Carteira do Idoso oferta uma série de benefícios além do transporte público / Divulgação
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Uma pesquisa publicada na revista European Geriatric Medicine revelou que cerca de 14% das pessoas idosas residentes em São Paulo sofrem de fragilidade, uma condição que aumenta o risco de quedas, hospitalizações por fraturas e causa risco de morte. A análise destaca a importância da criação de estratégias de prevenção e intervenção precoce da condição.
O estudo acompanhou participantes idosos durante nove anos com base nos dados do Estudo SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento). Segundo os pesquisadores, a maioria dos afetados permaneceu em estado de fragilidade, sem apresentar melhoras representativas, e alguns ainda pioraram durante o período da análise.
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Para obter os resultados, a doutora em gerontologia Gabriela Cabett Cipolli analisou informações de 1.399 indivíduos paulistas com 60 anos ou mais, entre os anos de 2006 e 2015. Foram três ondas de avaliação para identificar os níveis de fragilidade na faixa etária e propor métodos preventivos.
Segundo Cipolli, a fragilidade dos participantes foi avaliada com base na perda de peso não-intencional, fadiga, fraqueza muscular, lentidão na marcha e baixa atividade física. A presença de três ou mais fatores indicavam a pessoa idosa como um estado de maior vulnerabilidade fisiológica.
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A pesquisadora ainda utilizou um modelo de análise estatística para classificá-los em até quatro estágios de fragilidade: estável, piorando, melhorando e flutuante. Os resultados mostraram que 13,7% dos idosos estavam frágeis em 2006, tendo a morte de mais da metade (51,5%) dos participantes até 2010.
Em contrapartida, os idosos que foram inicialmente classificados como não-frágeis representaram 56% na pesquisa, e se mantiveram neste estado no mesmo período. Um pouco mais desta metade continuava igual em 2015, enquanto uma minoria transitou de frágil para não-frágil (1,3%).
"Analisei os dados dos pacientes que não tinham fragilidade no começo do estudo e comparei com seu estado de saúde nas outras duas análises. Com isso, consegui avaliar se houve transição entre os status de fragilidade de cada um, ou seja, se piorou, se houve reversão para não-frágil ou se a pessoa idosa morreu no período", explicou Cipolli.
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O estudo também demonstrou que idosos homens foram mais associados ao risco de morte, ainda que as mulheres apresentem maior prevalência de fragilidade. O paradoxo pode estar relacionado a uma maior resiliência sociobiológica entre as mulheres. "A questão de sexo foi algo que chamou atenção no estudo. [...] Provavelmente, isso acontece porque historicamente a mulher é mais preocupada com a saúde e procura mais assistência médica", justificou a doutora.
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que as pessoas idosas deixaram de ser a menor fatia da população em 2024. Os números devem aumentar ainda mais daqui a duas décadas, já que o envelhecimento é um fenômeno global.
Em 2023, as pessoas acima de 60 anos representavam 15,6% da população brasileira, superando os 24,8% dos jovens entre 15 a 24 anos. Curiosamente, é a primeira vez que a faixa etária ultrapassa os números juvenis, que vêm diminuindo cada vez mais desde o início dos anos 2000.
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Para além dos critérios de fragilidade, a pesquisa também mostrou a importância da saúde mental e cognitiva na trajetória de envelhecimento, visto que idosos frágeis apresentaram maior probabilidade de apresentar sintomas depressivos e baixo desempenho cognitivo.
Cipolli explicou que o resultado possivelmente estaria atrelado aos processos inflamatórios crônicos, desequilíbrios hormonais e processos neurodegenerativos, que são fatores já relacionados à fragilidade e ao declínio mental das pessoas idosas.
Apesar dos dados interessantes, estudos com alto grau de detalhamento sobre a fragilidade dos idosos ainda são escassos em países de renda média, como no Brasil. A pesquisadora ainda reforça que o cenário segue em construção no país e deveria ser intensificado para promover prevenção e qualidade de vida.
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De acordo com a orientadora Yassuda, os resultados finais desta pesquisa reforçam a importância de identificar precocemente os riscos em idosos, sobretudo, em pessoas com multimorbidades. "Na prática, isso significa investir em rastreamento frequente da fragilidade, promoção da atividade física e atenção à saúde mental como formas de prevenir a progressão da fragilidade e reduzir a mortalidade", completou ela.
A pesquisa completa integra a tese de doutorado de Cipolli, realizado no Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp), sob orientações de Mônica Sanches Yassuda e Qian-Li Xue, da Johns Hopkins University.
Em uma publicação em seu canal do YouTube, o Dr. Drauzio Varella afirmou que para viver uma vida longa, é importante manter um estilo de vida ativo e tomar alguns cuidados com a saúde.
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O médico ainda deu conselhos valiosos para envelhecer de forma mais saudável, sem abrir mão da qualidade de vida.