Cotidiano
A espécie, conhecida mundialmente por sua impressionante capacidade de adaptação, pode causar impactos significativos nos ecossistemas locais
A pesquisa analisou 56 exemplares coletados entre março de 2022 e março de 2023 / Reprodução/Google Maps
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Um estudo publicado em agosto de 2025 na revista Acta Scientiarum Biological Sciences investigou a presença da Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), espécie exótica originária da África, no Canal 4, em Santos. O peixe, conhecido mundialmente por sua impressionante capacidade de adaptação, tem se multiplicado rapidamente na região e pode causar impactos significativos nos ecossistemas locais, competindo com espécies nativas.
A pesquisa analisou 56 exemplares coletados entre março de 2022 e março de 2023. Os resultados mostraram que a tilápia mantém boa condição física durante todo o ano, mesmo em um ambiente urbano poluído, com baixa oxigenação, alta turbidez e variações de salinidade, condições desfavoráveis para a maioria dos peixes nativos.
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Os pesquisadores também identificaram fêmeas maduras em quase todos os períodos do ano, o que indica que a espécie se reproduz em diferentes momentos. Essa estratégia, somada à ausência de predadores e competidores naturais, favorece sua proliferação nos canais da cidade.
E veja também que os cientistas reencontram um peixe raro em uma poça à beira de estrada no litoral paulista.
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As tilápias têm se multiplicado rapidamente nos canais de Santos / Foto: João Henrique Alliprandini da CostaAo analisar a alimentação da tilápia, os cientistas observaram uma preferência por detritos orgânicos acumulados no fundo do canal, mas a dieta também incluiu insetos, algas e, em alguns casos, larvas do peixe papa-terra (Menticirrhus littoralis), uma espécie marinha de importância comercial e pesqueira no Brasil.
Esse registro revela que a tilápia não apenas se estabeleceu com sucesso no local, mas também está interferindo diretamente em espécies nativas, inclusive de ambientes marinhos.
Veja também que um outro peixe reapareceu no litoral de São Paulo após quase 30 anos desaparecido.
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O pesquisador João Henrique Alliprandini da Costa destacou a urgência de medidas de controle e monitoramento da espécie:
“O nosso estudo alerta que a presença dessa espécie nos canais de Santos representa um risco ecológico a longo prazo, reforçando a necessidade urgente de monitoramento e manejo para evitar danos maiores à fauna local e ao equilíbrio dos ecossistemas costeiros.”
Intitulado “Size and diet of Oreochromis niloticus in an urban drainage channel in Santos, State of São Paulo, Brazil”, o trabalho foi desenvolvido na Universidade Santa Cecília (Unisanta) em parceria com pesquisadores de outras instituições.
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Assinam o estudo: João Henrique Alliprandini da Costa, Rebeca Ribeiro Miranda, Bruno Paes De-Carli, Amanda Selinger, Renan Braga Ribeiro e Ursulla Pereira Souza.