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Cotidiano

Parlamentares iranianos criticam acordo nuclear com P5+1

"Um cálice de veneno foi dado ao povo, mas (o governo) está tentando mostrar como uma bebida doce por meio da manipulação da mídia", disse o deputado Ruhollah Hosseinian

Publicado em 27/11/2013 às 13:34

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Políticos iranianos com posições mais extremas criticaram publicamente o acordo alcançado em Genebra na semana passada com as seis potências ocidentais sobre o programa nuclear do país. O deputado Ruhollah Hosseinian, por exemplo, disse que a decisão foi vaga e condicional, o que pode finalmente levar ao fechamento do programa de enriquecimento de urânio do país. O deputado Hamid Rasaei, da mesma linha política, chamou a decisão de "um cálice de veneno".

"Um cálice de veneno foi dado ao povo, mas (o governo) está tentando mostrar como uma bebida doce por meio da manipulação da mídia", disse Rasaei.

"Nós devemos dizer às pessoas o que perderam e o que ganharam com o acordo", disse Hosseinian. "É praticamente pisotear os direitos de enriquecimento (de urânio) do Irã. Essas restrições indicam que caminhamos para uma auto paralisação nesse setor", complementou.

A maioria dos parlamentares apoiou o acordo, destacando a redução das sanções atuais impostas pelas potências mundiais e o impedimento de novos bloqueios políticos e econômicos.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou que o acordo ajudou na redução das sanções (Foto: Divulgação)

Na madrugada de domingo, o Irã chegou a um histórico acerto temporário com as seis potências globais (EUA, França, Reino Unido, China, Rússia e Alemanha) conhecidas como P5+1. O país do Oriente Médio se comprometeu, durante os próximos seis meses, a não enriquecer urânio a mais de 5% e a neutralizar todo seu estoque de urânio enriquecido a quase 20%, patamar acima do qual o combustível pode ser usado na produção de armas nucleares. Os iranianos também serão submetidos à supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Em contrapartida, o P5+1 se comprometeu a suspender os bloqueios sobre o ouro e metais preciosos, setor automobilístico e às exportações petroquímicas do país, o que fornecerá cerca de US$ 1,5 bilhão em receita potencial aos iranianos. Também permitirão que US$ 4,2 bilhões das vendas de petróleo possam ser transferidas em parcelas ao governo do país.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei - que tem a palavra final sobre todas as questões de Estado -, tem apoiado publicamente as negociações sobre o programa nuclear do país. No entanto, ele não discordou da posição dos parlamentares que criticaram o acordo.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou que o acordo ajudou na redução das sanções e impede que a Organização das Nações Unidas (ONU) e as potências mundiais possam impor novos bloqueios ao país. O acordo, segundo ele, também prevê futuros alívios no setor comercial em troca da redução do seu programa de enriquecimento.

A base aliada do governo saudou Zarif como "embaixador da paz", considerando as negociações como uma vitória diplomática para o Irã. Também consideraram a reação de ira do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, como um triunfo para o país. Netanyahu classificou o acordo de um "erro histórico", o que faz do mundo "um lugar muito mais perigoso". Ele acrescentou que Israel não está vinculado a qualquer decisão tomada.

Israel acredita que o Irã está tentando desenvolver uma bomba nuclear. Netanyahu tem expressado ceticismo sobre a posição moderada do presidente iraniano, Hassan Rouhani, a quem chamou de "lobo em pele de cordeiro".

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