Cotidiano
É o que aponta a pesquisa "Comer em casa ou na rua? Estudo comparativo através da avaliação do ciclo de vida frente às mudanças climáticas globais", desenvolvida por Ana Carolina Lopes Miranda Aguiar, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
O estudo mostra que mesmo escolhas cotidianas e aparentemente inofensivas carregam uma pegada ambiental significativa, revelando a importância de entender como nossos hábitos alimentares influenciam o clima e o meio ambiente. / Pexels
Continua depois da publicidade
Você sabia que até mesmo aquela salada simples do almoço ou o tradicional churrasco de fim de semana podem contribuir, ainda que discretamente, para o fenômeno conhecido como aquecimento natural do planeta?
Essa é uma das conclusões apontadas pela pesquisa “Comer em casa ou na rua? Estudo comparativo através da avaliação do ciclo de vida frente às mudanças climáticas globais”, realizada por Ana Carolina Lopes Miranda Aguiar, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Continua depois da publicidade
O trabalho utilizou a metodologia de avaliação do ciclo de vida, ferramenta da engenharia ambiental que examina todas as etapas de um produto — da produção e transporte dos alimentos até o momento em que chegam ao prato do consumidor. Segundo a autora, trata-se de uma abordagem que pode ser aplicada a qualquer tipo de bem ou serviço, permitindo mensurar com precisão o impacto ambiental de cada fase.
Com foco específico nas emissões de dióxido de carbono (CO), Ana Carolina analisou dois restaurantes de comida libanesa na Zona Sul do Rio, incluindo um que trabalha exclusivamente com refeições veganas.
Continua depois da publicidade
A partir de entrevistas com gestores e funcionários, ela identificou os dez ingredientes mais utilizados por cada estabelecimento, formando a base de comparação entre os impactos gerados.
Ainda neste tema, o alimento mais proteico do planeta desafia a carne e já faz parte da sua dieta.
O estudo mostra que mesmo escolhas cotidianas e aparentemente inofensivas carregam uma pegada ambiental significativa, revelando a importância de entender como nossos hábitos alimentares influenciam o clima e o meio ambiente.
Continua depois da publicidade
Para consolidar os resultados e atender aos rigorosos padrões científicos exigidos para publicação, a pesquisadora mapeou toda a cadeia de produção dos ingredientes analisados. “Quis entender como cada alimento é produzido, processado e transportado até chegar ao restaurante”, explicou.
Nos estabelecimentos que utilizavam proteínas de origem animal, a carne bovina surgiu como a principal responsável pelas emissões de CO. Já no restaurante voltado ao público vegano, o destaque negativo ficou por conta do pepino, que apresentou a maior pegada de carbono entre os insumos avaliados.
A investigação também incluiu residências do Rio de Janeiro. Assim como nos restaurantes, a carne apareceu no topo da lista entre os maiores emissores de CO, seguida pelo óleo de soja e pela carne suína.
Continua depois da publicidade
O cálculo levou em consideração o volume de atendimentos de cada estabelecimento. Dessa forma, a emissão de carbono por pessoa foi obtida dividindo-se o total emitido por cada ingrediente pelo número de clientes atendidos.
No balanço geral, os pratos oferecidos pelo restaurante vegano foram os que menos contribuíram para as emissões. “Minha pesquisa começou investigando o consumo elevado em restaurantes, mas o ponto central é o tipo de produto que chega ao prato”, conclui a autora.
Pepino – 0,125 (27,40%);
Continua depois da publicidade
Óleo de soja – 0,122 (26,81%);
Arroz não basmati – 0,039 (8,57%);
Couve-flor – 0,034 (7,52%);
Continua depois da publicidade
Grão-de-bico – 0,033 (7,22%);
Limão – 0,024 (5,40%);
Cebola – 0,024 (5,29%);
Continua depois da publicidade
Farinha de trigo – 0,021 (4,80%);
Tomate – 0,019 (4,24%);
Cenoura – 0,012 (2,74%)
Continua depois da publicidade
Bovinos para abate, peso vivo – 22,869 (95,29%);
Farinha de trigo – 0,439 (1,83%);
Trigo em grãos – 0,363 (1,52%);
Grão-de-bico – 0,165 (0,69%);
Tomate – 0,097 (0,40%);
Cebola – 0,060 (0,25%);
Abate do frango, peso vivo – 0,002 (0,01%);
Hortelã – 0,000 (0,00%);
Alho – Não disponível;
Salsa – Não disponível
Bovinos para abate, peso vivo – 17,222 (55,82%);
Óleo de soja – 2,759 (8,95%);
Suínos para abate, peso vivo – 2,659 (8,62%);
Leite de vaca – 2,529 (8,20%);
Abate de frango, peso vivo – 2,235 (7,25%);
Arroz não basmati – 1,790 (5,80%);
Farinha de trigo – 0,622 (2,02%);
Açúcar da cana-de-açúcar – 0,522 (1,69%);
Feijão em fava – 0,388 (1,26%);
Batata – 0,120 (0,39%)