Essa espécie é reconhecida mundialmente por sua alta capacidade de adaptação / João Henrique Alliprandini da Costa
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Um estudo recente publicado na revista Acta Scientiarum Biological Sciences, em agosto de 2025, investigou a presença da Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), peixe exótico, originário da África, e que está se proliferando no Canal 4 de Santos. Essa espécie é reconhecida mundialmente por sua alta capacidade de adaptação e por causar impactos significativos em ecossistemas onde é introduzida, competindo com peixes nativos.
No estudo, foram analisados 56 indivíduos capturados entre março de 2022 e março de 2023. Os resultados mostram que a espécie mantém, ao longo de todo o ano, boa condição física mesmo em um ambiente urbano poluído, com baixa oxigenação, alta turbidez e variações de salinidade, características que dificultam a sobrevivência de muitas espécies nativas.
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Foram encontradas também fêmeas maduras em quase todos os períodos do ano, o que indica uma reprodução em diferentes momentos, estratégia que pode ajudar na proliferação da espécie nos canais, além da ausência de predadores e competidores nativos.
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Ao estudar a dieta da espécie, foi encontrada uma preferência por detritos orgânicos acumulados no fundo do canal, mas a sua dieta também incluiu insetos, algas e, ocasionalmente, presas de maior preocupação: larvas do peixe popularmente conhecido como papa-terra (Menticirrhus littoralis), espécie marinha de importância comercial e pesqueira no Brasil. Esse registro indica que a tilápia não apenas está bem estabelecida no local, mas está afetando diretamente espécies nativas, inclusive de ambientes marinhos.
João Henrique Alliprandini da Costa, pesquisador, fala dos riscos que a espécie representa e das ações que precisam ser feitas urgentemente:
“O nosso estudo alerta que a presença dessa espécie nos canais de Santos representa um risco ecológico a longo prazo, reforçando a necessidade urgente de monitoramento e manejo para evitar danos maiores à fauna local e ao equilíbrio dos ecossistemas costeiros.”
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O estudo é intitulado “Size and diet of Oreochromis niloticus in an urban drainage channel in Santos, State of São Paulo, Brazil” e foi desenvolvido na Universidade Santa Cecília (UNISANTA), com parceria de pesquisadores de outras instituições.
Os autores são: João Henrique Alliprandini da Costa, Rebeca Ribeiro Miranda, Bruno Paes De-Carli, Amanda Selinger, Renan Braga Ribeiro e Ursulla Pereira Souza.