em locais iluminados, principalmente com mais intensidade de poluição luminosa, essa comunicação fica extremamente afetada, não só porque a competição com a luz artificial faz com que o brilho dos vagalumes não seja percebido, mas também porque, em muitos casos, as espécies de vagalumes tendem a parar de brilhar quando em contato com a luz. Se você quer ver os vagalumes brilhando no escuro, o ideal é que isso seja feito sem lanternas, por exemplo.
O Brasil é a região com a maior diversidade de espécies de vagalumes do mundo, e a maior parte dessa diversidade está concentrada na Mata Atlântica, que é considerada um hotspot (um ponto muito rico em número de espécies) para o grupo.
Não é possível precisar a lista das espécies que podem ser encontradas no litoral de São Paulo, já que essa informação ainda precisa ser compilada, mas os gêneros mais comuns na região da Mata Atlântica como um todo são: Photinus, Photuris, Pyrogaster, Amydetes, Cratomorphus e Aspisoma. Dentro desses gêneros, há uma série de espécies, algumas mais comuns e amplamente distribuídas do que outras.
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Matheus disse ainda que, além desses gêneros, existem diversos outros. A depender do grupo, o vagalume é mais ou menos sensível à urbanização, mas, no geral, todos eles sofrem muito com o impacto das cidades e do uso de pesticidas. O especialista disse que, infelizmente, para insetos e outros invertebrados, faltam listas de estado de conservação e políticas públicas, mas, apesar disso, os pesquisadores vêm estudando e somando esforços para melhorar esse cenário.
O estudioso do assunto disse que muitas espécies vêm sendo ameaçadas e outras já podem ter sido extintas, já que algumas espécies já não são encontradas nos lugares onde eram observadas. Infelizmente, não há ainda dados oficiais para essas informações e, para confirmar a extinção, é preciso uma publicação oficial.
“Recentemente, criaram um grupo de trabalho da IUCN que está somando esforços para criar uma lista de estado de vulnerabilidade de vagalumes. Com isso, em breve, teremos a inclusão das espécies de vagalumes ameaçadas na lista vermelha da IUCN", finalizou.
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